Ao se lesionar num dos momentos mais importantes de sua carreira, Maya Bishop retorna à sua cidade natal para fazer sua recuperação, mas dois rostos familiares iriam complicar sua vida a partir dessa decisão. Memórias e inseguranças voltariam à tona...
Quando acordei no dia seguinte, apenas respondi algumas mensagens do meu irmão perguntando que horas meu vôo aterrissaria e me levantei, tentando não fazer barulho ao trocar de roupa depois de tomar outro banho curto. O Jack dormia do lado oposto ao que eu tinha me deitado na cama, ainda eram sete da manhã e ele costumava acordar tarde nos dias que não tínhamos treino.
Apenas com o meu celular e a chave do quarto, desci até o restaurante para tomar café da manhã e aproveitei para andar um pouco nas dependências do hotel, mesmo que eu não pretendesse sequer passar a tarde ali. Era um espaço bonito, tinha uma boa área de lazer e vi também um gramado que tinha por perto.
Me sentei num pedaço não-úmido de lá e fiquei olhando para a piscina, onde tinha algumas crianças de uns dez anos fazendo bagunça.
Fiquei assim por um bom tempo. Esqueci um pouco sobre os problemas do dia a dia e resolvi pensar em tudo que o retorno pra Seattle me proporcionou: 1) eu consegui me reconectar com os meus amigos, 2) Andrew e Carina voltaram pra Seattle e passavam várias noites na casa da Andy com o resto de nós, 3) eu finalmente estava conseguindo não ter uma crise de ansiedade a cada dia e , 4) eu até tinha reduzido a quantidade de sessões de terapia que eu tinha semanalmente.
Depois de algum tempo, comecei a me sentir estranha. Los Angeles sempre me irritou, eu não sei o porquê. Desde adolescente, eu odiava quando meu treinador do ensino médio me dizia que o torneio seria na Califórnia. Não tinha um motivo específico, eu apenas não gostava dali.
Quando olhei as horas no celular, já passavam das nove e decidi voltar para o quarto. Cheguei lá e o homem ainda deitado, porém acordado e mexendo no celular. Apenas me olhou de canto quando me viu abrir a porta.
- Onde você tava? Fiquei preocupado.
- Fui tomar café e andar um pouco.
- Para de forçar o tornozelo, Maya. - eu resmunguei em resposta. - É sério.
- Vai ser meu babá agora?
- Acordou de mau humor?
- Essa cidade me estressa. - ficou me encarando, com as sobrancelhas arqueadas. - O que foi?
- A cidade?
- Sim. E você também me irrita. É tipo um combo.
Joguei um travesseiro nele, rindo. Ele jogou em mim de volta. Entreguei a chave ao homem para ele ir tomar café e comecei a arrumar minhas coisas enquanto ele estava fora. Meu vôo seria às duas da tarde, mas eu queria ir pro aeroporto o mais cedo possível e quem sabe assim, conseguir esquecer um pouco todo o estresse de Los Angeles.
Depois de deixar tudo pronto, arrumei a cama - que estava uma bagunça - e fiquei mexendo no Twitter, fazia tempo que eu não gastava meu tempo naquele site. Preferi ficar na timeline da minha conta privada, eu não estava no humor de ver aquelas matérias idiotas.
Encontrei alguns tweets dos meus amigos que me chamaram a atenção, eu certamente teria fofoca pra ouvir quando chegasse em casa, mesmo que eu já soubesse sobre quem eles falavam.
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