50 - Atlantis

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POV Carina
Fevereiro de 2016.

Após deixar a Maya no aeroporto, fui direto para a clínica tentando não pensar na loira. Seria um longo dia de volta ao trabalho, tendo que me atualizar de tudo que aconteceu nos últimos meses que passei fora, mesmo que ainda acompanhasse os prontuários enquanto estava em Seattle.

Assim que cheguei, vi que já havia alguns pacientes na sala de espera, mas nenhum que fosse da minha responsabilidade. Fui direto para a minha sala já que a Gabriella estava em um atendimento no horário que cheguei.

Aproveitei o tempo que tinha antes da primeira paciente chegar - que seria apenas às duas da tarde - para reorganizar a minha mesa e os prontuários, ver exames novos e colocar a minha cabeça no lugar. Eu já estava na metade da pilha de pastas quando bateram na minha sala. Deixei que entrasse e assim que a porta se abriu, a outra médica entrou vindo direto na minha direção.

- Gabri, que saudade! - falei me levantando para abraçá-la.

- Ainda bem que você voltou. Esse lugar ficava entediante sem a Doutora DeLuca por aqui. Ninguém tem o seu bom humor.

- Meu bom humor matutino foi consumido pelos americanos. Agora eu fico insuportável antes das nove.

Ela se sentou em uma das cadeiras que ficava em frente a minha mesa para colocarmos a conversa em dia, já que tinha o horário livre. Contou-me sobre tudo que aconteceu nos últimos seis meses, as fofocas que soube com os nossos colegas da faculdade, os meus pacientes que já foram liberados e as cirurgias que fizeram.

Gabriella era a extrovertida da nossa amizade. Não parava de falar um segundo, não tinha filtro nenhum e as vezes mal pensava antes de dizer algo pra alguém - é o tipo de amizade que todo mundo precisa ter pelo menos uma vez na vida.

- O que tanto olha nesse celular? - Gabri me perguntou tentando ver a tela, mas estava bloqueada e eu apenas lia as notificações. Eu tinha acabado de terminar a primeira consulta depois do meu retorno.

- Esperando uma mensagem, nada demais. Hm, sobre o caso da Sra. Romani, acha que eu deveria só encaminhar para um oncologista ou continuar acompanhando mesmo assim? - voltei a folhear o prontuário em minhas mãos, pensando no que fazer com aquela paciente.

- Mensagem de quem? Aconteceu alguma coisa?

- Foco, Gabriella. Acompanho ou não?

- Acompanha. De quem é a mensagem? - tirou a pasta das minhas mãos, colocando com as que eu já tinha revisado.

- Da Maya, ela ficou de me avisar quando chegasse na Espanha, mas até agora nada.

- Ela já não estava em Madrid?

- Deixei ela no aeroporto antes de vir. Ela veio pra cá passar o fim de semana ao invés de ir direto.

- Uau, então eu realmente perdi capítulos dessa história. Temos vinte minutos até sua próxima paciente chegar. - cruzou os braços, esperando eu começar a contar tudo.

- Não vou fazer isso aqui e nem agora.

- Vai sim, porque você me ama e ama fofocar comigo. Vai, Carina, conta logo.

- Ok, então pra te explicar tudo, a gente precisa voltar pra dezembro.

Comecei a contar para ela sobre o que aconteceu desde a noite que tivemos juntas pouco antes do ano novo, a briga que teve com o Jack e o que aconteceu desde então. Eu queria falar sobre o fim de semana, mas eu prometi para a Maya que aquilo ficaria apenas entre nós duas. Por sorte, assim que cheguei na parte sobre os últimos dias, ela precisou sair da clínica numa emergência com uma das pacientes que entrou em trabalho de parto.

Depois de todo esse tempo - MARINAOnde histórias criam vida. Descubra agora