"You took a Polaroid of us, then discovered, the rest of the world was black and white, but we were in screaming color. And I remember thinking: are we out of the woods yet?"
As passagens de Luke pela janela do quarto de Violet já não eram mais um empecilho. Após várias noites de entrada e saída, ele já executava a tarefa com maestria. Todas as noites, sem exceção, o casal se encontrava secretamente no quarto dela. Aproveitavam todos os finais de noite e todas as horas da madrugada para se apaixonarem. Seus lábios se conectavam sem precisar ver, eles poderiam se encontrar no escuro ou a milhares de quilômetros de distância.
Com a hesitação indo embora, foram permitindo a entrada um do outro. Deixaram seus corações livres assumirem à liderança de todo e qualquer sentimento, que se tornavam cada vez mais claros. A cada conversa, um muro era derrubado. A cada beijo, o ódio era um sentimento inútil. Violet estava mais que contente em deixar a música dele encantar todos os cômodos de seu castelo. Ela se sentia livre na presença dele, como se pudesse ser quem realmente era, sem precisar de suas máscaras.
Entendeu que Luke não era — e nunca fora — arrogante e que, na verdade, tudo se tratava da influência que seus pais exerciam sobre ele, desde cedo pedindo, com certa ignorância, que o filho mais novo não se relacionasse de forma alguma com nenhum membro da família rival. Luke crescera sabendo que Violet era proibida e mesmo tendo certo interesse na garota que vivia em frente à sua casa, o desejo de agradar seus pais era maior.
No entanto, cada minuto passado ao lado de Violet mostrava a Luke o que sempre perdera. Sua postura de princesa não passava de um personagem que ela criara na intenção de esconder suas vulnerabilidades, que segundo ele, eram algumas das partes mais bonitas de Violet. Sua Julieta era encantadora em todos os sentidos e pela primeira vez, Luke não temia as consequências em ignorar um dos pedidos de seus pais.
O casal se lamentava, porém, de ter que permanecer sob as sombras. Desejavam sair em plena luz do dia, caminhar de mãos dadas pela cidade, assistir a um espetáculo no Chicago Theatre e almoçar no restaurante favorito de Violet. A estudante de moda gostaria de levá-lo em seus ateliês de costura prediletos e lhe contar sobre suas inspirações e suas ideias mais malucas. Assim como ele desejava poder mostrar seu talento e sua paixão pela música, sempre a dedicando a sua amada. O músico tentou tocar algumas melodias em uma das diversas noites que passaram juntos. Tocou o mais baixo possível, mas o medo de serem pegos era grande e ele acabou desistindo.
Sob o fervor de suas conversas nas madrugadas, as cores da tela da TV dançando sobre as paredes do quarto, planejavam deixar tudo para trás e realizar o que desejavam. Entretanto, sabiam da notoriedade de seus pais na cidade. Se os filhos dos maiores rivais fossem vistos juntos, a notícia circularia rapidamente. Portanto, sempre deixavam os planos de lado, na esperança de um dia encontrarem uma solução.
[...]
As fortes batidas sobre a porta despertaram Violet imediatamente. Ela passou a trancá-la todas as noites desde seu primeiro encontro com Luke, na noite de seu aniversário. Seus pais raramente perturbavam-na, porém as possibilidades ainda estavam ali, cercando-os.
O som das batidas incessantes fez com que seu corpo enrijecesse e consequentemente, despertasse Luke, que estava adormecido a seu lado, entretanto, alerta. O casal se sentou sobre a cama e se encarou fixamente por alguns segundos com os olhos arregalados. Era a primeira vez que Luke adormecera antes de retornar para casa. Era a primeira vez que o risco de serem pegos realmente os amedrontava.
Luke se levantou em um pulo, desesperado. Violet ainda estava sentada rigidamente sobre a cama, seus olhos agora fixos na porta, onde sua mãe ainda insistia com as batidas.
