Capítulo 6: Eu desejo coisas que irão me destruir no final.

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𝐏𝐚𝐫𝐢𝐬, 𝐝𝐨𝐢𝐬 𝐦𝐞𝐬𝐞𝐬 𝐚𝐭𝐫𝐚́𝐬.

𝐏𝐎𝐍𝐓𝐎 𝐃𝐄 𝐕𝐈𝐒𝐓𝐀: 𝐃𝐑𝐀𝐂𝐎 𝐌𝐀𝐋𝐅𝐎𝐘.


Nós não somos amigos. Nós nunca fomos.

Então porque essa sensação me queima por dentro toda vez que eu a vejo?

Me encaro no espelho impaciente conforme as baladas eclodem seu som pela sala de jantar inteira anunciando pontualmente seu horário: Uma da manhã.

O cheiro do metal era sufocante o suficiente para prender a lucidez por horas, o silêncio era mortal conforme a cobra se arrastava pela própria podridão sob nossos pés. O animal farejava o temor de cada homem ou melhor presente enquanto seu mestre não se fazia presente.

Os olhos reptilianos brilhavam ao abocanhar a origem do mal cheiro da sala: corpos já sem vidas, multilados no topo da mesa flutuante. Quando a criatura maligna termina seu banquete majestoso, um pequeno soar é ecoado pela sala silenciosa.

— Espero não ter me atrasado o suficiente para deixá-los entediados. — Minha visão fugiu do espelho caminhando lentamente em direção ao dono daquela voz tão perniciosa. Minhas mãos se mantinham fechadas sobre a mesa em sinal de respeito. — Vejo que não foi o caso. — O dono da voz estava assustadoramente realizado, porém havia algo dentro de mim que me proibia em olhar para seu rosto para comprovar. — Concorda, Rabicho?

— Sim, MiLorde. — A voz do indivíduo era esganiça, seus olhos eram miúdos e pequenos o suficiente para demonstrar o tremor conforme o Anfitrião se dirigia a ele.

Rabicho tinha entre seus dedos trêmulos alguns fios de seu cabelo grisalho e ruivos, certamente arrancados de ansiedade de seu couro cabeludo com várias falhas. O homem se reprimia como uma criança assustada em sua cadeira escura, e quando o Anfitrião passará a mão fina e pálida sobre sua cabeça, o homem manteve seu corpo rígido feito uma pedra.

— Excelente. — O Anfitrião diz, deslizando pelas costas de todos os convidados até chegar na sua cadeira na ponta da mesa. — Hoje eu gostaria de propor um brinde a todos vocês, creio que a recompensa dessa batalha que iremos travar é o poder, e nada é mais precioso que o sabor de uma grande vitória. — Taças de cristais surgem sobre a mesa e logo são preenchidas por um licor de cor alaranjada, um breve sorriso estranho aparece na faceta pálida do Anfitrião. A figura levantou a taça delicada acima de seu ombro abrindo ainda mais seu sorriso diabólico com seus dentes velhos e tortos. — Quero que todos aqui sejam tratados com a devida relevância, porque, afinal, dentro de alguns meses, os nossos sonhos se encontraram com seu felizardo destino.

O Anfitrião dá a beça e todos levam suas taças até suas bocas com certa relutância, o líquido alcoólico era mais forte do que qualquer coisa que eu já havia experimentado em toda minha vida.

— Apesar do que suas imaginações limitadas deixaram pensar, o sangue nojento em minha mesa de jantar, posso afirmar que, as famílias de bruxos de sangue ruim não serão nosso alvo. — Consigo ouvir alguns convidados bufares desanimados enquanto se deliciam com a taça ainda cheia. — Não agora. Tenho planos maiores do que me importar com criaturas irrelevantes para nós, porém. — Ele enfatiza, puxando sua varinha consigo. — Qualquer ser que ousar conspirar contra nós, irá morrer.

— E qual será nosso próximo passo, MiLorde? — Scanblor sussurrou confuso para seu mestre, porém os olhos escuros estavam repletos de uma luxúria que havia sido alimentada algum tempo pelo próprio ego do bruxo.

Um desdém surge da faceta pálida do Anfitrião que odiava ser interrompido. Os olhos reptilianos da cobra o encaram com ódio e desejo, talvez com uma vontade de devorá-lo também. Scanblor preenche o silêncio da sala com seu coração palpitando rapidamente em seu peito, o que fez o Anfitrião rir e criar com sua varinha uma pequena nuvem negra em cima da mesa.

O último verão de nossas vidas - Mattheo Riddle.Onde histórias criam vida. Descubra agora