Reunions.

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PDV BASTET.

Parei nervosa na frente das portas duplas do grande salão dos deuses. Meu coração parecia uma locomotiva e a ansiedade e euforia me deixavam sem ar.

Um sorriso bobo estampava meu rosto e eu não conseguia tirá-lo dali.
Encostei minha testa na madeira da porta, sentindo todos os cheiros nostálgicos de todos aqueles deuses, ou melhor, da minha família.

— Bast? Você está bem? – Indagou Buquê, alguns passos atrás de mim.

Respirei fundo, me recompondo.

— Sim, estou. Vamos! – Ordenei.

Apertei minhas mãos nas maçanetas de ouro e as girei.

— Ela chegou! – Exclamou Néftis.

— Bastet! – Saudou Ísis.

— Ah, querida, como é bom te ver!

Fui recebida por dezenas de sorrisos. Taweret, Khnum, Khonsu, Tot...

Os deuses estavam sentados em seus tronos, tão bonitos e tão tradicionais que me lembrei de nossas reuniões no Egito antigo.

O salão dos deuses era uma estrutura de perder o folego, tão grande e tão alta, que quase não se dava para ver o fim dos pilares que sustentavam sua fundação. As paredes eram lisas e douradas, cruzadas por linhas cor de marfim que as enfeitavam. O chão era marrom, feito de Jasper, tão limpo que eu conseguia me ver.
Os tronos dos deuses, feitos de pedra também dourada, ficavam nas paredes laterais, formando um longo corredor no meio deles, que levava para o maior trono de todos, o trono de Rá.

— Minha filha! – Exclamou o homem negro de meia idade, sentando no trono principal.

Ele se levantou, caminhando devagar até mim.

Rá irradiava poder. Estar perto dele era como estar na presença do próprio sol. Seus olhos, tão escuros quanto sua pele, refletiam uma sabedoria inimaginável para qualquer ser vivente e, mesmo não tendo grandes marcas de expressão ou rugas, era visível seus milênios de vida, não só pelos cabelos e barba com alguns fios brancos, mas por toda a história que aquele deus contava sem dizer sequer uma palavra.

Eu estava tão anestesiada pela emoção que a única coisa que consegui fazer foi cair de joelhos.

— Meu pai...

Rá pousou a mão em minha cabeça.

Senti uma forte pressão em meu peito e meu coração explodiu em batimentos. Perto de tamanho poder, me senti um gatinho filhote.

— Que as bênçãos dos quatro cantos do Egito caiam sobre ti, minha poderosa gata. Que Maat te receba como filha, pois você é a lei e faz da Ordem um sonho possível!

Meus olhos se encheram de lágrimas.

— Bem vinda de volta, Bastet de Rá!

Os outros deuses nos olhavam emocionados e explodiram em palmas felizes.

— O que está esperando?! Levante-se! Eu quero um abraço!

Eu ri, levantando-me rápido e me jogando nos braços dele.

Rá me abraçou, e por mais que eu não tivesse tido uma infância, aquele aperto fez eu me sentir segura, como uma criança sendo amparada por seu pai após um pesadelo.
Minha convivência com meu pai não era a melhor relação entre e pai e filha já existente, mas eu o amava. Não tinha como negar isso.

— E então: por Bastet! – Exclamou Osíris, levantando uma taça.

Os deuses responderam em uníssono me fazendo rir mais uma vez.

— Oh, que surpresa! Uma festa!

— Venha, minhas queridas.

Rá segurou minha mão e a de Buquê, nos guiando em direção ao meu trono. Buquê ficou parada em pé ao meu lado, o lugar onde todos os conselheiros ficavam.

Eram poucos os deuses que possuíam um humano abençoado como conselheiro-chefe. Geralmente os que possuíam eram deuses ausentes que precisavam de alguém para representá-los, deuses com muitos afazeres e deuses importantes. Além de mim, Hórus, Anúbis, Geb, Nut, e Ísis tinham essa ajuda. Nut e Geb tinham os gêmeos, Daisy e Damon. O motivo deles possuírem conselheiros era basicamente o mesmo que o meu; ambos estavam encarcerados em suas respectivas prisões eternas. Hórus e Ísis eram deuses muito requisitados. Hórus por ser o Faraó do mundo humano e Ísis por ser a mãe dele e também a esposa de Osíris. Por isso que eles tinham a ajuda de Renan e Octavian, respectivamente. Por fim, chegamos em Anúbis. O deus chacal era o único que tinha um deus como seu conselheiro-chefe, e isso não era grande coisa já que sua ajudante era Kebechet, sua própria filha.

