boa leitura, fantasminhas!
————————————————————Assim que o hino acaba, somos colocados em custódia. Não estou dizendo que somos algemados ou qualquer coisa assim, mas um grupo de Pacificadores nos conduz pela entrada principal do Edifício da Justiça. Talvez alguns tributos tenham tentado escapar no passado. No entanto, nunca vi algo assim acontecer.
Lá dentro, sou conduzida a uma sala onde sou deixada sozinha. É o local mais rico em que estive em toda a minha vida, com carpetes grossos e profundos, um sofá de veludo e poltronas. Conheço veludo porque minha mãe tem um vestido cujo colarinho é feito desse material. Quando me sento no sofá, não consigo parar de passar os dedos sobre o tecido. Isso ajuda a me acalmar enquanto tento me preparar para a hora seguinte. O período de tempo que é permitido aos tributos despedirem-se das pessoas que amam. Não posso me dar ao luxo de ficar chateada, de sair dessa sala com os olhos inchados e o nariz vermelho. Chorar não é opção. Haverá mais câmeras de televisão na estação de trem.
Minha irmã e minha mãe chegam primeiro. Vou ao encontro de Alex e ela pula em meu colo, seus braços em volta de meu pescoço e a cabeça em meu ombro. Minha mãe se senta ao meu lado e nos abraça. Por alguns minutos, não dizemos nada. Então, começo a dizer a elas todas as coisas que deverão se lembrar de fazer agora que não estarei lá para fazer por elas.
Alex não deve pegar nenhuma téssera. Elas podem sobreviver, se forem cuidadosas, da venda do leite e do queijo da cabra de Alex, e do pequeno boticário que minha mãe agora administra para as pessoas na Costura. Winn vai pegar as ervas que ela não conseguir cultivar, mas ela deve ser bastante cuidadosa na descrição das plantas porque ele não é tão familiarizado com elas quanto eu. Ele também levará caça às duas, e provavelmente não pedirá nada em troca por isso, mas deveriam retribuir de alguma maneira, com leite ou remédios, quem sabe.
Não perco tempo sugerindo a Alex que aprenda a caçar. Já tentei ensinar a ela algumas vezes, e foi desastroso. A floresta a aterrorizava, e sempre que eu atirava em alguma coisa ela começava a chorar e a falar que a gente talvez conseguisse curar o ferimento do bicho se fôssemos correndo para casa. Mas ela cuida muito bem da cabra, concentro-me nisso.
Quando termino com as instruções sobre combustível, transações comerciais e sobre a importância de frequentar a escola, eu me viro para minha mãe e aperto seu braço com força.
– Escuta. Está me ouvindo? – Ela faz que sim com a cabeça, assustada com a veemência do gesto. Ela deve estar imaginando o que está por vir. – Você não pode se ausentar novamente.
Os olhos de minha mãe se fixam no chão.
– Eu sei. Não vou fazer isso. Não pude evitar o que...
– Bem, você vai ter de evitar dessa vez. Você não vai poder ir embora e abandonar Alex. Eu não estou mais lá pra manter vocês duas vivas. Não importa o que aconteça. Não importa ao que você assista na televisão. Você tem de me prometer que vai lutar! – Minha voz se transformou em um grito no qual estão contidos toda a raiva, todo o medo que senti no momento em que ela nos abandonou.
Ela puxa o braço, agora ela mesma demonstrando raiva.
– Eu estava doente. Podia ter me tratado se naquela época eu tivesse os remédios que tenho hoje.
Essa parte da doença dela talvez seja verdade. Depois desse período, eu a vi curando pessoas que sofriam da mesma tristeza paralisante. Talvez seja mesmo uma doença, mas é uma doença que não temos condições materiais de ter.
– Então toma esses remédios e cuida dela!
– Eu vou ficar legal, Kara– diz Alex, acariciando meu rosto. – Mas você também precisa tomar cuidado. Você é tão rápida e tão corajosa. De repente você vence.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Hunger Games - Supercorp Version
AkcjaQuando Kara Danvers, de 16 anos, decide participar dos Jogos Vorazes para poupar a irmã mais nova, causando grande comoção no país, ela sabe que essa pode ser a sua sentença de morte. Mas a jovem usa toda a sua habilidade de caça e sobrevivência ao...