Em um piscar de olhos um mês tinha se passado rapidamente, Helion tinha me mostrado toda a beleza da Corte Diurna, as praças com todos os feéricos, seus cavalos alados chamados pegasus, caçamos juntos na floresta e mostrei a ele como sou bom com Arco e Flecha.
Tinha também os teatros, mas ele disse que as peças apresentadas ali não eram muito o meu estilo, julguei que era alguma espécie erótica de peças teatrais. Sempre fazíamos as refeições juntos, ele realmente estava mais do que disposto para recuperar o tempo perdido.
No entanto, apesar de eu aproveitar tudo com ele, ainda não tinha certeza de muita coisa, ainda estava receoso. Eu estava acostumado a tudo ser tirado de mim quando tinha um momento de felicidade e meu medo de perder tudo de novo me prendia, como uma corrente invisível.
Tinha medo de me entregar totalmente ao sentimento e então tudo desabar novamente, o processo de cura era longo, tortuoso e sofrido, mas saber que pelo menos dessa vez eu não estava totalmente sozinho me dava esperança.
Esperança de vencer o vazio e a tristeza, de vencer a escuridão que pousou no meu coração a anos, de vencer qualquer que fosse os próximos obstáculos, pelos menos dessa vez, eu não estava sozinho.
E agora, sentado na poltrona no escritório de Helion com ele a minha frente lendo e organizando alguns relatórios, fiquei divagando em meus pensamentos até uma dúvida brilhar em minha mente.
- Quem é essa mulher dos quadros? - Já havia visto ela em pelo menos dez quadros no palácio e até agora nunca tinha perguntado dela.
- Minha irmã mais nova. - Disse olhando para o quadro que eu também olhava, nunca ia me cansar de dizer o quanto ela é linda.
- E o que aconteceu com ela?
- No reinado de Amarantha, todos fizeram sacrifícios para proteger suas cortes – Disse suspirando.
-Ela morreu?
-Não, mas teve que sacrificar seu corpo para poder proteger a Diurna. Quando Amarantha roubou os poderes dos Grão-Senhores eu só tive tempo de avisá-la e pedir para que cuidasse da corte, mas todos os anos aquela bruxa tentava entrar aqui e queimar nossos livros, até que um dia conseguiu. Minha irmã fez um feitiço, um escudo usando o próprio corpo e o transformando em apenas poeira invisível que cegava e levava a loucura qualquer um que tentasse entrar aqui com a intenção de matar ou machucar meu povo. - Helion fez um pausa respirando fundo e se recostando mais a cadeira – Desde que voltei venho tentando quebrar o feitiço para trazê-la de volta, mas é quase impossível sem os livros que foram queimados naquele dia.
-Mas se ela está conectada a corte, por que você não tenta refazer o feitiço e então quebrá-lo?
- Não consigo fazer isso sem o livro específico, de milhares de livros que foram queimados meu povo só conseguiu salvar páginas.
- Eu poderia pesquisar nessas páginas, não estou fazendo nada por enquanto mesmo.
-Levaria anos.
- Tempo não é problema para alguém imortal – Pisquei rindo e ele retribuiu – Além do mais, ficar só passeando e andando por aí me deixaria com a sensação de inutilidade.
- Mas eu disse que você poderia se alistar para o treinamento dos soldados – Ergueu uma sobrancelha.
- E eu vou participar – Pela mãe, tenho preguiça só de pensar – Só estou me dando uma folga, depois de amanhã eu vou começar, já até fiz o alistamento – Infelizmente era verdade, mas era isso ou morrer de tédio.
- Sei, mas enfim deveria subir e descansar até o jantar.
- Você é quem devia descansar na sua idade já deve cansar fácil – Brinquei – Eu não fiz nada além de andar pela cidade e ir nos estábulos.
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Corte de Sonhos e Luz. - Luriel
FantasíaOdiava aquele lugar. Odiava ter que estar ali. Odiava ter que ir a aqueles jantares de Feyre, onde sabia que todo mundo ali me odiava. Odiava as lembranças, as imagens. "Você desistiu de mim" Feyre uma vez disse. Lucien está quebrado e se afundando...