É, eu sei. “Quem teria uma filha com Anúbis, eca!” Mas existiu uma deusa, Anput, a única coisa boa que Anúbis tinha, mas que, infelizmente, havia perdido.

Por um segundo meu sorriso vacilou e eu pisquei os olhos rapidamente, tentando expulsar aqueles repentinos e horrorosos pensamentos da minha mente. Meu peito doeu, de culpa e mágoa, mas novamente eu me esforcei para desaparecer com aquelas sensações.

Eu tinha um mês, míseros trinta dias, para aproveitar minha família e receber um pingo sequer de felicidade. Eu não ia estragar isso com rancores e memória do passado... não dessa vez.

— Está olhando o que? – Rosnou Kebechet, quando viu que eu olhava para ela e para Anúbis. Os dois sentados em tronos lado a lado.

Semicerrei os olhos.

— Estou me perguntando o porquê ninguém te expulsou daqui ainda, cachorrinha. – Provoquei.

Kebechet era a deusa da purificação, e era bonita apesar de se parecer com o pai. Tinha cabelos castanhos cumpridos que caiam como uma nuvem espessa sobre seus ombros, pele pálida e olhos da mesma cor do cabelo, esses puxados de sua mãe.  Ela sempre usava preto, em qualquer ocasião, como se vivesse em um luto eterno. Era sem graça, tendo como a única coisa charmosa uma pinta em cima dos lábios.

Keb trincou o maxilar, fazendo menção de vir até mim, mas Anúbis a segurou pelo braço, impedindo-a de sair.

O chacal estava sentado de qualquer jeito, com a mão que sobrou escorando o queixo. Ele definitivamente estava ali obrigado e não estava nem um pouco feliz.

Ótimo. Anúbis triste significava mais divertimento para mim.

Eu sorri, deixando todos os pensamentos tempestuosos para trás.

— Seja boazinha comigo, Kebe. Ou então te expulso da minha festa.

— Não a escute, Kebechet. Não vale a pena. – Grunhiu o chacal, sem me olhar. 

— Afinal, quem convidou os cachorros para festa?!

— Droga, por que deixaram que ela saísse da prisão?!  - Questionou Kebechet, virando-se para Rá.

Eu franzi o cenho.

Aquilo me machucou. Por que eles se referiam a prisão de Apófis como minha?! Por que perguntavam “porque deixaram que ela saísse?” Sendo que eu não estava presa?!

— Primeiro, eu não cometi nenhum crime para estar na prisão. – Lembrei. – Segundo, gostaria de saber o que faz aqui! Que eu me lembre, você foi expulsa quando dormiu com seu avô!

Quem não conhecia a história de Kebechet?

Lembro-me muito bem quando ela, ainda como uma deusa jovem, foi amante de Set enquanto ele era tenente no barco do sol.  Assim que Rá descobriu expulsou Set de sua tropa para sempre e o exilou, e lá estava Kebechet, mas ele não a quis mais. A deusa da pureza não estava mais tão pura, então...

— Bastet! – Ísis surgiu em minha frente, sendo seguida por Néftis, dando um grande pulo. Ela sorriu alegre, apesar de eu sentir que ela estava um pouco nervosa. – Deuses, eu estava com saudades!

A deusa da magia me puxou para um abraço apertado.

— Ísis...

Ela me apertou, um pouco mais que o necessário.

— Deusa gata, não destrua sua festa... sabe que Kebechet foi perdoada a mais de 100 anos, não sabe? – Questionou em meu ouvido.

Eu arquei as sobrancelhas.

— Oh, céus, eu esqueci. – Respondi, recebendo um olhar censurador dela.

