Capítulo 3: Olho no olho de Edvard Munch.

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𝐏𝐚𝐫𝐢𝐬, 𝐝𝐨𝐢𝐬 𝐦𝐞𝐬𝐞𝐬 𝐚𝐭𝐫𝐚́𝐬.

𝐏𝐎𝐍𝐓𝐎 𝐃𝐄 𝐕𝐈𝐒𝐓𝐀: 𝐌𝐀𝐓𝐓𝐇𝐄𝐎 𝐑𝐈𝐃𝐃𝐋𝐄

Não fique perto dela.

Era minha única regra. A única que eu fiz a mim mesmo e prometi seguir à risca, mas estava prestes a quebrar.

Respiro profundamente, meus braços estão cruzados sobre o peito, enquanto observo Nickolai analisar a herança que, em alguns instantes, não será mais minha.

— Até aonde você iria por vingança? — Vieve pergunta. Seus olhos estão em nós três e em ninguém ao mesmo tempo.

— Ele é Mattheo Riddle, caralho. — Nathaniel responde delicadamente sorrindo. Um brilho surge em seu rosto e então, Nickolai aponta sua varinha para a casa, a incendiando.

Um sorriso diabólico surge no meu rosto. Puta merda, isso é bom para caralho.

Encaro a construção antiga ser engolida lenta e dolorosamente pelo fogo, as chamas alaranjadas brilhavam pela minha íris enquanto o som do fogo aumentava. Nickolai uivou feito um cachorro abandonado aparatando até parte de trás da caminhonete velha de Nathaniel, que fez o mesmo batendo seu peito contra o de Nick.

— Você acha que queimando essa casa velha, ela virá atrás de você? — Vieve disse calmamente a pelo menos 200 metros de distância de mim, sua cabeça estava reta encarando a janela principal explodir com a alta temperatura sem desviar seu olhar para os dois idiotas que abriram uma garrafa de uísque.

Era um jogo, tudo isso. Ninguém a conhecia. Ninguém a conhecia como eu. Eu sim, a conhecia e sabia o tanto que ela era boa nesse jogo.

— Não é uma casa velha. — Respondo. — É a casa que Phineas Burke deu para ela.

O último local que estivemos juntos.

— Você é sádico. — Vieve retruca virando seu tronco para trás casa, encarando com seus olhos Nickolai tirar sua camisa.

— Eu conheço minha garota. — Minha garota. Repito isso mais uma vez em minha mente antes de aparatar até o volante da caminhonete, acelerando o veículo velho.

Foram 7 longos anos, e admito. Eu me saí muito bem ignorando-a e me escondendo dela por todos esses anos, mas o que todos sabiam que ela é minha obsessão.

Eu precisava ser paciente, e eu fui.

Agora era o momento perfeito, ela estava vindo até mim e eu estava sozinho.

E a melhor parte? Ela não tinha a menor ideia disso. Ela não fazia a menor ideia que eu estava indo atrás dela, ou melhor, eu estou atrás dela, lendo cada pensamento e observando nas sombras.

Quanto mais perto você chegava de algo belo, menos bonito se tornava. O fascínio se encontrava no mistério, não na aparência.

Encaro a estrada vazia com o pé afundando cada vez mais no acelerador, meus amigos gritam descontroladamente e viram a garrafa em suas bocas, derramando a maior parte do líquido em seus abdomens nus.

— Ela é tão meiga e inocente, não é? — Vieve fala entre dentes com um sorriso maldoso em seu rosto. Encaro a garota do meu lado lendo um exemplar do Profeta Diário, sua unha longa e pontiaguda pintada de preto aponta para a fotografia dela, usando um vestido preto curto demais para uma garota como ela, me pego imaginando o que ela deveria estar fazendo.

— Ela não é nenhum dos dois. — Respondo entredentes.

— Talvez não. — Vieve caçoa me vendo engolir em seco mordendo o maxilar, meus olhos estavam na estrada novamente. — As tímidas costumam ser as piores, no fim das contas.

