S01E01

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❤️💚 Episódio 01, parte 1/4 💚❤️

A mesma rua, as mesmas casas, as mesmas famílias, os mesmos amantes secretos nada secretos. Nada mudou nesses poucos anos que se passaram desde o breve retorno de Pran para a Tailândia. As famílias ainda se detestavam; os amigos ainda acreditavam que os namorados tinham terminado a relação; e os estudantes de engenharia e arquitetura ainda se comunicavam trocando palavras românticas à distância e em um segredo em vão.

O dia era de sol. O agora engenheiro formado passa todo o horário comercial trabalhando no negócio de sua família. No início, era apenas uma pequena loja, mas Pat havia elevado as vendas, aumentando o lucro, abrindo oportunidades para expandir os horizontes e abrir uma filial no outro lado de Bangcoc. Por isso, era muito respeitado por seus funcionários, e por seu ótimo senso de humor e lábia, era admirado e querido. Como chefe, era um amigo; e como vendedor, era um melhor amigo. O pai do Jindapat não tinha do que reclamar de seu filho. Ao menos, profissionalmente falando, pois sabia que estava numa relação secreta com o filho da vizinha, a mesma pessoa com quem costumava ser próximo na infância, mas que se afastou após trapaceá-la.
Não aprovava aquela amizade e muito menos aquele namoro, mas seu filho já era um homem feito e não o oferecia motivos para desgosto — além do já citado, mas que era algo totalmente de sua vida pessoal. O Ming sabia que tinha que respeitar, mas não gostava mesmo de tudo aquilo.
Por outro lado, Yui, a mãe de Pat, vem tentando reaproximar aqueles que uma vez já foram mais que melhores amigos. Mas era uma tarefa difícil. O Ming se tornara apático com o filho, de tal modo que o homem evitava a menção do nome de Pat, mesmo deixando transparente em seu olhar distante e desapontado que o seu unigênito era quem ocupava sua mente e coração a maior parte do dia. E, de tanta frieza no tratamento, Pat foi deixando de insistir na reafirmação de sua relação paterna, até que desistiu e passou a falar somente o necessário com seu progenitor.

Naquele dia ensolarado, o segundo mais novo da família Jindapat estava mais ansioso que o normal, pois um certo tailandês dono de duas covinhas consideradas as coisas mais lindas do mundo estaria voando para seu país naquele exato momento. Pran Parakul Siridechawat retornava para a Tailândia após mais uma viagem de negócios, investimentos e aperfeiçoamento de técnicas e conhecimentos. No portão de desembarque, pôde avistar seus pais o aguardando saudosos e animados e não pensou duas vezes antes de ir ao encontro dos dois e trocarem um abraço bem apertado e demorado.

— Pran! Que saudade, meu filho! — Dissaya, sua mãe, diz com lágrimas nos olhos um sorriso no rosto enquanto acaricia a bochecha do arquiteto.
— Mas eu vou e volto sempre, mãe! — Falou a verdade ainda dentro do abraço.
— Mas só vemos você de meses em meses! Se você vem duas vezes ao ano é muito, Pran! — A mãe beijava a cabeça de seu unigênito.
— Ooh! Nosso filho é como vinho! Só melhora com o tempo! — A, seu pai, o elogiou, o deixando sem jeito.
— Pai! — Riram.

Pran pegou sua bagagem e a colocou no porta-malas de seu Ford Mustang Mach 1 azul escuro metálico com detalhes em branco que havia ficado na garagem de seus pais enquanto viajava, mas que sua mãe dirigiu para o aeroporto apenas para que o filho tivesse o prazer de dirigir seu próprio carro. Ao parar na frente de seu lar, perceberam os olhares feios de Ming da janela da casa ao lado, tendo Dissaya retribuindo na mesma intensidade, acarretando no Ming fechando a cortina e na ex-amiga subindo o vidro do carro.

Após Pran colocar sua bagagem no quarto, o almoço foi preparado regado a inúmeras conversas e com muitos risos entre família.

— Acho que estou pronto para começar a minha própria firma! — Pran comentou alegremente com os pais durante o almoço.
— Oh, isso é um passo muito importante! — A diz contente. — No que precisar de nós, pode nos falar!
— Obrigado, pai!
— E qual seria o tipo do seu negócio, filho? — Dissaya perguntou com brilho nos mesmos olhos que atravessavam a casa ao lado com ódio e mágoa.
— Bom, todos os projetos os quais participei foram bem sucedidos, modesta parte! — Fez sua típica expressão de convencido, sorrindo e recebendo afagos no cabelo por seu pai. — Todos os meus supervisores sempre elogiaram bastante o meu trabalho e a forma que procedo com as coisas; fiz alguns contatos em algumas partes do mundo e acho que conseguiria montar uma empresa de design de de prédios e residências o mais eco sustentáveis possível.
— Quanto orgulho eu tenho de você, meu filho! — Dissaya acariciou sua bochecha. — Mas por que esse ramo da arquitetura?
— Sempre me interessei por isso desde que tive que desenhar um ponto de ônibus novo pra faculdade com o pessoal de engenharia. E ainda teve a viagem do curso de arquitetura lá com o Tio Tong, onde voltei depois com o... — Pausou ao perceber que tocaria no nome do vizinho e que uma nuvem de desconforto começava a pairar sobre seus pais, principalmente sobre sua mãe. — Com o Pat, na época que tudo aquilo aconteceu.
— Digo e repito, meu filho: no que você precisar, pode contar com seu pai e sua mãe para te apoiar. Sempre. — A segurou a mão de seu filho por cima da mesa por uns instantes e Dissaya limpava o canto dos olhos de forma imperceptível. — E esse coração? Alguém entrou aí?
— Ah, pai! — Riu desconsertado, logo mudando de assunto. — Vamos comer logo, antes que esfrie! Sim?

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