1 "Os Tributos"

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Olá!
Primeiramente gostaria de dizer que essa é a primeira vez que estou publicando uma história, então estou muito nervosa kkkk
Bom tive a ideia de fazer uma adaptação de Jogos Vorazes, porém com os personagens de Supergirl porque são duas coisas que gosto muito, então pensei que seria bem legal adaptar. Como os capítulos de JV são bem grandinhos, pretendo portar uma vez por semana no período da noite, porém pode ser que um dia ou outro acabe postando em outro horário.
Bom... não vou ficar enrolando muito aqui, espero que vocês gostem e que tenham uma boa experiência de leitura.
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Parte 1

Quando acordo, o outro lado da cama está frio. Meus dedos se esticam à procura do calor de Alex, mas só encontram a cobertura áspera do colchão. Ela deve ter tido pesadelos e pulou para a cama de nossa mãe. É claro que foi isso. Hoje é o dia da colheita.

Eu me apoio sobre o cotovelo. Há luz suficiente no quarto para que eu possa enxergá-las. Minha irmãzinha, Alex, encolhida junto ao corpo de minha mãe, a bochecha de uma colada contra a da outra. Dormindo, minha mãe parece mais jovem, ainda um pouco acabada, mas não inteiramente arrasada. O rosto de Alex é tão fresco quanto uma gota de chuva, tão adorável quanto a flor que lhe deu o nome. Minha mãe também já foi muito bonita. Pelo menos é o que se diz.

Sentado aos pés de Alex, vigiando-a, está o gato mais feio do mundo. Nariz esmagado, metade de uma orelha arrancada, olhos da cor de abóbora podre. Alex o chama de Streaky, insistindo que a coloração amarelada lhe lembra ouro. Ele me odeia. Ou pelo menos desconfia de mim. Apesar de já ter se passado muito tempo, acho que ele ainda se lembra de como tentei afogá-lo num balde quando Alex o trouxe para casa. Gatinho raquítico, com a barriga inchada por causa dos vermes e cheio de pulgas. A última coisa que eu precisava era outra boca para alimentar. Mas Alex implorou tanto – até chorou – que fui obrigada a deixá-lo ficar. No fim, deu tudo certo. Minha mãe o livrou dos vermes, e ele se provou um excelente caçador de ratos. De vez em quando pega até alguma ratazana. Às vezes, quando acabo de limpar a caça, dou as entranhas a Streaky. Ele parou de fazer sons agressivos para mim.

Entranhas. Menos agressividade. Isso é o mais próximo de amor que atingiremos.

Jogo as pernas para fora da cama e deslizo-as para dentro de minhas botas de caça. Couro maleável que se amoldou aos meus pés. Visto as calças, uma camisa, enfio minhas longas tranças loiras em um quepe e pego minha mochila de provisões. Sobre a mesa, debaixo de uma tigela de madeira para protegê-lo de ratos e gatos famintos, está um perfeito queijo de cabra enrolado em folhas de manjericão. O presente de Alex para mim no dia da colheita. Coloco cuidadosamente o queijo em meu bolso e saio.

A parte em que vivemos no Distrito 12, apelidada de Costura, nesta hora do dia está normalmente apinhada de mineiros se dirigindo ao turno matinal. Homens e mulheres com os ombros caídos e as juntas inchadas, muitos dos quais há tempos desistiram de limpar a fuligem negra de suas unhas quebradas e de apagar as linhas escuras em seus rostos abatidos. Hoje, porém, as ruas cinzentas de carvão estão vazias. As persianas das casas baixas e escurecidas estão fechadas. A colheita só começa às duas. O melhor a fazer é dormir mais um pouco. Se você conseguir.