— Aposto direitinho que o teu primo sabe nos dizer direitinho o quão má ela é. — Por Merlin. Era por isso que Vieve andava conosco. — Até poderia pedir para ele dividir ela comigo.

— Draco é a última pessoa a saber algo sobre ela. — Cuspo as palavras, encarando-a. — Desce da porra do carro.

— Deixe de ser dramático. — Vieve revira os olhos com o cenho franzido em total confusão. — Não vou falar de comer sua namoradinha de novo.

— Uau! Vamos comer a Lady Burke? — Nathaniel enfia sua cabeça pela janela aberta do lado do passageiro, onde Vieve estava. — Posso ser o primeiro? Prometo que serei gentil.

— Cale a boca, Nate. — Nickolai grita descendo da picape. — Você fode igual a um pré adolescente.

— E como você sabe disso? — Vieve grita.

— Pergunta pra namoradinha do Nate. — Nickolai grita de volta. O farol amarelo do carro ilumina sua cara, seus cabelos escuros estão molhados pelo banho de uísque, mas ele não se incomoda com isso. — Você sabe como ninguém que ele gosta de dividir.

— É verdade. — Nate confessa.

— Tão quieto, Matt. — Vieve me provoca. — Ninguém vai tocar nela.

— Cansei. — Digo bufando. — Vazem do carro, seus porras!

A noite dominava a estrada vazia, Vieve sai para fora e bate à porta com força, ecoando o som por todos os lados.

Genevieve Jong Su (종수) Yaxley não era como qualquer garota que eu conheci antes, e apesar dela ser a única garota em até o momento em Durmstrang, é quase impossível negar que, Vieve é incrivelmente bela.

Suas feições não são nada parecidas com as de seus pais, menos os traços sul-coreanos herdados de sua mãe.

Seus cabelos são escuros como o breu e seu rosto parece ser extremamente esculpido por mãos de artesões, ela era mais alta e mais magra do que as garotas normalmente eram, mas, mesmo assim, Vieve exala um sentimento poder e sexualidade sem ao menos tentar, digamos que, ela seja a única pessoa naquela maldita escola que não tenha feito eu botar fogo em cada sala.

E apesar de todos os boatos que nós cercam, Vieve e eu compartilhamos o mesmo gosto para mulheres e aos 16 anos fizemos uma pequena competição de quem pegava mais garotas em uma das viagem para visitar a avó de Vieve, a diretora a escola de Mahoutokoro, no Minami Iwo Jima.

— Não acredito que você está tendo mais uma crise de ciúmes. — Vieve indaga e Nickolai bufa. — Por que você se incomodou tanto com isso?

— Deixa ele, Vieve. — Nick diz debochadamente pegando algo em seu bolso. Ainda não sabia como aquele babaca ainda estava de calça. — Matt ainda não entende que, quando se trata de mulheres, não existe mais nada além de bucetas.

Quero quebrar o pescoço fino de Nick ali mesmo, mas tento me conter. Nickolai Mircheva Crouch é um delinquente juvenil, assim como todos nós. As ruas em sua testa se aprofundam conforme sua risada cicatriza em seu rosto perturbado.

Recostei-me na poltrona da caminhonete, passando meus dedos sobre meu queixo incapaz de encarar qualquer um dos idiotas iluminados pelo farol, irritado demais para poder gritar com eles. As paredes estavam fechando. Ela não era qualquer pessoa e eu não seria capaz de olhar ela sem desejá-la somente para mim.

Ela é minha. Ela seria minha.

Ronco o motor do carro e piso no acelerador. Foda-se. Não me dou o trabalho em levantar a marcha e sair queimando o pneu pelo resto da estrada, admirando pelo retrovisor o vestígio da casa pegando fogo como uma miragem.

Agora estava feito. E não havia como voltar atrás. Ela estava vindo.

O último verão de nossas vidas - Mattheo Riddle.Onde histórias criam vida. Descubra agora