Dama da noite

O que foi tudo isso?

Minha querida Dama da noite,
O que seria a vida senão mera tentativa infame de luz, aqui eu quero dizer umas coisas, das quais nunca me dei o trabalho de compreender, de primeira vem o amor, eu amo o amor, jamais questionaria isso, porém, quem não ama o amor?
Nossas insistências no amor são reais ou uma simples ilusão do possível viés da verdade, me lembro de tanta coisa sua, que até virei um fantasma, me pergunto do que mais vale essas lembranças desse meu corpo que se tornou pura alma ardente. Ter emoções é complexo, porque eu poderia culpar você de um milhão de coisas diferentes, dos riscos que me botei, dos lugares dos quais estávamos onde a qualquer momentos ou morreríamos agredidas ou de alguma doença, nos beijarmos no esgoto foi bom?
Eu poderia culpar-te de tudo isso, mas basta culpar o amor ou o sentimento, ou seja basta culpar-me, no final, nunca esperávamos ter um final feliz, porque não esperávamos ter um final. De todas as coisas possíveis, seu  rosto me pega em momentos, nessa minha constante ardência que me faz bater paredes e quebrar vasos como você fez, nada é constante, eu só não me preparei para esse fato.
Duas meninas imaturas e despreparadas para esse mundo vivendo de uma união absurda, insistimos, pois a vida seria mais miserável sem isso, a questão é que estou bem miserável. Um segredo sobre a vida é que ela é barata, pode facilmente escorrer de suas mãos para em seguida poluir todo o ar do mundo, um compilado de coisas das quais sempre penso.
Então talvez, o natural não seja normal, nessa infinidade de coisas, nada me parece  real, parece podre e miserável, como comida mofada, o mofo corrói minhas entranhas, puxa para fora o âmago de meu penado ser, que de nada tem, tudo que me resta é dinheiro, mofo e memórias, e todos sabem que essas coisas são superestimadas. O mofo começou a cravar em minha carne e ficar neste lugar, não resta muita coisa.
Engraçado, isso devia ser fascinante, devia ser uma experiência de livros, penso na verdade que sou um quadro, esse quadro está em uma fogueira de coisas queimadas e a fogueira vai queimar até que a moldura evapore e vai queimar mais depois disso, sempre queimando.
Me volta a memoria campos dos quais passamos e nunca mais iremos, aquelas lindas flores podem um dia morrer, porque isso que o dinheiro vai fazer, todo lugar será bom para fazer dinheiro, e a memória será irrelevante, nunca nos recuperamos dela, e se esquecermos podemos sempre lembrar, a memória é uma dor e ao mesmo tempo ela se vai rápido demais para dizer que  sempre dura.
O amor, o amor é o mais doloroso, do amor sempre vem a saudade, do amor sempre vem o irracional, o amor  é uma faca do qual o individuo próprio se esfaqueia, sobrando tripas, o mesmo havia passado a facada para mais baixo, abrindo-se, nesse mundo, de ilusões um corpo morto é apenas um empecilho de pessoas dominantes.
Ps; E no final continuo amando você.
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Olá leitores,
O capítulo de hoje como sempre foram muitas emoções, esse em especial eu quis adicionar uma dramaticidade e um tanto de monólogo, músicas eu não sei qual, mas eu estava escutando músicas só de piano quando fiz esse capítulo, no mais por hoje é isso.
Até a próxima ;)