32 - Um passado sangrento.

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Flashback on

Lucille e Ágatha estavam no carro. A mãe da garota havia feito uma consulta no hospital e havia acabado de descobrir o câncer.

- Você vai ficar bem, não é? - perguntou a menina com seus olhos brilhando pelo reflexo das lágrimas.

- Vou sim, meu amor. - a mulher diz segurando o choro e acariciando o braço da filha. - Vou ligar para o seu pai vim nos buscar, não estou em condições de dirigir.

Pegou seu telefone e discou o número do marido, suas mãos trêmulas fizeram com que errasse os dígitos algumas vezes até conseguir realmente ligar. O toque do celular se repetiu diversas vezes até cair na caixa postal.

- Que droga, Negan! - a mulher diz num tom nervoso. Teve a idéia de ligar para uma amiga, mas ela também não atendeu. Uma clareza a atingiu ao ver os dois nomes na lista de contato, um embaixo do outro.

- Mamãe? - Ágatha chamou quando sua mãe ficou algum tempo encarando o celular.

- Filho da puta. - sussurrou com raiva. - Como ele pôde? Como eles puderam fazer isso comigo? - Lucille, que já não fazia questão de segurar o choro, desmoronou e jogou o celular no banco de trás fazendo Ágatha arregalar os olhos.

- Ei. - a menina diz segurando os braços da mãe, que batiam diversas vezes no volante num gesto bruto, seu toque gentil fez a mulher relaxar os braços e a encarar. - O que aconteceu? - perguntou preucupada pelo seu estado, Lucille percebeu que estava dando aquela crise na frente de sua filha e parou.

- Desculpe... - sua voz sai em um fio trêmulo - Oh minha filha. Me perdoa. - diz com remorso, ainda com os olhos vermelhos e molhados. - Não precisamos do seu pai, eu dirijo.

Ela disse e logo ligou o carro, a voz do homem ecoava de dentro do rádio, falava algo sobre mortos estarem voltando a vida. Mas isso não as chamou atenção quando Lucille colocou uma música e aumentou o volume.

Apesar dela ter se acalmado e de voltarem para casa rindo e cantando, Ágatha sabia que sua mãe não estava bem. Como ela poderia estar bem? Acabou de descobrir que tem câncer.

Embora seja nova e não tenha conhecimento algum sobre a doença, a pequena Smith sabia que aquilo não era bom, nem perto disso.

Depois de chegarem em casa, Lucille foi até a garagem e começou a revirar algumas caixas e prateleiras.

- Seu desgraçado! Como pôde me trair assim?! E ainda com a minha melhor amiga. - ela estava claramente alterada pela raiva, conversava sozinha num tom baixo mas ainda sim nervoso o que, de certa forma, deixava ainda mais assustada.

Mas, o que a mulher não percebeu era que sua filha estava na escada ouvindo tudo.

- Mamãe? - chamou preucupada, Lucille se virou num pulo e só aí a menina viu que ela estava com o celular grudado em sua orelha. Ela havia ligado diversas outras vezes e estava deixando um recado na caixa de mensagens de Negan. logo o afastou o aparelho do rosto desligando a chamada e o guardando no bolso.

- Oi, meu amor. - respondeu limpando as lágrimas em seu rosto.

- O que está procurando? - perguntou a mais nova descendo os últimos degraus da escada.

- Nada, só... - respirou fundo, fazendo uma pausa. - nada, filha. Vamos subir. - diz indo até a escada e com a mão nas costas da ruiva para guia-la.

Já estava anoitecendo, Ágatha estava em seu quarto sentada em sua cama com a pistola de seu pai nas mãos - que era exatamente o que Lucille procurava na garagem.

A menina não sabia atirar, Negan havia dito que iria ensina-la quando estivesse mais velha mas Lucille nunca concordou. Mal sabia pegar em uma arma com suas pequenas mãos e não tinha forças o suficiente para aguentar o coice.

savior's daughter | Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora