41 - Home Again

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POV Carina
Janeiro de 2016.

- Eu só não quero acabar com a carreira dele. Sei o quanto lutou por isso. - Maya terminava de contar o que tinha feito sobre o ocorrido com o Jack e toda a questão do boletim de ocorrência enquanto guardava a roupa limpa nos armários. Ela nunca foi de fazer só uma coisa ao mesmo tempo.

- Já faz uma semana, Maya. E você sabe que não era uma denúncia numa madrugada que iria acabar com a vida do cara. - Andrea retrucou, mas entendia a situação.

- Sei lá, agora tá feito. A queixa já foi retirada e a minha consciência tá leve com isso.

- O que importa é que você tá bem. - Me intrometi na conversa deles, que era feita pelo FaceTime. Maya riu, pois sequer sabia que eu estava ali.

- Então você escutou! - Ainda gargalhava. - Que bom, me poupou de ter que contar tudo outra vez.

- Escutei e se não fosse meia noite por aqui, eu super toparia ir pra Espanha agora mesmo pra te ajudar a esconder um corpo.

- Quanto drama, mas obrigada, Carina!

Me despedi da Maya - antes mesmo de ter cumprimentado - e fui para o meu quarto, eu estava cansada. Mesmo fora de plantão, passei o dia no hospital para ajudar a Montgomery a montar o planejamento do novo programa de residência na obstetrícia e ginecologia, aqueles internos gastavam até o nosso último fio de cabelo. Aliás, eu só tinha mais dois plantões até o fim do meu contrato.

Ainda conseguia ouvir a voz do meu irmão misturada com a da loira na sala enquanto eu trocava de roupa, o que - como sempre - fez meu coração esquentar. Desde que nos conhecemos e eu comecei a ter um relacionamento com a Maya, eu adorava a relação que eles tinham, eram como irmãos também. Ver que mesmo depois de tanto tempo, e sem termos mantido o relacionamento, eles ainda se davam muito bem.

Depois que as vozes vindas da sala se cessaram, meu pensamento voltou ao fato de Addison ainda tentar me convencer a não voltar pra Itália, assim como eu insistia para ela algum dia visitar minha clínica na Sicília.

"Você é uma das boas, DeLuca. Precisamos de mais cirurgiões tão dedicados quanto você. Me perdoe as palavras e sei que ama o que faz, mas acredito ser um desperdício você focar na área clínica."

As palavras da obstetra ainda estavam na minha cabeça. Não era a primeira vez que eu ouvia aquilo e muito provavelmente não seria a última, mas eu não sabia o que fazer. Eu sentia saudade da minha vida na Itália, dos meus colegas de lá, de tudo em um modo geral, porém meu coração apertava mais do que nunca em me despedir dos meus amigos, que eu considerava mais a minha família do que os meus parentes de sangue.

Fui vencida pelo cansaço e consegui dormir um pouco, mas acordei cedo por ter esquecido as cortinas abertas. Levantei para fecha-las, porém ao retornar para a cama, já não tinha mais sono.

Eram sete da manhã de um domingo e eu estava completamente entediada. Andrea dormia, assim como o resto de nossos amigos. Eles estavam em um turno na madrugada anterior e terminariam às cinco, então nada de poder encher o saco de algum deles para matar o tédio. E, para a minha infelicidade de estrangeira exploradora, o Ryan tinha dito que iria passar a tarde fora da cidade, ou seja, também perdi minha companhia para aventuras culinárias de culturas que nenhum de nós conhecia. Minha última opção era a Maya - mas confesso não ter ficado triste com isso.



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Depois de todo esse tempo - MARINAOnde histórias criam vida. Descubra agora