Pretty Boy | Hacker.

thirteen

LAURENT.

3 DIAS
PARA A
PEÇA.

- Margot, senta essa bunda na cadeira e relaxa.- Aaron me empurra pelos ombros me forçando a sentar na cadeira gamer que tem no quarto do Vinnie.

- Relaxar? Relaxar?- indago. - Minha é peça esse final de semana Aaron, não tem como eu relaxar.

- Você está muito nervosa, Laurent, mais cedo no almoço eu pedi para você me passar a faca para mim e você simplesmente a jogou.- Vinnie se intromete.
- VOCÊ JOGOU A FACA.

- EU JÁ PEDI DESCULPAS!- Levanto da cadeira indo até o loiro e abraçando ele.

- Tá bom, tá bom.- ele dá batidinhas nas minhas costas. - Eu tenho planos para essa noite.

- O que?

- Nós três vamos a um estúdio de tatuagem.- ele responde com um sorriso malicioso.

- Me tira dessa, já tenho compromisso.- Aaron fala. - Tenho que ir, valeu cara.- ele e vinnie fazem um high-5. - Tchau loira, até sábado.

Aaron beija minha bochecha e eu o abraço rapidamente, logo em seguida ele sai deixando Hacker e eu sozinhos.

- O que te garante que eu vá junto nesse estúdio?

- Você precisa ocupar sua mente e essa sua pele precisa de uns rabiscos.- ele passa seu dedo pelo braço desnudo. - Talvez se você escrevesse meu nome aqui, ficaria legal.

- Nem nos seus sonhos.- falo rindo.
- Você já sabe o que vai tatuar?

- Já, mas é surpresa, vou fazer duas.

- Tudo bem então, vamos fazer tatuagens.

Tenho passado bom tempo na casa dele, Vinnie e eu viramos bons amigos, eu venho lidando com os comentários desnecessários sobre nossa amizade e sobre mim nesse período, é difícil, mas não é impossível. Ele me faz bem, Vinnie é engraçado, carinhoso e gentil, Vinnie Hacker é como escutar sua playlist favorita no último volume e dançar. É eletrizante e intensamente bom.
Ele me anima em dias cansativos e sabe dizer as palavras certas nos momentos certos.

Confesso que meu coração está me levando a sentimentos que eu prefiro deixar quieto, por isso, apesar de tudo, essa amizade é perigosa, afinal, a última coisa que eu preciso é de um garoto bonito mexendo com minhas emoções.

•••

- Tá doendo?- Vinnie pergunta pela décima vez.

- Um pouco.- suspiro. - Ai.

- Pronto.- o tatuador diz afastando a agulha do meu pescoço. - O que quer dizer essa palavra?

- Afetropia. É quando um sentimento é tão grande e forte que ele acaba não se limitando a somente uma alma. Quando algo bom que tem em mim, acaba tendo em outra pessoa.- respondo sorrindo de leve tendo os olhos do Vinnie cravados em mim.

- Profundo. Eu me emocionaria se não estivesse chapado.- me viro para o cara.

- Você me tatuou chapado?- indago.

- Eu faço tudo chapado.- ele responde rindo. Deus, eu mato o Vinnie.

•••

Minha nuca estava dolorida ainda por conta da tatuagem que só pode ser vista se eu amarrar meu cabelo, mas para a primeira está ótima.

- Gostei do significado.- Vinnie diz. Estamos os dois sentados no capô do seu carro olhando para a praia.

- Minha irmã me ensinou esse termo quando eu era pequena. Ela dizia que apesar das coisas ruins, era importante fazer as coisas boas serem mais importantes.

- Por que?

- Porque todo mundo tem seus problemas, então os sentimentos bons tem que prevalecer apesar de tudo, afinal é isso que você tem que desejar transmitir.

- Sua irmã parece ser incrível, Margot.

- Ela é. Laurie sofreu muito para me proteger.- Vinnie me olha com atenção.
- Nós não tivemos uma infância boa... Mãe viciada em drogas, meu pai metido com traficantes, vivíamos em perigo. Tivemos que aprender a viver sozinhas, dependendo somente uma da outra.

- Eu sinto muito, de verdade.- ele segura minha mão. - O que aconteceu com seus pais?

- Minha mãe morreu de overdose quando eu tinha catorze anos, ela ficou uma semana desaparecida e depois foi encontrada morta, um ano depois meu pai foi preso. Ele está cumprindo uma pena de mais de quarenta anos por tráfico de drogas e cúmplice de homicídio.- respondo envergonhada. - Chad tirou a gente daquele inferno de cidade, sou grata pela minha  irmã ter achado alguém tão bom.

- Merda, vocês não mereciam passar por isso.- ele suspira. - Fico feliz que estão bem agora.

- Eu também.- sorrio sincera. - Obrigada por essa noite, eu realmente precisava me distrair um pouco.

- De nada, linda.- Vinnie para na minha frente colocando suas mãos na minha cintura. - Gosto de ficar com você.

- Eu sei, eu sou incrível.- brinco.

- Tenho que concordar. Você é incrível, linda, inteligente... Eu poderia passar a noite toda listando suas qualidades.

- Eu já disse que você tem que parar de me tratar assim.- sussurro.

- Por que? Está se apaixonando por mim, Margot Laurent?- ele sorri com o canto da boca. Vinnie se aproxima lentamente  de mim e eu consigo ver sua tatuagem em volta do pescoço em mais detalhes.

Um frio na barriga me atinge e eu começo a ficar nervosa sentido sua respiração acelerada cada vez mais próxima.

Não, isso não pode acontecer, Vinnie não pode me beijar, não pode.

- É melhor a gente ir embora.- falo baixinho despertando do transe e afasto suas mãos do meu corpo descendo do capô do carro e entrando rapidamente no banco do passageiro.

Deus, eu me odeio por ter feito isso.