Após as pessoas em que eu acreditava poder confiar me traírem minha mente fervia em uma explosão de tristeza e ódio, mas eu merecia uma explicação para aquilo. Eu tinha que saber porque meus amigos haviam me confinado.
Frente a eles fiquei, ódio transbordava de mim e minha vontade era de fugir e nunca mais encontrá-los, mas não o fiz; eu tinha que saber a verdade.
- Sente-se. Eu irei explicar tudo a você - Disse o garoto em tom suave, olhando-me com seus olhos azuis cristalinos. Seus cabelos brilhavam em um tom dourado como ouro e eram curtos, lisos e sedosos, sua fisionomia agora me impressionara, mas isso não mudara o fato dele provavelmente ter sido quem induziu meus amigos a me traírem.
Continuei a observá-lo, a feição de seu rosto não me parecera a de alguém capaz de trancafiar alguém numa sala escura e fria. Nick tinha preocupação sem seus olhos verde claro e Wes mantinha um olhar inexpressivo ao olhar para mim. Freya continuara a tentar se aproximar de mim, mas eu me esquivava a cada tentativa, e Selene estava inclinada atrás do sofá que ficava no centro da sala mexendo nos cabelos de Nick.
- Por favor - suplicou ela após deixar que uma lágrima escapasse de seu olho - Escute ele.
Assenti e então baixei a guarda.
- Vou te contar tudo - O garoto direcionou sua mão ao espaço vazio que ficaria ao lado de Freya.
- Ok - Sentei-me relutante. Freya sentou-se ao meu lado e limpou as lágrima que lhe escorriam pelos olhos.
- Meu nome é Simon, sou filho de Hypnos; o deus do sono. - Ele se apresentou. - Eu induzi seus amigos a trancá-lo.
- Seu... - Me levantei pronto para dar um soco nele, mas fui interrompido por Freya que puxou meu braço me fazendo sentar novamente.
- Era preciso. Se não o fizesse você morreria - Wes disse, olhando para mim com frieza em sua voz.
- Você teria morrido se não o tivéssemos trancado, aqui fora estava em perigo - Continuou Freya - ele estava te caçando.
- Ele quem?
- Justamente por não sabermos quem é ele que o trancamos. - Wes novamente disse. Seu olhar agora era de impaciência, mas eu não sabia o porque.
Olhei para Freya.
- Se estivermos certos, há alguém que quer seu corpo. - Supôs ela.
- Como assim quer meu corpo? - Com essa pergunta meu cérebro entrou em congestionamento. Querer meu corpo? Do que estavam falando? Para mim existia apenas um significado para isso, e este não era nada ruim.
- Possessão. - Disse Simon.
- Tipo, tomar meu corpo? - Perguntei, mas eu sabia qual seria a reposta, aliás ela era óbvia.
- Sim, exatamente. Por isso o trancamos na esperança que ele não chegasse até você por conta da proteção que havia na sala - Wes inclinou seu corpo para frente e entrelaçou seus dedos. - Mas não foi isso que aconteceu.
- O que quer dizer com isso? - Freya questionou-o e depois olhou para Simon - Ele estava seguro lá, não estava?
Quando vi seus olhares me lembrei; eu estaria lá ainda se não fosse pela voz que a mim sussurrou um modo de escape. Eu provavelmente estivera ao lado de quem queria possuir meu corpo para si, estara ao lado de quem poderia matar meus amigos com as minhas mãos.
Olhei para Simon, seu olhar sarcástico me estudava cautelosamente.
- O que é ele, um demônio? - Perguntei tentando saber mais sobre com quem eu deveria lutar pelo controle do meu próprio corpo, mas ele parecia não saber.
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A entidade
ParanormalEzra Sullyvan é um garoto de 13 anos, não possuía muitos amigos e as pessoas não o aceitavam por ser diferente. Ele acreditava que a descriminação era seu maior problema, mas o mesmo ainda não tinha idéia de que aquilo não era nada perto do que ele...