Nossa casa fica quase no limite da Costura. Eu só preciso passar por alguns portões para alcançar o descampado miserável chamado Campina. Separando a Campina da floresta, na verdade, circundando todo o Distrito 12, encontra-se uma cerca alta de arame farpado. Teoricamente, ela deveria estar eletrificada vinte e quatro horas por dia para afugentar os predadores que vivem na floresta – bando de cães selvagens, pumas solitários, ursos – que costumavam ameaçar nossas ruas. Mas, como na melhor das hipóteses só conseguimos duas ou três horas de eletricidade durante a noite, normalmente é seguro tocar a cerca. Mesmo assim, sempre espero um pouco para ouvir o zunido que indica que ela está ativa. Neste momento, está tão silenciosa quanto uma pedra. Escondida em um aglomerado de arbustos, encolho a barriga e deslizo por baixo de uma abertura de meio metro que está lá há anos. Existem vários outros pontos fracos na cerca, mas esse aqui fica tão perto de casa que quase sempre entro na floresta por ele.

Assim que chego às árvores, retiro um arco e uma aljava com flechas de um tronco oco. Eletrificada ou não, a cerca tem tido sucesso em manter animais carnívoros afastados do Distrito 12. Eles correm livremente na floresta, onde, dentre as preocupações, há ainda coisas como cobras venenosas, animais raivosos e nenhuma trilha por onde se orientar. Mas também tem comida se você souber como achar. Meu pai sabia, e me ensinou algumas coisas antes de explodir em pedacinhos numa mina de cravão. Não sobrou nada do corpo para ser enterrado. Eu tinha onze anos. Cinco anos depois, ainda acordo gritando para ele correr.

Mesmo sendo proibido entrar na floresta, com a caça ilegal resultando em penas mais severas, mais pessoas corriam o risco se possuíssem armas. A maioria, porém, não tem a ousadia suficiente para se aventurar portando apenas uma faca. Meu arco é uma raridade, produzido por meu pai junto com alguns outros que guardo bem escondidos na floresta, cuidadosamente cobertos com uma capa à prova d'água. Meu pai poderia ter ganhado um bom dinheiro vendendo-os, mas, se os funcionários descobrissem, ele teria sido executado em praça pública por incitar uma rebelião. A maioria dos pacificadores faz vista grossa para os poucos de nós que caçam porque eles são tão ávidos por carne fresca quanto qualquer outra pessoa. Na realidade, eles estão entre nossos melhores clientes. Mas a mera ideia de que alguém pudesse estar enchendo a Costura de armas jamais teria sido permitida.

No outono, uma das poucas almas corajosas penetram na floresta para colher maçãs. Mas sempre numa posição visível da Campina. Sempre perto o suficiente para correr de volta para a segurança do Distrito 12 se algum problema surgir. "Distrito 12, onde você pode morrer de fome em segurança.", murmuro. Então, olho de relance por cima do meu ombro. Mesmo aqui, no meio do nada, você fica preocupado de alguém estar te ouvindo.

Quando eu era mais nova, assustava minha mãe pra valer com as coisas que eu soltava sobre o Distrito 12, sobre as pessoas que governam nosso país, Panem, da longínqua cidade chamada Capital. Com o tempo entendi que isso apenas traria mais problemas. Então, aprendi a controlar a língua e mascarar minhas feições de modo que ninguém pudesse jamais ler meus pensamentos. Aprendi a fazer meu trabalho calada na escola. Somente falar o mínimo necessário, e de maneira educada, no espaço público. Discutir apenas compra e venda no Prego, o mercado clandestino onde ganho grande parte do meu dinheiro. Mesmo em casa, lugar que me incomoda, evito abordar assuntos problemáticos, como a colheita, ou a escassez de comida, ou os Jogos Vorazes. Alex poderia começar a repetir minhas palavras e então o que seria de nós?

Na floresta, está me esperando a única pessoa com quem posso ser eu mesma. Winslow. Já da pra sentir os músculos de meu rosto relaxando, meus passos se acelerando enquanto escalo um morro até nosso local, uma saliência de rocha que da vista para um vale. A visão dele me esperando lá em cima me faz abrir um sorriso. Winn diz que nunca sorrio, exceto na floresta.

The Hunger Games - Supercorp VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora