Corte de Sonhos e Luz. - Luriel

Capítulo 1

Odiava aquele lugar.

Odiava ter que estar ali.

Odiava ter que ir a aqueles jantares de Feyre, onde sabia que todo mundo ali me odiava.

Odiava as lembranças, as imagens.

"Você desistiu de mim" Feyre uma vez disse.

"Você o escolheu, mesmo me vendo definhando" Ela disse, e era verdade. Mas eu não podia fazer nada.

Odiava estar ali porquê todo mundo tinham motivos para ódia-lo e eu entendia cada um, mas não quer dizer que não machucava.

A imagem de Jesminda morta na minha frente, os açoites de Tamlin, a tortura na Corte Outonal, Os abusos e assédios.

Recebi todas aquelas imagens em minha mente, enquanto estava na sala de jantar com o Círculo Íntimo de Feyre.

Ela me perdoou, eu não merecia, mas ela me perdoou. Os amigos dela não, jamais iriam. O que tornava tudo mais sufocante e desagradável, saber que estava em um lugar em que ninguém gostava de sua presença era perturbador, as piadas, as indiretas, tudo era como uma flecha de freixo sendo atirado contra cada órgão vital e tudo parecia me matar aos poucos, cada vez mais.

Eu estava destruído, acabado e sem rumo, não tinha motivos pra continuar ou ficar. O fato era que ha anos estou somente existindo, uma parceira que ignora minha existência e não cobro, respeito o espaço dela, a vida dela e quero que seja feliz, uma amiga com uma maldição, um amigo que também estar tão perdido quanto eu e uma família que me odiava, eu só queria por um momento deixar de existir.

Mas infelizmente eu estava ali, na casa de Feyre e seu parceiro que também me odiava, com uma imediata que de vez em quando fazia piadas sobre minha aparência ou mais especificamente meu olho, um general que ria junto dela, uma loira que me odiava porquê fazia se lembrar do meu irmão, um encantador de sombras que me odiava devido querer minha parceira e não pode tê-la, eu sinceramente queria morrer e nunca mais pisar aqui. Talvez essa fosse sua punição, por não ter feito nada pra salvar sua amiga, mas eu me pergunto "como que alguém também quebrado pode salvar outro?"

Quatrocentos anos de tortura física e psicológica também são dolorosos, são de se fazer afundar cada vez mais num abismo. Antes eu usava o sarcasmo para tapar uma ferida, para tentar fingir que estava me curando, mas quando tudo aconteceu sob a montanha e então com os abusos de Tamlin e depois Ianthe, eu simplesmente não conseguia fazer isso, eu estou cansado e desistindo de tentar. E tudo tinha um limite e eu sentia ele já ultrapassando.

- Pequeno Lucien, por que tão calado? Pensei que gostasse de se ouvir falar – Disse Amren depois de um tempo, me tirando dos pensamentos – Ou vai me dizer que a vaca da Amarantha também tirou sua língua? - Uma cobra bem venenosa, era isso que aquela mulher era. Como sempre manterei a calma, para essas provocações ridículas.

-Não, só quis ficar quieto ou não posso fazer isso? - Respondi indiferente.

- Não, não. Pode sim é ate preferível que fique assim – Vi Feyre se remexer incomodada, ela não falaria nada com ela e nem com ninguém, ali era a família dela, quem a salvou do abismo. Tentava ajudar o máximo que conseguia, mas aquele ódio que todos sentiam não podia mudar.

- Pois então se puder também me deixar quieto seria melhor – Respondi novamente indiferente.

- Como estar petulante hoje, querido Lucien – Cassian dessa vez, revirei os olhos já estava começando a me irritar. - Devo lembrar que só veio por causa de Feyre? E também só tem uma emprego por causa da amizade com ela?