Coisas da história

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Para minha querida Dama da noite,
A época dos anos loucos me vem a mente faz muito tempo, um detalhe curioso, a memória, minha querida, é voraz, ela mata a alegria e consome minha energia aos poucos, quase como se fosse para me obrigar a gritar por ajuda, fazendo lembrar que ninguém vem, nem você.
Os anos loucos trouxeram coisas muito curiosas aos olhos dos ricos e inundaram a população, quando as mulheres começaram a usar vestidos mais curtos e apertados, os espartilhos pareciam finalmente patéticas, antiquadas. Os homens do topo da cadeia alimentar podiam até dizer que as mulheres estavam mais fáceis e os mais velhos  achavam tudo  o extremo do vulgar, porém, pensando bem a modernidade sempre vem com um pouco da dita devassidão, mas isso não é algo ruim.
Outra coisa muito interessante daquele tempo, era que de repente o mundo tinha se virado para o egito antigo, nossas roupas, as peças com cleópatra, as múmias abertas, coisas e mais coisas, embora tudo isso tenha sido extremamente popular, eles nunca conseguiram respeitar você, amaram uma cultura que veio do continente de seus  ancestrais, para fazer isso apagaram todo traço de seu povo, mesmo assim, você acompanhou com entusiasmo as descobertas geológicas, as mulheres com seus colares de olhos, e eu me pergunto o por que de estarmos aplaudindo esses ladrões de tumba.
Tinha uma parte sua muito calma sobre isso tudo, nunca entendi. Um dia quando perguntei a resposta que recebi:
" Minha Miosótis, agora casais como nos tiram fotos sem medo, as pessoas escutam jazz, e o mundo parou para ver uma antiga civilização africana, isso não é quase nada, mas um monte de nada se acumula aos poucos, então num futuro próximo ou distante, tudo isso será alguma coisa, aos jovens nós seremos alguma coisa".
Mas o futuro não matou você, o passado matou, nós, os jovens modernos, o futuro, que no final ficaram velhos e obsoletos também. Me pergunto se deveria levar sua esperança junto com meus futuros dias, entretanto parece inútil agora, eu tive que fazer coisas demais para fugir de campos de concentração. Não daqueles que  todos falam, e sim daquelas clínicas nojentas, dos hospícios ou melhor dizendo das valas abertas, daqueles homens com suas mãos ameaçadoras, e de todos os outros lugares que podem não me matar, todavia, eu podem muito bem me tratar como um objeto reprodutor desse povo que tem o sonho de serem deuses, afinal se comportam dessa maneira.
  Como nosso amor floresceu no meio dessa bagunça?
Não sei a resposta, contudo, nosso amor apareceu da forma mais sublime possível, fez dessa minha terrível vida  infinitamente mais gratificante. Passei  muito tempo da minha vida pensando no que eu fiz de errado para merecer esse tratamento, muito parecido com uma erva daninha, que as pessoas arrancam e pisam, enquanto falam as piores injúrias, não passando de animais.
Você me fez lembrar, depois de tantos maus anos, que eu sou um ser humano, e essas emoções acumuladas me fizeram desabar em tempos mais diabólicos. O carinho, o calor, e a felicidade, podem ser reais. Então no final de tudo, aqueles loucos anos foram os anos que dancei de uma forma da qual nunca mais dancei.
Ps: Por favor, não me diga que tudo acabou.
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Mais um capítulo e muitas emoções conflitantes, enfim, a título de curiosidade, os anos loucos era a época de 1920, onde muitos avanços tecnológicos aconteceram, e o mundo acabou ficando mais aberto, mulher usavam vestidos mais curtos e apertados, deixando de lado os espartilhos, além daquelas que fumavam, dirigiam carros e falavam sobre sexo, isso era muito novo, sem contar q casais homossexuais começaram a tirar fotos juntos.
Esse lado histórico é muito importante porque Madelaine e Jasmim acompanharam esses avanços, e elas entraram na onda também, afinal era a época da juventude delas, por hora é isso.
Até a próxima ;)

Dama da noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora