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Algumas pessoas se juntaram para comer ao redor da fogueira, Denahi e Oneida estavam sentados juntos. Conversavam e davam risadas. Nayeli apenas os olhou de longe, orgulhosa. O dia do casamento se aproximava. Não queria atrapalhá-los, então Nayeli decidiu se sentar debaixo do grande salgueiro que tinha ali, por trás dos teepees. Seu pai, tia Dakota, Kenai e seus pais estavam lá, então foi lhes fazer companhia. Carregava consigo uma tigela com carne de lebre assada. Não comeria, não daquela vez. Ela se sentou ao lado de seu pai e ele lhe deu um beijo na cabeça.
- O que você tem aí? - ele disse, dando um sorriso e se inclinando para ver o que tinha na tigela
- Pegue - ela sorriu, o oferecendo a tigela - Não coma tudo, trouxe um pouco para todos.
Dakota riu ao vê-la rejeitar a carne, e Nayeli a olhou com o semblante assustado, mas depois deu um sorriso.
A tigela passava pela mão de cada um dos que estavam ali, aparentemente todos estavam famintos. Nayeli procurou por Kenai e o viu escorado no tronco da árvore, apenas saboreando a lebre assada, parecia desanimado.
- Sora disse que os caçadores não estão encontrando muitos búfalos. - Wichahpi comentou, olhando para Tala
- Está começando... De novo... - Tala lamentou
Nayeli olhou para todos, procurando por alguma explicação, ansiando pela resposta, mas não encontrou nada. Engoliu saliva e tratou de perguntar.
- O que está começando? - sentiu-se a pessoa mais ingênua por ter feito tão pergunta
- Assim que o inverno chega, os brancos começam a caçar os bisões, matam todos que encontram. - seu pai respondeu, sem olhá-la. Dasan olhava para o horizonte, para as montanhas preenchidas pelas árvores. Sentiu um aperto no coração. A realidade não parecia o ferir tanto quando estava apenas em seus pensamentos.
- É uma época difícil, não se encontra comida facilmente e eles sabem disso - Tala comentou
A conversa continuou. Tinha um ritmo um tanto desanimador, mas Nayeli entendia. A situação estava se complicando. Por quanto tempo mais ficariam ali? Não haviam planos de guerra, mas e se fosse necessário? Estariam prontos? Nayeli sabia que a cavalaria ou os mandados do condado de Jefferson poderiam estar procurando pelas aldeias comanches, - buscando uma espécie de revanche, após as tentativas falhas de adentrar o território indígena - e uma forma mais fácil de fazê-lo era encontrar primeiro os comanches, vagando por comida em meio às planícies. Depois de um tempo apenas ouvindo a conversa sobre bisões, invernos e brancos, decidiu ir até a lagoa novamente. Algo dentro dela a impulsionava a voltar ao lugar mais perigoso que já estivera em toda sua vida, e, por tudo que lhe era mais sagrado, como adorava aquele lugar... Ele havia ficado um pouco mais interessante, despertava cada vez mais sua curiosidade, graças ao homem de cabelos amarelos que, aparentemente, sempre passava uma parte de seu dia lá.
Assim que chegou, Nayeli olhou para todos os lados procurando pelo rosto pálido, despistadamente, para não chamar atenção caso ele estivesse lá. Mas não o encontrou.
De fato, queria vê-lo novamente, mas devia? Até onde sua curiosidade não poderia armar uma cilada? Por mais errada que estivesse em querer permanecer ali, o desânimo a consumiu. Molhou seus pés e seguiu para dentro da água até chegar em uma rocha que ficava dentro da lagoa. Ao subir a rocha, se sentou sobre ela. A pedra quente quase lhe queimava a pele, mas não se importava. De certa forma, aquilo lhe causava uma sensação boa. Dali de cima podia ver os mais variados peixes sem assustá-los, e quando estes se aquietavam debaixo da água, Nayeli podia observar melhor seu rosto, encarar seu reflexo na água. Como podia ser tão diferente de Olhos Azuis? O nariz e a boca finos, os cabelos levemente ondulados e amarelos, a pele clara... Ela não tinha nada daquilo, ninguém da aldeia tinha! Ela escorou seus cotovelos nas coxas das pernas e apoiou o rosto nas mãos, continou olhando seu reflexo, somente para passar o tempo, já que não pretendia ir embora tão rápido.
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Ventania [NÃO FINALIZADO]
Storie d'amoreA vida de Nayeli parece voltar à normalidade quando os guerreiros, e consequentemente seu velho amigo, retornam à aldeia após muitos conflitos no oeste. Entretanto, as coisas começam a alarmar a vida monótona que o povo comanche levava no pacífico C...