A força vem do medo

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Corremos algumas ruas aqui, e outras ali até encontrarmos a rua da minha visão. Claro, eu era o único que vira, então apenas eu pude reconhecer quando chegamos. A rua estava lotada de diversas pessoas e iam e vinham, a vitrine onde Selene estivera ficava a vista, então a encontramos rápido.

- Aqui - Exclamei olhando para os meus amigos.

- Exatamente aqui? - Perguntou Símon em alto som. O barulho das pessoas estava realmente alto embora já fosse por volta das onze horas da noite.

Assenti.

Me virei para a vitrine e me arrepiei ao ver o reflexo. Não haviam pessoas caminhando por ambos os lados, aos poucos o barulho da multidão cessava, em poucos segundos não havia nada, nem ninguém, exceto eu e uma sombra ao meu lado. Tinha o mesmo formato de alguém usando um manto que cobre todo o corpo, mas não mostrava seus traços ou algo parecido. Apenas uma sombra. Uma sombra que estara ali parada apenas me observando. Cambaleei para trás de medo, e a sombra seguiu meu corpo, continuando lado a lado comigo.

- Socorro! Alguém me ajude, por favor! - Ouvi uma voz feminina gritar. A imagem da vitrine se distorceu e mostrou-me Selene, ela estava acorrentada à parede e chorava. Suas roupas ainda rasgadas sendo manchadas pelo sangue que vazava pelos cortes em seus braços. A visão mudou novamente e vi no reflexo, fleches que mostravam onde ela estava. O céu noturno dificultava a vista do ambiente, mas pude distinguir: árvores, água - muita água - e uma porta coberta por plantas molhadas no solo a uma certa distância da água.

- Selene! - Avancei à vitrine com o coração acelerado. Eu não me importava o que aconteceria comigo naquele exato momento, eu queria apenas salvá-la.

Uma mão negra puxou-me pelo braço, a sombra agora olhara em meus olhos. Sua mão, sua respiração, toda sua presença era congelante. Meu braço queimava onde era tocado por ela, como se alguém tivesse sido congelado enquanto me segurava.

- Tira a mão de mim! - Fechei meus olhos e gritei.

Abri meus olhos quando ouvi novamente todas aquelas pessoas falando ao mesmo tempo. Freya segurava meu braço e me olhava fixamente espantada.

- Sou eu. - Ela não me soltou.

- Freya - Abracei-a e fechei meus olhos. Uma lágrima congelante rolou pelo meu rosto e caiu ao chão - Ela estava lá, havia sangue.

- Do que está falando - Abri meus olhos e vi Símon atrás de Freya. - e que marca é essa?

Olhei para o meu braço e lá estava a marca de uma mão.

Soltei Freya e fiquei do seu lado, frente aos irmãos Bakendorf e Símon. Vi de relance que Freya também me olhava.

- Selene... Ela estava... Ele está... - Minha respiração estava cada vez mais pesada, as palavras quase não saiam da minha boca e eu mal conseguia respirar.

- Se acalme - Freya segurou minha mão.

O barulho da multidão cessou novamente. O silêncio pairou pelos ares no exato momento em que meu corpo estremeceu novamente, e vi que todos aqueles presentes olhavam para nós, seus olhos, porém, diferentes. Totalmente brancos - quando digo totalmente brancos quero dizer literalmente. A íris e pupila de todos haviam sumido.

- Não! - Meu corpo todo tremia, eu temia perder a consciência naquele exato momento.

Freya olhou-me.

- Ele está pálido!

- Corram! - Wes gritou.

Freya me puxou pelo braço e corremos por um beco que estara duas lojas à esquerda de onde estávamos. Olhei para trás tendo a visão de várias pessoas nos olhando, depois me virei e corri o mais rápido que pude ao lado de Freya e dos outros.

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