If you.

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PDV BASTET

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PDV BASTET. 

Meus dedos se arrastaram pelo mármore da pia do banheiro e eu grunhi, forçando minhas pernas a permanecerem firmes, ignorando a vontade de deitar naquele chão frio. 

Levantei a cabeça devagar, olhando meu reflexo no espelho, questionando quem era aquela pessoa refletida ali. 

Meu cabelo estava bagunçado, embolado pelos quase três dias que eu sequer havia saído da minha cama. Eu tinha olheiras, escuras e sombrias, que se estendiam até a maçã do meu rosto e minha boca estava tão seca que eu não sabia mais como engolir. 

Na minha frente estava um pote vazio de pomada feito por Ísis. Como sempre, suas instruções foram claras e certinhas: Me disse que tinha efeitos anestésicos, que ajudariam a cicatrizar a ferida em minha panturrilha e que eu deveria passar uma vez por dia durante 10 dias. 

Ótimo, não é? 

Ótimo uma porra. 

A pomada milagrosa feita para 10 dias havia acabado ontem a noite e mesmo assim minha perna doía como se estivesse sendo cozida. 

Eu já tinha sido ferida por Apófis um milhão de vezes. Era algo normal, comum para mim. Não existiam remédios no fundo do Duat, então eu sempre fui bem resistente, sarando quase instantaneamente, sem problema algum. Mas aquela dor era diferente. Eu nunca senti algo tão lancinante, intensa o bastante para parecer se infiltrar profundamente no meu corpo, capturando toda a minha atenção e tornando-se o centro da minha existência a mais de 48 horas. 

Tudo começou pouco tempo depois que eu acordei e consegui expulsar a todos com o pretexto de querer ficar sozinha para pensar e planejar como achar Apófis, quando na verdade eu sabia desde o primeiro segundo que abri os olhos que havia algo errado. 

Hórus só havia aceitado sair quando me fez jurar que eu estava bem e eu jurei. Menti para ele e menti para Sekhmet, ligando duas vezes por dia e forçando minha voz a parecer minimamente saudável.

— Deusa das deusas? - Indagou Buquê, girando a maçaneta da porta que graças aos deuses eu tinha trancado. 

Fechei os olhos apertados.

Eu não queria receber ninguém, mas seria impossível deixar Buquê longe sem chamar a atenção. Se eu dissesse que ela não podia vir, mesmo que inventasse um motivo muito plausível, Sekhmet apareceria no meu castelo no minuto seguinte. Eu não queria que ela viesse aqui. Não queria que ela visse que tinha algo errado comigo.

— Buquê… - Falei, pigarreando baixo para tentar melhorar meu tom de voz. - Eu vou tomar um banho. 

Eu tinha me enfiado no banheiro antes que ela me visse. Assim que ouvi seus passos no corredor, entrei e me tranquei. 

Meu plano era tentar descobrir qual era o problema antes que qualquer um percebesse, mas hoje eu sequer conseguia raciocinar com essa maldita dor. 

— Ah, certo! Precisa de ajuda? Sais de banho? - Sugeriu. - Comprei um óleo de Orquídeas no mercado hoje mais cedo. Me disseram que ele é calmante e um ótimo relaxante muscular… 

Bastet, o que você fez comigo?!Onde histórias criam vida. Descubra agora