— Eu ainda sim senti sua falta... – Falou. – Hórus e Min então... Deuses, estão ansiosos para vê-la!

Fui inundada por mais uma dose de ansiedade.

— Eu também! Onde eles estão?!

— Hórus se atrasou mas já está vindo, e Min... – Ísis mexeu o nariz. – Bom, você vai ter uma grande surpresa.

— Não monopolize a nossa anfitriã, irmã. – Néftis afastou Ísis delicadamente, tomando seu lugar em meu abraço.

— É muito bom te ver, deusa da água! – Sorri.

— Igualmente, minha cara. – Murmurou ela, passando a mão pelas minhas costas. O aperto de Néftis se tornou doloroso.

— Pelos deuses, Bastet, não faça dessa festa um enterro. Deixa o Anúbis em paz. Ísis vai matá-los se acabarem com tudo! – Avisou em um sussurro.

Soltei uma risadinha.

— Eu deixaria, se seu filho me deixasse. – Respondi, enquanto ela me soltava.

Néftis era legal. Eu não entendia como ela podia ter um filho tão idiota quanto Anúbis.

A deusa se afastou de mim com um olhar de aviso.

— Bom, vamos festejar! – Ísis bateu palmas e o salão encheu-se de mais luzes.

Os servos começaram a entrar, trazendo bandejas e mais bandejas de comida e bebida. Uma banda de musicistas clássicos se colocou no canto do salão, que em segundos se encheu com uma melodia alegre e brega.

Ísis me lançou um último sorriso, passando a mão pelo meu rosto carinhosamente antes de sair, caminhando de volta ao seu trono.

Assim que ela saiu vi que Kebechet continuava a me olhar com ódio.

— Me desculpa. – Pedi, tentando soar o mais sarcástica possível.

Buquê segurou a risada, negando com a cabeça.

O chacal revirou os olhos.

— Você pode enfiar suas desculpas no seu...

Com paciência, Ísis que já estava no meio da caminhada, apontou para os servos e berrou.

— Alguém pode explicar porque não podemos comer e beber como deuses normais, em vez de lidar com essa...!

— Merda? – Sugeriu Khonsu.

A deusa da magia olhou ultrajada para o deus da lua.

— Por favor, Bastet e Anúbis, ouçam Ísis. – Rá interveio, olhando-me divertido. – Hoje é um dia de festa! Só temos 30 dias para aproveitar a volta da minha filha, por que não se resolvem de uma vez por todas?

— Nem morta... – Falei, somente para Buquê ouvir.

— E então,  Bast, o que pretende fazer em suas férias? – Perguntou-me Osíris.

Me virei para ele.

— Viver. Talvez destruir ou incendiar alguns lugares.

Mordi o lábio em divertimento, enquanto Osíris e Rá riam dos meus planos.

— Destruir? Mais?! – Questionou Anúbis. – Que tipo de pessoa faz planos assim para as férias?!

— Não estou falando com você.

— Isso é o que te torna a deusa mais idiota desse Duat. – Retrucou.

— Strike 2. No três eu te jogo para fora. – Ameacei.

Anúbis praguejou e eu sorri fingindo não ligar para seu acesso de raiva.

Morda-me, Chacal.

Fiquei tentada a dizer isso, mas não tinha certeza de que ele não me morderia mesmo, e isso acabaria com a minha festa.

No caso de Anúbis, sua mordida poderia ser pior do que seu latido, e seu latido era estressante o suficiente.

— Deuses, vocês não param nunca? – Perguntou Tot.

— É a natureza deles. Eu gosto. – Sorriu Khonsu, dando uma piscadela em minha direção.

Revirei os olhos, abrindo a boca para retrucar e dizer que a culpa era toda de Anúbis quando as portas se abriram e Hórus entrou.

— Vejo que cheguei atrasado... – Comentou o deus da guerra, abrindo um de seus sorrisos de tirar o fôlego.

Seu cabelo castanho, estava despenteado como se ele tivesse empurrado repetidamente os dedos por ele. A pele era bem queimada pelo sol, principalmente abaixo dos olhos e em cima do nariz. Como sempre, ele estava de barba, escura como seu cabelo, revestindo uma mandíbula forte. Hórus era intimidante, afinal, era o deus da guerra. Mas para mim, tudo isso acabava quando eu olhava para seus olhos, um azul profundo e outro prateado, que se estreitaram quando ela sorriu em minha direção.

