3.2 Narrativa: Descrições

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Uma coisa que pega muitos autores iniciantes é a descrição. Como você descreve é algo crucial para que a obra seja fluida ou arrastada.

Primeiramente, é necessário conceber as característica do cenário e da personagem.

Anote todos os detalhes, mesmo que não vá utilizar todos. Por exemplo:

Local: floresta de mata fechada, muito verde, chão de gramas curtas, pássaros voando e cantando.

Personagem: faminto, emburrado, estressado, impaciente que quer chegar num bar na vila mais próxima.

Entretanto, escrever a frase com tais características em sequencia não implica em uma descrição boa e fluida de se ler.

Com isso, apresento o conceito de Show, don't tell, que em tradução livre seria "Não diga, mostre".

A melhor forma de descrever algo é fazê-lo de forma orgânica, ou seja, incorporando elementos do que será descrito ao longo da narrativa, criando espaço para isso. Exemplo:

"Era uma floresta com muito verde, os pássaros voavam para todos os lados enquanto cantavam e o caminho era forrado com uma grama baixa por onde o personagem andava impaciente e emburrado. Ele queria ir para uma vila próxima onde pararia em um bar para saciar a fome."

Se aplicarmos a descrição orgânica, juntando a jornada do personagem e suas características com o ambiente, ficaria algo do tipo:

"Os passos esmagavam a grama curta. O personagem, tomado pela fome, nem reparava nas folhas que as inúmeras árvores lhes despejavam sobre a cabeça. Apenas queria chegar logo ao bar da vila mais próxima, rezando para que lhe servissem alguns dos malditos pássaros que atormentavam suas orelhas. De preferência fritos!"

Dessa forma, você consegue explicar o ambiente ao mesmo tempo em que exibe o estado de espírito e as características do personagem em um parágrafo com praticamente o mesmo tamanho do outro, mas que segue uma fluidez de eventos mais gostosa de se ler.


Entretanto, ainda existem histórias onde um mínimo é descrito a respeito de personagens ou lugares.

Não existe certo ou errado de forma geral, o que existe é necessidade ou a falta dela dependendo no que sua história se foca.


Um drama pessoal e introspectivo que trabalha mais com os sentimentos e reações frente a situações pode não ter nada a ganhar se descrever o personagem ou o lugar em que está caso não haja essa necessidade para o desenvolvimento da proposta. Se a aparência dele não for relevante para nada, deixe de lado. Caso o ambiente em que ele viva seja fator para que ele aja dessa forma, descreva-o.

Uma fantasia em um mundo novo precisa de tais descrições do ambiente para o leitor conseguir visualizar aquilo que lhe está sendo apresentado. Da mesma forma que o terror ganha muito com a descrição dos ferimentos ou do monstro/assassino e até do local, para que se torne mais tenebroso e sinistro para o leitor.

Então saiba o que sua obra exige e o que ela descarta. Tomar linhas para fazer o desnecessário só prejudica o ritmo da sua história.

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