Know the water's sweet but blood is thicker.

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Heliópolis estava cheia

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Heliópolis estava cheia. Tão cheia que quase não parecia que um deus milenar e potencialmente mortal estava à solta. 

A cidade do Duat vivia sempre abarrotada de gente e sua concentração maior era no mercado, que, visto daqui de cima, parecia um minúsculo formigueiro. 

Me apoiei na mureta branca e bem adornada, sentindo o vento quente de fim de tarde bater contra meu rosto.

— Eu juro, seu cabelo ficaria incrível com mechas vermelhas! - Exclamou Buquê, atrás de mim. 

— Nem vem, não vou te deixar encostar no meu cabelo! - Respondeu Daisy, risonha.

Eu sorri, não precisando me virar para visualizar a cena. 

Estávamos no castelo de Hórus, em seu imenso, e incrivelmente belo, jardim. Em meio a árvores raras, flores exóticas e uma grama perfeita, Buquê e Daisy se divertiam na piscina do deus da guerra, grande o suficiente para abastecer uma cidade por pelo menos dois dias. 

As duas haviam se tornado unha e carne. 

Buquê e Daisy andavam juntas para cima e para baixo e isso me preocupava ao mesmo tempo que me aliviava. Buquê distraía Daisy, o suficiente para eu não ter visto em nenhum momento desde que saímos da nossa prisão, tristeza no rosto da menina. Ela acordava e ia dormir sorrindo, saboreava cada momento da vida com entusiasmo, e Buquê estava com ela. Entretanto, eu não conseguia deixar de pensar em quando a doença de Daisy ficasse avançada o suficiente para ela não conseguir mais sorrir. Será que esse dia chegaria? Ou quando ela partisse, céus, Buquê ficaria arrasada e teria um breve vislumbre de como seria quando eu partisse. 

Eu suspirei, voltando minha atenção a cidade lá embaixo. 

Era prazeroso vir ao castelo de Hórus, principalmente por causa da vista. Ele morar em um dos castelos mais altos da cidade não era só o privilégio de um deus extremamente importante, como também era um pedaço de paz, onde você podia se esconder daquela loucura toda. 

Eu amava meu castelo lá embaixo. Amava ver o movimento de perto e estar próxima a agitação, mas agora, eu daria tudo para ter um pedaço daquela paz. 

Daqui eu conseguia ver algumas árvores do meu jardim, minúsculas como de uma maquete; o castelo de Ísis e Osíris um pouco mais para baixo e o de Anúbis, mais próximo do meu do que do deles.

Minha pele se arrepiou e eu me debrucei mais. Anúbis não estava ali, eu sabia, mas...

Balancei a cabeça, expulsando aquelas drogas de pensamentos, forçando meu cérebro a voltar sua atenção a paisagem.

Se eu olhasse para cima, por trás das grandes torres brancas do castelo de Hórus, veria a ponta do castelo mais alto: o de Rá. 

Eu não estava preocupada em meu pai me ver aqui, tinha certeza que Rá não estava em casa e sim junto aos outros no salão dos deuses, se preparando para mais uma reunião que, de acordo com o relógio pendurado em meu pulso, começaria daqui a 5 minutos. 

Bastet, o que você fez comigo?!Onde histórias criam vida. Descubra agora