Eu sorri de volta, levantando-me do meu trono e correndo na direção dele.

Fui recebida por um abraço de urso, que praticamente me cobriu inteira já que Hórus tinha, pelo menos, dois metros de altura.

— Hórus!

PDV HÓRUS.

Quando adentrei o salão dos deuses meus olhos pousaram única e exclusivamente na criatura pequena e bonita sentada no trono em que quase sempre estava vazio.

Bastet sorria, e seu sorriso iluminava como um holofote o grande salão dos deuses.

Enquanto a festa ia passando, a deusa parecia mais radiante do que nunca, e sinceramente, eu já havia a visto radiante muitas vezes.

Eu a observava atentamente enquanto ela recebia os cumprimentos de todos, que faziam fila para ir até ela.

No momento eu a via rindo junto com Osíris. Bastet era tão amável... tão ela. Eu não entendia como alguém poderia não gostar dela.

— Eu não entendo como alguém pode gostar dela. – Resmungou Anúbis ao meu lado.

Renan, meu conselheiro-chefe, me olhou entediado, enquanto eu engolia o riso.

— Anúbis, vamos lá. – Incentivei. – Não se sente nem um pouco feliz vendo Bastet de volta? A alegria dela é contagiante!

Meu primo soltou uma risada nasal.

— Ah, pelos deuses, não seja ridículo. Eu quero vê-la bem longe pelo bem de todos.

Eu sorri, negando com a cabeça.

Era inexplicável esse ódio do Chacal por Bastet. Para eles, se odiar parecia tão natural como respirar.

Bastet sorriu para mim, e eu sorri de volta. Ela revirou os olhos, apontando com a cabeça para Taweret, que ao invés de dar as boas vindas, dava um sermão e entregava a ela uma lista do que  estava proibida de fazer.

— ... Pelos céus, Taweret! Eu não vou dormir com nenhum homem casado! – Retrucou Bastet depois da deusa da maternidade insistir e fazê-la jurar.

— Meus deuses. – Anúbis resmungou, massageando a testa.

— Se quiser ir embora, podemos ir, meu pai. – Falou Kebechet.

— Ninguém vai embora! – Exclamou Bastet, do centro do salão.

Ela sorria, sem nos olhar, mas tinha certeza que havia ouvido.

Anúbis rosnou baixo.

— Se ela me provocar uma vez mais...

A deusa gata jogou os cabelos sedosos para trás, apoiando o peso do corpo em uma das pernas, quebrando a cintura fina e bem desenhada, deixando uma perna sair pela fenda do vestido. Bastet era um deleite para os olhos de qualquer um que a visse. Sua pele cor de canela brilhava como ouro, os olhos tinham uma cor única, como pedras preciosas ainda não descobertas. A boca grossa e avermelhada exibia um largo sorriso branco que a fazia não precisar de nenhuma jóia. Mesmo assim, Bastet usava um colar grande e pesado, que enfeitava mais ainda o colo bem desenhado e seu corpo... pelos deuses, era indescritível.

Tudo aquilo, no entanto, constituía uma criatura que não chegava a ter um metro e sessenta de altura.

Ouvi um estalo, de algo forte e afiado, virando-me para Anúbis.

O Chacal olhava para Bastet, e eu me surpreendi ao ver que o estalo tinha vindo de sua língua. Seus olhos rondavam a deusa gata como se ela fosse uma presa prestes a ser surpreendida e morta, mas havia algo a mais que o impedia de fazer isso, e eu sabia o que era.

Atração indesejada.

O tipo que você sente por alguém quando sabe que não deveria. E Anúbis podia tentar, mas nem se cuspisse mil ofensas a Bastet seria verdade, uma vez que todos sabiam e era inegável que a deusa gata era uma das mulheres mais lindas já existentes.

— Está decidido, Kebechet. Vamos embora. – Grunhiu Anúbis.