— Violet, abra já essa porta! — Charlotte ordenou asperamente, provocando uma reação sobre a filha.
— Sim, Charlotte. Só um momento! Estou me vestindo — O que não era, de fato, uma mentira. Ela correu em direção ao banheiro, pegou seu robe de seda e vestiu a peça de roupa o mais rápido possível. Luke seguiu para a janela, mas Violet sabia que sua mãe o veria do lado de fora. Puxou-o pelo braço e sussurrou. — Esconda-se embaixo da cama.
Luke a olhou exasperado. Não estava muito confiante em se esconder embaixo da cama dela, que apesar de conter uma certa altura em relação ao chão, não deixava de ser um local estreito.
— Confie em mim. Você não cabe no armário — ela afirmou, sussurrando e os olhos de Luke pousaram sobre o banheiro. — Não vai dar certo. Eu nunca deixo a porta fechada, ela vai suspeitar. Charlotte parece um cão farejador. Anda! Embaixo da cama!
Luke se esgueirou para baixo do móvel e ficou paralisado, tentando evitar que sua respiração fosse audível. Violet foi em direção à porta, destrancou-a e girou a maçaneta delicadamente com um sorriso inocente em seu rosto.
— Sim, posso ajudá-la? — Perguntou suavemente, seus olhos caindo sobre Emma, que a fitava com um olhar curioso. Charlotte adentrou o quarto como um furacão. Luke podia ver os saltos da mulher batendo com força sobre o piso de madeira.
— O que foi isso, Violet? Você nunca tranca a porta! — Sua mãe estreitou os olhos em sua direção e cruzou os braços sobre o peito. Seu corpo logo girando pelo quarto, à procura de algo que Violet sabia que ela encontraria com certo empenho.
— Eu apenas desejo um pouco de privacidade, nada mais — respondeu Violet, encolhendo os ombros.
— Certo — a resposta não convenceu a mulher, mas para a felicidade de Violet — e Luke —, não insistiu no assunto. — Você poderia levar Emma à aula de balé hoje? Sei que você está ocupada com a faculdade, mas eu tenho um caso importante hoje e não poderei levá-la — terminou Charlotte, seu tom de voz esbanjando desprezo ao mencionar a faculdade da filha.
Emma ergueu o rosto para encontrar o olhar de sua irmã e sua boneca Barbie, até o momento segura em seus pequenos dedos, foi ao encontro do chão. O brinquedo agora estava perigosamente próximo à cama e Violet soube que tudo seria entregue naquele momento.
A criança se ajoelhou lentamente e estendeu o braço para recolher sua boneca. O corpo de Violet travou e seus membros ficaram imóveis. O rosto de Emma entrou no campo de visão de Luke. A pequena o avistou e seus olhos se encheram de curiosidade. Seu professor, no entanto, levou o dedo indicador aos lábios, clamando por silêncio. Emma apenas lhe deu um aceno positivo.
— Emma, o que está acontecendo aí? — a voz de Charlotte assustou as outras três pessoas presentes no quarto. Violet, então, preparou-se para ter seu segredo revelado e muitas horas de discussão com a mãe.
— Nada, mamãe — Emma respondeu, com uma risadinha e um olhar sugestivo em direção à irmã.
— Muito bem, então. Sua irmã irá levá-la à sua aula de balé mais tarde. Vamos, temos que tomar café da manhã. — Com isso, Charlotte se dirigiu para fora do quarto.
Violet respirou aliviada e lançou um olhar de agradecimento em direção à Emma, que apenas abriu um sorriso enorme. A garotinha não era ingênua e soube mesmo antes do casal, que algo estava acontecendo. Violet balançou a cabeça e devolveu o sorriso.
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what a feeling | lrh
FanfictieÓdio. Graças a esse sentimento, Violet e Luke foram privados de uma possível amizade, forçados a se tornarem rivais logo na infância. Agora, no começo da vida adulta, os jovens descobrem um lado desconhecido de seu inimigo. E mesmo lutando contra al...