it's just a thousand cuts.

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"Saying goodbye is death by a thousand cuts. Flashbacks waking me up, I get drunk, but it's not enough 'cause the morning comes and you're not my baby. I look through the windows of this love even though we boarded them up..."


Dizer adeus foi como uma morte por mil cortes. As recordações das muitas noites vividas junto a ele despertavam Violet a cada instante em que ela tentava esquecê-lo. Ela  tomava inúmeras taças de vinho todas as noites em seu quarto, sozinha. A embriaguez não era o suficiente, no entanto, pois a manhã chegava e a constatação de que ele não era seu se tornava pior. Ela observava através das janelas daquele amor, apesar de tê-las coberto com tábuas e não podia simplesmente fingir que tudo estava bem quando, na verdade, estava longe disso. Violet se sentia ingênua por ter se apaixonado por seu inimigo. O quão injusto foi o acaso. Encontraram algo tão verdadeiro que estava fora de seu alcance.

Ter de vê-lo nos dias de aula de Emma era doloroso. Violet pegava o caminho mais longo para casa. Perguntava aos semáforos se tudo iria ficar bem e eles sempre a diziam que não sabiam. O que antes era deles, não era de ninguém agora. Ela o via em todos os lugares. A única coisa que compartilhavam era aquela grande cidade.

Era um grande amor. Violet sabia. Mas se a história acabou, por que ela ainda estava escrevendo páginas sobre ele?

Solitária durante as noites que antes costumavam ser deles, Violet tentava encontrar uma parte dela que não havia sido tocada por ele. Seu coração, seu quadril, seu corpo, seu amor. Ele desistira dela como se fosse um vício ruim e agora ela procurava por sinais em uma inimizade assombrada. Seus medos sempre estavam ao toque das mãos dele. Manchas de corte de papel dos seus planos frágeis. Ela deveria saber que não se tornariam reais. Violet entregou tanto a ele, mas não fora o suficiente. Ela ficaria bem, no entanto. Eram apenas mil cortes.

[...]

Apesar do término, Violet desejava contar a seus pais sobre o que acontecera em seu quarto todas as noites dos meses passados. Não em detalhes, é claro. Mas sim, da história de amor que vivera ali, com ele, o improvável.

Tudo estava acabado, então ela desceu as escadas em direção à cozinha, sem medo. Seus pais tomavam café da manhã em silêncio, enquanto a pequena Emma brincava com suas bonecas na sala de estar. A visão de seus brinquedos trazendo uma lembrança específica que apertou seu coração. Com um sorriso comprimido, ela se aproximou da mesa e esperou que seus pais notassem sua presença antes de se sentar.

— Joaninha, podemos ajudar em algo? — Bruce perguntou atencioso, os olhos deixando seu tablet e pousando em Violet.

— Eu gostaria de revelar algo que vivi até algumas semanas atrás — despejou ela, de uma vez, o olhar fixo em suas mãos inquietas sobre seu colo.

— Claro, querida. Fique à vontade. — Bruce falou novamente. Charlotte apenas a olhava ocasionalmente, mais preocupada com o conteúdo em seu tablet do que com os dramas de sua filha.

— Luke e eu, nós... nós meio que namoramos por um tempo — ela soltou, cuidadosamente.

— O filho dos Hemmings? — A voz de sua mãe aqueceu os ouvidos de Violet. O olhar atento e determinado arrancando a pele de seu rosto.

— Sim. O filho de seus rivais — Violet sorriu tristemente, como se pedisse desculpas. Mas não se arrependia do que tiveram, seja lá o que tenha sido.

— Tudo bem, joaninha. Se importa de explicar como isso aconteceu? — A sobrancelha arqueada de Bruce entregava sua curiosidade e, principalmente, sua incredulidade.

— Sendo sincera, eu não sei. Eu o odiei por mais de dez anos. Eu o odiei como queriam, como deveria ser. Acreditava que ele era repulsivo, arrogante, mesquinho e ignorante como seus pais. Mas ele não é — ela abriu um grande sorriso. — Não passava de uma fachada. Uma fachada motivada pelo ódio que seus pais compartilham com vocês. Na verdade, ele é doce, atencioso, bondoso, afetuoso, dedicado, genuíno e tudo o que vocês menos esperam — seu pai observava atentamente a chuva de elogios que caía sob os lábios de Violet. — Eu tentei não me apaixonar. Eu tentei por vocês. Mas aconteceu. E eu queria que soubessem — ela se levantou. Sua alegação trazendo as recordações de volta por alguns segundos e, com isso, lágrimas tornaram sua visão turva.

— E vocês estão se relacionando agora? — Bruce questionou, notando a mágoa sobre o olhar de sua filha. Charlotte apenas a observava com um semblante tempestuoso.

— Não. Ele não quer desapontar os pais — seu olhar alternou entre Bruce e Charlotte. — E eu também não queria desapontar vocês. Me desculpem!

— Oh! Joaninha, você não nos desapontou! — Os olhos de Charlotte voaram em direção a seu marido, claramente não concordando com sua fala. — Não posso dizer que estamos completamente de acordo com o ocorrido, mas sua felicidade é o que importa. Ainda dá tempo de se apaixonar por outro cara, no entanto — ele concluiu, em um tom brincalhão, fazendo Charlotte suspirar em irritação.

— Charlotte? Minha felicidade é importante a você? — Violet ouviu sua mãe bufar antes de responder à sua pergunta.

— É claro que sua felicidade importa para mim. Não estou dando pulos de alegria, mas acredito que você saiba o que quer. No entanto, não creio que esse rapaz saiba. — E ela estava certa.

Luke ainda se segurava ao fio da rivalidade entre seus pais. John e Amelia Hemmings eram extremamente inflexíveis sobre o assunto e Violet não lhe culpava por sua decisão em dar um fim no relacionamento deles. No entanto, ela desejava ganhar o caso de sua história de amor junto a ele e o fato de saber que seu desejo não era recíproco partia seu coração em milhares de pedaços.

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