39 - Chaotic

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POV Carina
Janeiro de 2016.

Acordei durante a noite com o meu celular tocando. Era do hospital, uma paciente teve complicações no parto e eu precisava ajudar. Em poucos minutos estava sendo atualizada pela Dra. Wilson, que estava de plantão naquela noite, mas não estava conseguindo controlar a situação.

Enquanto ela me auxiliava com os procedimentos necessários, meu celular tocou outra vez. Eu não podia atender, ainda mais depois de ter lido no visor que era o meu irmão. Ele poderia esperar.

Tivemos que levar a paciente para a sala de cirurgia, mas no final ficou tudo certo e tanto ela quanto o bebê ficaram bem. Eu sequer tinha chegado na sala da obstetrícia pra preencher os prontuários quando o Dr. Parker, um residente da turma do Andrea, parecia um pouco desesperado em me achar.

- Calma, Parker. O que houve? - ele realmente parecia eufórico.

- É o Andrew. Ele precisa de você.

Enquanto íamos até a sala de descanso onde ele estava, Parker me explicou que ele tinha se apegado a um caso grande nas últimas semanas e infelizmente o homem não resistiu. Era a primeira vez que o Andrea perdia um paciente, era normal ficar um pouco triste, mas alguma coisa a mais tinha acontecido.

- Ciao, 'Drea. - Parker fechou a porta depois de eu entrar, deixando apenas eu e meu irmão ali. Me sentei na beira da cama, tirando a franja da testa dele. - O que aconteceu, fratello?

Ele não respondeu, apenas ficava encarando um ponto fixo na parede. Seu rosto estava vermelho e os olhos inchados, acredito que estava chorando. Apenas fiquei ali com ele por algum tempo, em silêncio.

Depois de mais alguns minutos, enquanto eu ainda fazia cafuné em seu cabelo, acabou dormindo. Eu sabia que quando acordasse, provavelmente não iria querer falar sobre isso, mas achei melhor previnir. Bipei o Parker e pedi que ele trouxesse o notebook e os prontuários que estavam na minha mesa até a sala de descanso.

Enquanto o Andrea dormia, eu estava na cama ao lado preenchendo os relatórios e adiantando a papelada do dia seguinte. Quando olhei no relógio, já eram quase quatro da manhã. Meu plantão só começaria às sete, mas eu não conseguiria voltar a dormir. Aproveitei que meu irmão parecia um bebê dormindo e fui atrás da Chefe Bailey, explicar a situação e o motivo do Andrea ter sumido. Ela foi incrivelmente compreensiva, disse que ele podia ir pra casa e se eu achasse necessário, eu poderia ficar com ele, já que tinha quem me cobrir.

Voltei pra sala de descanso e continuei ali até que meu irmão acordasse, o que levou cerca de uma hora.

- O que você tá fazendo aí? - falou se sentando na beira da cama.

- Cuidando de você.

- Vai dormir, Carina. Eu tô bem.

- Sei que não tá - abaixei a tela do computador e empilhei as pastas em cima dele. - Quer conversar sobre o que aconteceu?

- Não agora. Eu preciso terminar meu plantão.

- A Bailey te liberou. Você vai pra casa.

- Não. Ainda são... - olhou no relógio de pulso - cinco e meia, eu ainda tenho mais de uma hora antes de ser dispensado.

- Você vai pra casa, Andrea. Eu tô falando sério. E já que você não quer conversar e aparente também não quer a minha companhia, eu vou aproveitar que o Travis e a Vic estão terminando um turno daqui a meia hora e pedir pra eles te darem uma carona.

- Não, Carina, não precisa. Eu consigo ir pra casa.

- Sei que consegue, mas também sei sua capacidade de fazer besteira.

- Eu tô bem, okay? Consigo terminar meu plantão e ir pra casa depois - falou enquanto se levantava.

- Vai sonhando. Ou é comigo, ou é com o Travis e a Vic. Você escolhe.

Ele ficou me encarando por alguns segundos e resmungou, aceitando a proposta da carona com nossos amigos. Liguei para eles e expliquei a situação.

Em meia hora, os dois estavam lá e Andrea já estava com a roupa normal. Travis disse que o levaria até em casa, mas me manteria informada caso acontecesse algo. Agradeci e me despedi deles, voltando a focar no trabalho - mesmo que antes da hora.

Não demorou mais que dez minutos até receber uma mensagem do bombeiro avisando que meu irmão iria ficar em sua casa naquele dia pois entendia o que estava passando pela sua cabeça e queria tentar ajudar um pouco. Logo o agradeci e consegui ficar mais tranquila pelo resto do meu plantão.

Felizmente, a maioria dos cirurgiões com quem eu tinha algum tipo de amizade estavam de plantão naquele dia. O quadro de cirurgias estava qusse vazio, apenas algumas simples e pequenas emergências, então o plantão foi leve - tirando o fato de que eu só tinha mais sete plantões marcados até o fim do meu contrato estar me perturbando.

Meu vôo de volta para a itália estava marcado para a última sexta-feira de janeiro, mas eu iria deixar a vaga no Grey-Sloan na terça. Eu queria pelo menos aproveitar os últimos dias.

Desde que conversei com a Robbins na casa dela, não nos falamos mais e não tivemos mais nenhuma cirurgia. Eu a evitava e ela fazia o mesmo, porém nada fora do que eu esperei. Em contrapartida, Callie, Teddy e Amelia ficaram realmente próximas de mim desde então, acredito que sem nem percebermos.

Desde que cheguei no hospital, elas foram bem amigáveis comigo e tentavam fazer com que eu me sentisse bem ali, o que realmente me ajudou muito no começo. Cada uma de nós era de uma especialidade diferente, mas sempre acabavamos tendo algum caso em comum ou que pedíamos avaliações de outros setores. As três aparentemente também eram muito amigas da Montgomery, pois se sentiam muito confortáveis qundo a ruiva estava ao redor.

Eu e a outra OB-GYN também nos tornamos boas amigas pelos poucos turnos que fizemos juntas, tanto que a mesma disse que seu quisesse, poderia ficar no Grey-Sloan mesmo após seu retorno. Confesso ter pensado sobre isso, mas eu sentia um pouco de saudades da Itália e da minha vida lá.

No final do dia, Callie sugeriu que depois do meu último plantão nós fossemos até o Bar do Joe como uma "despedida", o que eu prontamente aceitei.

Quando cheguei em casa, Andrea não estava lá - assim como esperei. Avisei o Travis que meu plantão já tinha acabado, mas pelo o que eu entendi da situação, meu irmão acabaria ficando lá pois tinha conseguido se acalmar um pouco e dormia desde então. Pedi apenas que me avisassem caso algo acontecesse e tentei me distrair também.

Não eram nem dez da noite quando comecei a sentir muito sono, mas não queria dormir. Me forcei a ficar acordada até pelo menos meia noite, mas meu celular começou a encher de notificação por volta das onze e meia. Aquela seria uma longa noite.

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Depois de todo esse tempo - MARINAOnde histórias criam vida. Descubra agora