Minha querida Dama da noite,
Nada tem um real sentido, essa é a questão, porque nos esforçamos tanto para manter uma ilusão de que nos nossos tempos sombrios nós seríamos felizes eu não sei, tudo em mim gira, minha cabeça bate em palpitações das quais não sei descrever. Guerras não tem sentido, elas surgem de poderosos que precisam garantir seu poder, logo, pessoas desconhecidas matam e fazem carnificinas, sem entender que são escravos daqueles no poder, poderia existir algo digno?
Esta nossa guerra, meu amor, teve algum sentido?
Talvez tivesse, na época que fomos jovens e felizes, teve todo o significado do mundo, agora não vale nada, pois só eu me lembro dela, mas fui uma pessoa muito feliz, me orgulho disso. Porém o mundo não acabou em minha juventude, eu continuei a viver, com os anos entendi que a guerra da qual lutamos... perdemos, para outras pessoas, outras histórias, em um universo de futuros seria simples ganhar, seria o considerado certo, não foi o nosso caso.
Podre, tudo mofa e vai se definhando, então o que é real nesse mundo, se entramos em constante caos em busca de uma paz e na paz buscamos caos, todas as coisas pequenas e todas as coisas chulas, as coisas das quais valem a pena, serão mortas, uma hora ou outra tudo acaba, do que vale essa mera ilusão de felicidade com a constante mistura da morte, se não, a dor infinita de dias vazios se apoderando da mais pura desgraça. Acredito que meu corpo também é podre nesse lugar de cadáveres, seria a velhice finalmente apoderando de minha miserável alma sem destino, sem família, sem felicidade.
Esse é o fim?
Onde está a juventude?
Onde está a memória?
Quero te dizer que existem dias melhores, quero lhe dizer que tudo vai melhorar.
Mas nem você está aqui, o que eu deveria fazer?
Esse meu peso morto me pega, me mata, me destoa, o que seria esse canto da andorinha voltando a terra amada, seria só a dor de um passarinho esmagado por uma pedra. Por isso os jovens lidam com o mundo como se fosse cachorrinhos machucados dos quais foram oferecidos carinhos depois de muito tempo, nem o carinho é real, você foi real?
Eu era feliz quando você estava viva, mas adivinhe?
Você não está, nada está, junto com você parece que carregou todo o meu bom senso, não posso ter paz.
Não posso ter paz
Não posso ter paz
Não posso ter paz
Não posso ter paz
Tudo me consome nos detalhes das desgraças de se existir.
Nada existe nada existe sem você, nada existe de feliz sem você
E talvez a vida seja isso, não existe uma real felicidade a não ser o que eu me convenci de ser primeiramente uma pequena questão de luta, agora minhas costas tem cicatrizes. tudo nesse momento me reverbera e a existência é tão chula comparada a todo o resto de infinitas possibilidades, você ia gostar se quando eu morrer, nos encontrassemos?
Existe algo brutal nisso tudo, eu respiro, vivo e tremo, imploro e divago, me deliciando da carne dura da loucura, vendo cores dominarem minha visão, cantando músicas de ninar, deitando em noites de mais claro vivaz, é tudo absoluto, me incorporar ao meio dessa existência fajuta, estou cansada de falar da existência .
Ps; Você aguentaria mais uma vez me ouvir falar de amor?
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Oi leitores, esse capítulo foi de muitas confusões, eu até iria recomendar músicas, mas esse capítulo não combina com música, combina com momentos em que o cérebro quer pegar a caixa de som e jogar na parede, bem acho que deu para perceber um novo estágio da obra, estão vindo muitas coisas por aí, muito animada para onde essa história está andando, sei que os horários estão meio confusões mas peço paciência a todos e que tentem desfrutar da obra mesmo com esses contratempos.
Até a próxima ;)
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Dama da noite
Romance"Nessa dança que nos envolvemos, ficamos horas e horas, do alvorecer ao anoitecer vendo o mundo girar, era curioso o quanto esse amor é a coisa mais valiosa e sombria que temos, pois o mundo nunca vai saber dele, nunca, jamais, você me acharia covar...