Para minha querida Dama da noite,
Vidros quebram em volta e a existência é sublime, o simbolismo é algo barato e patético, algo feito por tolos que nunca conseguiram verdades em vidas, nada disso é real, nessa vida de animal da qual somos criminosas do mundo, não por muito e não por pouco. De uma certa forma, eu queria que o mundo nos visse como vítimas, seria tão fácil, pena que somos vítimas daqueles que precisam nos considerar vítimas.
Eu me lembro da primeira vez que vi aquilo do qual você chamou de "pequena guerra'', era muito mais, era um massacre. Vasos quebrados, gritos intensos, eu pensei que você fosse morrer asfixiada, e você nem estava com as mãos na garganta... ainda. A sua dor, ela nunca estava sempre presente, ela vinha em tempos detalhados, e nunca esperados.
Naquele dia, o bar de nosso primeiro encontro tinha sido invadido por policiais, os donos foram presos, e clientes também, aquele lugar animado, feliz e diversificado, agora era uma pilha de escombros sombrios. Todos os nossos momentos felizes alí foram apagados, amigos nossos mortos, presos ou espancados, nossas amigas levadas para as família, ou estupradas, se bem que junto da família não seria diferente, tudo em puro colapso, e naquele dia o que nos salvou foi um doce disco do qual ouvíamos antes de ir, nos fazendo atrasar, não conseguimos salvar ninguém, só a nós mesmas.
Começou com algo simples, tudo arruinado nada dava para se salvar, voltando ao nosso pequeno apartamento, você falava comigo ofegante, depois seus dedos tremiam, quando entramos dentro de casa, de repente, um vaso voa à parede, e um grito racha meu coração, e sua respiração parece tão chamativa nesse momento. Tudo isso seria só o começo, o começo de você envolvendo a mão na garganta, de você batendo a cabeça na parede, agarrando o próprio braço, fazendo-se sangrar, você falando palavras desconexas. E quando eu me aproximei, seu corpo quase colidiu com o meu, seus olhos assassinos, naquele momento, eu pensei que suas mãos iam a minha garganta ao invés da sua, contudo, a única coisa presente foram seus olhos choroso e uma voz embargada que engasgou ao me mandar embora.
Eu aprendi uma coisa naquele dia, amor não cura tudo, e ódio destrói tudo e todos a volta. Eu sempre estive em busca de algo para te curar, e nunca consegui, sem nenhuma ajuda, pois nunca te colocaria naqueles centros de torturas e conventos prisões. Tudo tão inútil, que me sinto inútil.
Eu poderia ter feito algo?
Eu poderia ter quebrado a barreira em que tu estavas?
Esse mundo, esse mundo é o mais puro teste de sobrevivência, onde só quem fez as regras tem a chance de sobreviver e eu não sei se vou aguentar, esses dias, essas péssimas lembranças, a dor agora é algo que me abraça, e eu me acostumei.
Nada disso é real, e eu sei que foi por isso que nosso amor não era sólido, porque nossas vidas não eram, do que adianta então?
Ps; Esse mundo é cheio de pessoas piores que você, você não é um monstro.
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Desculpa pela grande mudança de prazo, por isso o extra vai sair daqui a pouco.
Esse capítulo foi uma mistura de emoções q não sei destacar, eu sinto que eu mesma entrei em Madelaine para escrever isso, tem partes desse capítulo que escrevi tão rápido, com uma angústia.
Existem coisas dessa história que deram esclarecidas no decorrer das cartas, mas Madelaine precisa estar pronta, e nesse momento ela não está.
Não sei se diria uma música correta para esse capítulo, porém uma está ressoando em meus ouvidos até agora, "Ily"- Sofi Frozza, não sei bem destacar o porque.
Por hoje é isso, até a próxima ;)
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Dama da noite
Romance"Nessa dança que nos envolvemos, ficamos horas e horas, do alvorecer ao anoitecer vendo o mundo girar, era curioso o quanto esse amor é a coisa mais valiosa e sombria que temos, pois o mundo nunca vai saber dele, nunca, jamais, você me acharia covar...