— Se me permite dizer, senhores, ir embora no início de uma festa é uma desfeita considerada séria para alguns. – Contou Renan, inclinando-se para os deuses sentados nos tronos ao lado do meu.

Eu assenti.

— O garoto tem razão. – Falei. – Aproveite a festa, Anúbis!

O Chacal não me deu bola, continuando a encarar Bastet.

Milênios e milênios se passaram, e Anúbis não conseguia parar de ser implicante com Bastet, e vice-versa. Era uma briga constante, como gato e rato... ou melhor, gato e chacal. Já houve um tempo, há muito tempo atrás, onde eu achei que eles iriam viver em harmonia. Entretanto, um deslize, uma palavra colocada errado ou um acontecimento inesperado os fazia voltar a essa briga sem fim.

— Eu iria aproveitar mais se fosse seu enterro... – Cochichou Kebechet.

Eu a olhei, desacreditado.

— Até você, deusa da pureza? – Indaguei.

Kebechet não respondeu, apenas me olhou, corou, e desviou os olhos para longe.

— Vocês são impossíveis mesmo... – Comecei, mas fui cortado quando Anúbis levantou um dedo, respirando fundo.

O deus arregalou os olhos, engolindo em seco.

— Essa não. – Gemeu.

As portas do salão dos deuses tremeu, fazendo quase todos os presentes se virassem para ela, com exceção de Bastet, Buquê e Tot, que pareciam bem entretidos com a conversa que tinham iniciado.

— Minha vida está perdida... – Continuou Anúbis, colocando as mãos nos cabelos.

A porta enfim se abriu.

Uma mulher alta, de quase um e oitenta, cabelos cheios e olhos verdes intensos e perigosos entrou, sendo escoltada por um homem tão alto quanto, de pele negra e sorriso travesso.

Os dois não olharam para ninguém, não sorriram para ninguém, só caminharam devagar até Bastet, que ainda não havia notado suas presenças.

A mulher parou a poucos passos da deusa gata, olhando-a com expectativa. Alguns segundos se passaram e o sorriso que ela exibia foi murchando.

Anúbis encarou incrédulo a cena, enquanto eu era obrigado a segurar a risada novamente.

— Bastet! – A recém chegada berrou, fazendo a deusa gata estremecer.

Rá se levantou, mas antes que o deus do sol pudesse falar qualquer coisa a mulher já havia levantado o pé, batendo-o contra as costas de Bastet.

Ouvi o barulho de ossos estralando e a maior confusão se armou. Bastet estava no chão choramingando, enquanto Buquê arregalou os olhos e Tot suspirou, olhando a cena com exaustão.

— Sekhmet...

A morena atrás da deusa gata bateu as mãos como se as limpa-se. A marca de suas botas de cano alto estavam estampadas no vestido da gata, que estava vermelha de raiva.

— Por que não podia dar um abraço? – Reclamou o homem com ela.

Min, deus da fertilidade masculina e também meu irmão.

— Levante-se, fracote. – Ordenou a deusa leoa.

Bastet se virou lentamente no chão olhando para a irmã com os olhos cerrados.

Sekhmet sorriu sacana, colocando a mão na cintura.

— Como ousas ignorar a mulher que lhe deu a vida?!

— Não fale de mim como se eu fosse o Pinóquio! – Protestou Bastet, levantando-se ainda encarando a irmã. – Pelos deuses...

As duas passaram apenas mais um segundo se encarando, antes de cortarem o espaço entre elas. Bastet se jogou nos braços de Sekhmet, que retribuiu o abraço com força, e quase instantaneamente, Bastet começou a chorar.

— Eu senti tanto sua falta. – Gemeu, a voz soando trêmula pelo choro.

Sekhmet fechou os olhos, aninhando a mais nova em seu abraço.

— Não mais do que eu senti de você. – Ela respondeu.

Eu sorri carinhosamente.

— Como se minha vida não estivesse ruim o suficiente... – Rosnou Anúbis. – Essas irmãs infernais estão juntas novamente!

— Não exagere, Anúbis! Elas são legais! – Protestei.

— Legais?! São demônios e vão acabar com a paz no Egito!



Bastet, o que você fez comigo?!Onde histórias criam vida. Descubra agora