Às vezes você acorda. Às vezes, a queda mata. E às vezes, quando você cai, você voa. — Neil Gaiman.
Foi em uma manhã bastante agradável em Ornans, na metade de julho de 1991, que a coruja marrom carregando uma carta bastante específica e aguardada finalmente se aproximou da linda e confortável casa nas montanhas.
Sirius estava na cozinha quando a correspondência chegou e ele pegou as cartas e jornal que a ave trouxe de maneira bastante despretensiosa, enquanto tomava uma xícara de chá e esperava que o restante da família se reunisse. Ele separou as cartas, observando os remetentes até dar de cara com o brasão bastante familiar de Hogwarts e um sorriso automático iluminar seu rosto. Do outro lado do grosso envelope verde, em letras verdes, lia-se:
Sr. H. Potter
La Grange du Château
Ornans
França— Bom dia, amor! — disse Remus, entrando na cozinha. Ele já estava vestido para ir trabalhar.
Há alguns anos atrás, Remus tinha decidido começar a trabalhar em uma biblioteca que ficava na região vizinha. Eles não precisavam trabalhar, mas Remus nunca gostou da sensação de pária que o mundo bruxo lhe proporcionava devido a sua condição. No mundo trouxa, ele não precisava lidar com isso. Fazia-o se sentir útil. Então, o emprego de segunda a sábado na biblioteca era como bálsamo para sua alma, ainda que ele às vezes comentasse, como uma espécie de piada esperançosa, que algum dia ainda pudesse alcançar algum cargo na área do ensino.
Sirius, por outro lado, dedicava seu tempo às diversas poções que preparava. Ele não se lembrava exatamente quando o hábito tinha começado. Supunha que sempre tinha sido bom nessa área da magia. Começou com wolfsbane todos os meses e logo ele estava fabricando tipos diferentes de poções e arriscando-se a criar algumas delas, que na maior parte das vezes pareciam funcionar muito bem. Quando se deu conta, o hobby se tornou profissão, e ele já era relativamente conhecido pela sua maestria. Por vezes, ele desenvolvia longos projetos com Mary para o St. Mungos. Ele foi escolhido por sua carreira e estava muito grato por isso.
— Bom dia, Moony! — ele respondeu. — Olhe só o que finalmente chegou! Harry vai pirar.
Ele estendeu a carta para Remus, sentindo-se inquieto de tão feliz, como se aquela fosse a sua própria carta e ele tivesse voltado a ter onze anos de idade, explodindo de animação para ir para a melhor escola de bruxaria da história. No instante seguinte, Remus parecia ter a mesma felicidade.
— Já era hora! Onde ele está?
— Lá fora, acordou às cinco da manhã para voar.
Moony gargalhou de maneira muito carinhosa, nada surpreso com a ocorrência. Desde o momento que eles deram uma vassoura a Harry, o garoto tinha decidido que era o seu objeto favorito no mundo.
— Ele reclama para levantar cedo nos dias da semana para ir à escola, mas quando é quadribol aos sábados…
— Ah, deixa o garoto em paz, seu lobo rabugento — respondeu Sirius, com tom bem-humorado.
Remus o agarrou por trás e passou os braços ao redor de sua cintura, beijando sua bochecha depois de depositar a carta de Harry cuidadosamente sobre a mesa. Quando Sirius baixou a guarda, ele começou a fazer cócegas em seu marido, que ria enquanto tentava se contorcer para fora de seu aperto.
— Quem é rabugento agora, hein? — ele perguntou, rindo.
Quando ele finalmente parou com a pequena tortura carinhosa, passos animados foram ouvidos pela casa e um Harry Potter muito suado e feliz apareceu na porta da cozinha.
Ele era muito diferente do garotinho que Remus e Sirius tinham buscado na Rua dos Alfeneiros, tantos anos antes. Agora, com quase onze anos de idade, Harry já estava muito mais alto, a pele escura brilhando e sardas de tanto brincar no sol espalhadas pelo rosto. Ele tinha os mesmos olhos verdes brilhantes e cabelo preto bagunçado, no entanto.
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On the run | Wolfstar
FanfictionUm universo alternativo no qual Remus e Sirius fugiram juntos no início da primeira guerra bruxa. Sirius nunca foi o guardião do segredo dos Potter, nem foi mandado à Azkaban; Remus não passou doze anos sozinho; eles nunca desconfiaram um do outro;...