30 - O fim de uma era

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🟣P.O.V. Ágatha.

...

- Como assim vai depender de mim? - perguntei.

- Posso acabar com isso, posso deixar todas as comunidades em paz e fingir que nunca existiram. - ele começou. - Mas você vai voltar para o santuário e nunca mais irá pisar em Alexandria.

- O QUE?! COMO PODE ME PEDIR ISSO!? - grito me levantando num gesto bruto.

- Se não quiser ficar, essa guerra continuará até que uma das comunidades estiver destruída. Sei que não quer isso. - seu tom era calmo e controlador. - A escolha é sua Tatá. Eu só quero minha filha de volta, nada mais.

Talvez esse seja mesmo o melhor caminho.

- Não pode me o obrigar a isso. - digo quase rangindo os dentes e balançando a cabeça. Sinto meu estômago revirar.

- Não estou te obrigando a nada. Estou tentando fazer um acordo aqui. - diz se levantando e mantendo seu olhar fixo em mim.

- Estou tentando fazer a coisa certa, estou tentando ajuda-los. - digo - Eu não sou a vilã aqui.

- Nunca disse que você era. Se pensar bem, aqui não existe o herói e o vilão. - diz caminhando até mim - Somos todos sobreviventes que querem protejer seu povo. - diz apoiando seus cotovelos no braço da poltrona. - Pessoas são recursos e você está sendo o recurso deles.

- O que quer dizer com isso? - pergunto indignada.

- Rick vê você como um recurso para atingir a mim. - como ele pode dizer isso?

- Isso não é verdade. - digo. Suas palavras fazem sentido, mas não quero acreditar. Sinto um amargo subir pela minha garganta.

Ele se levantou caminhanto até mim parando em minha frente.

- Você está tão diferente. Parece não enxergar mais as coisas - ele me encarava como se eu fosse uma criança indefesa. - Está vulnerável...

- Não! - digo num reflexo rápido sentindo o amargo em minha boca aumentar - Eu não estou vulnerável, eu só... - não consegui montar uma frase coerente.

Ele tem razão.

- Não precisa responder agora, filha. Mas eu não irei mudar de idéia. - quando se virou pronto para deixar a sala eu disse:

- Ta bom. - arranco essas palavras do fundo de mim - Se for pelo bem de Alexandria - respiro fundo e engolindo seco - eu aceito. - Um nó se formou em minha garganta.

Ele sorriu e disse:

- Boa escolha, filhota. - diz passando seus braços por cima dos meus ombros me puxando para um abraço.

Sentia falta de estar com meu pai, dos treinamentos e até de dar ordens por aí. As pessoas que eu gostava estavam lá. Mas a pessoa que eu mais amava estava aqui.

- Mas afinal o que queria me contar? - perguntou desfazendo o abraço e me encarou.

- Eu... - penso se deveria falar sobre Carl e eu, afinal, em que isso mudaria? - Ajudei uma criança hoje.

- Sério?

- Ela esta com uma infecção nos pulmões e não tinha pontos para pagar por remédios - continuei - está sendo tratada agora.

- Foi uma atitude e tanto. - diz - Atitude de uma líder. - fez uma pausa - Depois vou até a enfermaria ver isso.

Quando atravessei a porta, senti que iria vomitar. Cobri minha boca com as mãos forçando a me recompor. Mas quando cheguei em meu quarto eu desmoronei e vomitei tudo o que havia em meu estômago.

Quando já estava melhor comecei a conversar com Carl. Tentei evitar contar agora do que se tratava a conversa com meu pai, mas as palavras começaram a sair disparadas da minha boca.

A reação dele foi como eu esperava. Ficamos os dois com raiva e acabamos discutindo. Deixei ele sozinho e saí em passos rápidos sem um lugar certo para ir.

Talvez eu tenha exagerado, acabei jogando tudo em cima dele e essa não era minha intenção.

Eu amo aquele garoto e não tenho focado muito nisso. Quero fazer a coisa certa, mas de uns tempos para cá eu só tenho machucado as pessoas em minha volta.

Caminhei até a porta que dava ao terraço. Quando cheguei no topo do prédio, uma brisa fria bateu em meu rosto.

- Por que ele agiu assim comigo?! Eu só quero ver o bem dele! - grito enquanto gesticulo andando de um lado para o outro. - Ele teve a coragem de colocar a Judith e o Ron no meio como se eu não tivesse fazendo isso para o bem deles!

Paro um minuto e sinto meu coração bater como uma marreta contra minhas costelas e a veia de meu pescoço pulsar. Esvazio meus pulmões num suspiro lento, tombo minha cabeça para trás respirando fundo, numa tentativa de me acalmar olhando para o céu.

O sol se pondo formava uma cor alaranjada no horizonte, o vento pincelava o branco das nuvens pelo azul vibrante do céu, algumas estrelas já eram visíveis. Aquilo acalmava a qualquer um.

- Eu amo ele. Amo tanto que dói. - digo me sentindo calma.

Escutei o rangido da porta de ferro sabendo que alguém havia entrado. Pelos passos já sabia quem era.

- Como me encontrou? - perguntei cruzando os braços quando um vendo gelado chicoteou minha pele.

- Você gosta de observar o céu a noite. - a voz serena de Carl era como uma melodia. - Encontrei com Negan e perguntei o caminho do terraço. Foi só um palpite. - escutei seus passos se aproximando. - Não quero que fique. - aquilo foi quase uma súplica. Senti suas mãos se apoiarem em meus ombros acariciando meus braços.

Se eu contasse que estou escolhendo ficar para protege-los ele não vai aceitar que eu fique. Vai dar outras soluções e me convencer a voltar, mas sei que essa é a decisão mais racional.

- Mas eu quero ficar. - minto. Carl sempre entendeu e respeitou minhas escolhas, pelo menos até agora. - É uma escolha minha. A única coisa que peço é que aceite isso.

Eu me viro e ficamos cara a cara. Seu semblante era triste e compreensivo. Ele encostou sua testa na minha seu nariz gelado roçou no meu.

- Eu amo você. - digo num suspiro. Na esperança que ele entendesse, na esperança que ele acreditasse. - E isso nunca foi um problema.

O que eu havia dito mais cedo, que nosso amor talvez seja o problema, havia saído da boca para fora.

- Eu sei - diz como se pudesse ler minha mente. - Eu amo você.

Senti seus braços rodearem meu pescoço me puxando para um abraço. Subi minhas mãos pelas suas costas apoiando as em seus ombros.

- Então é assim que acaba? - sua voz transbordava tristeza e percebi o choro entalado em sua garganta.

- Acho que sim. - virei meu rosto fazendo com que meu ouvido colasse em seu peito, podendo ouvir seus batimentos cardíacos. Seu coração estava acelerado. Ele apoiou seu queixo em minha cabeça enquanto acariciava meus braços.

Talvez essa seja nossa história: dois adolescentes que se amavam, mas, não poderiam ter um final feliz, porque estavam de lados diferentes e com destinos diferentes.

Continua...

Depois de tanto tempo chegamos ao fim da guerra entre Alexandria e o santuário.
Ou será que não?

Até o próximo capítulo <3

savior's daughter | Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora