Porque há o direito ao grito, então eu grito. — Clarice Lispector.
Sirius achava que não havia muitas coisas que ele não faria pelas pessoas que amava. Apesar de toda sua imprudência, ele tinha um jeito muito expansivo de amar e demonstrar este amor. Provavelmente porque ele havia aprendido a amar com James Potter, que era alguém cujo coração mal parecia caber no peito, de tão grande. Então, ele sempre amava transbordando, e não se importava quando isso o obrigava a tomar decisões que pareciam perigosas e burras.
Quando ele tinha doze anos de idade e descobriu que Remus Lupin era um lobisomen, ele já o amava. Na época, como um amigo. Um amor inocente e pulsante repleto de desafios aos preconceitos de sua família. A primeira coisa que ele pensou não foi sobre como Remus devia ser perigoso em sua forma lupina, mas sim o quanto ele devia sofrer passando por transformações dolorosas e escondendo sua aflição de seus amigos. E Sirius queria diminuir aquela dor desesperadamente.
Tornar-se um animago ilegal não foi fácil. Ele tinha a sorte de ter um cérebro brilhante e amigos tão inteligentes e sedentos pelo conhecimento quanto ele. Mas muito poderia ter dado errado, afinal eles não passavam de crianças. Muitos bruxos experientes conheceram suas ruínas ao tentar obter sua formas animagas. Mas Sirius não se importava. Eram os riscos necessários para fazer as coisas mais fáceis para Moony, e ele faria tudo de novo, se precisasse.
A transformação requer coragem, mas assumir o feito definitivamente exigiu o dobro de bravura de Sirius. E também exigiu cuidado, coisa que ele agradecia aos céus por ter Remus para fazer por ele. Foi dessa forma que eles acabaram em Hogwarts, depois de anos sem pisar no terreno do grande castelo, na sala da professora favorita dos dois.
— Essa é a coisa mais estúpida que você já fez, senhor Black. E eu tenho uma lista muito extensa de estupidez da sua época como meu aluno — disse McGonagall.
A recepção que eles receberam da chefe de casa da Grifinória foi bastante acalorada. A mulher ficou emocionada em vê-los novamente, considerando que todo o mundo mágico não fazia a menor ideia de onde os dois tinham se enfiado e muitos acreditavam que eles não voltariam nunca mais ou haviam sido mortos. Sirius tentou não deixar transparecer o sentimento de culpa que a preocupação causada a tantas pessoas despertava nele.
Eles também falaram sobre os Potter. Os três choraram, quando McGonagall contou sobre a noite da traição e como ninguém realmente entendia como Harry poderia ter sobrevivido e derrotado o bruxo das trevas mais poderoso da história.
— Da última vez que os vi, pouco antes de se esconderem, James estava surpreendentemente otimista. Disse que não via a hora de toda essa guerra acabar e poder encontrar vocês dois novamente — ela comentou. Sirius sentiu que seu coração ficou ainda mais despedaçado com essa informação.
A conversa foi longa e emocional, até chegar no ponto da admissão, onde Sirius contou à professora sobre o processo de virar animagos ilegais e a inexistência de um registro formal. Ela obviamente não ficou satisfeita.
— Nós éramos jovens, professora — disse Remus, com seu tom apaziguador. — Achávamos que o mundo estava à nossa disposição. Eles queriam me ajudar e eu precisava ser ajudado. Não é possível corrigir o passado, e se fosse, eles provavelmente fariam o mesmo.
— Com certeza — disse Sirius.
— Vocês sempre foram impossíveis — disse Minerva, mas seu tom era mais ameno, sem tanta reprimenda. — Brilhantes, mas impossíveis.
— Bom, nós viemos aqui porque precisamos de seu conselho, professora. Você é uma das únicas pessoas que realmente confiamos com esta informação.
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On the run | Wolfstar
ФанфикUm universo alternativo no qual Remus e Sirius fugiram juntos no início da primeira guerra bruxa. Sirius nunca foi o guardião do segredo dos Potter, nem foi mandado à Azkaban; Remus não passou doze anos sozinho; eles nunca desconfiaram um do outro;...