Rival da Solidão

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"Eu escrevo.
E por escrever que conheço a Solidão.
Às vezes, ela se faz de chuva passageira.
Outro dia, pode ser o buraco que engole minha vida.
Às vezes, ela pode ser minha bateria.
E em outro momento,
Pode ser o tormendo de meus tediosos dias."

Dazai estava bêbado, tendo uma garrafa de uísque em uma das mãos. Bem, nada o impelia! Ele escrevia porque queria. Seu egoísmo era visto como uma meritocracia. Ele... Não tinha tempo. Não deveria ter tempo nem para proferir maldições, calúnias. Dazai... Só não entendia porque escrevia.

Sua raiva o alucinava. Não era como se ele quisesse ser egoísta. Afinal, ter um tempo para si para curar seus ferimentos era ser um desgraçado? Ele não entendia. Conforme a vida cresce e o trem anda... Você acaba não vendo por quais trilhos você tem mais demanda. E se ele senti saudades... Ele não se acha digno disso. Ele também não acha... Que pode sentir isso.

"Em um encontro de solidões,
Pessoas se esbarram com frequência
Nessa dança de fingir ignorância.
Bem, o mundo pode não ser uma coisa tão fácil.
É preciso entender que a caminhada
Pode te unir a um pedaço do que faltava.
Ninguém possui o mesmo ritmo...
Forçar situações... São casos perdidos."

Porque, claro... Aquele ruivo que o hipnotizava durante as aulas de literatura nunca olharia para ele da mesma maneira. Eram amigos, mas não passariam disso. Eram dois seres imutáveis que se uniram para formar metades. Se um não tinha recurso, o outro era o complemento... E se um não sabia ser humano, o outro doava seus poemas.

"Se nessa sina, eu devo ser só...
Se durante a viagem fiz alguém chorar...
Não entendo por quê me pedes
Para escrever rimas tão precárias.
São apenas coisas que já sei.
São pequenos detalhes com os quais já me acostumei.
E... Eles não deveriam doer tanto.

A impressão que se têm...
É que vivemos para o amor e a revolução.
Mas a paixão anda cansada.
Estranhos podem se conhecer em uma boate,
Enquanto outros fumam seus cigarros
Bem longe da cidade.
Querendo fugir de algo interno...
De algo que não dá pra fugir.

É hilário...

Querer escapar do que faz parte da vida.
A Solidão é algo que alucina...
Minha esposa é ciumenta, astuta.
Às vezes não me faz bem,
Outras vezes, me fascina.

E você, Chuuya, é meu amante.
E você é tão ingênuo...
Não sabe que ela pode te pegar a qualquer instante.
Se... Um dia eu conseguir escapar disso...
Essa será a sensação que você terá.
Se você se aprofundar em mim...
Você só vai se machucar."

E era isso... Por quê poetas eram tão teimosos? Por quê poetas entendiam tanto a vida humana? Por que isso apeticia suas regalias e os sentimentos eram seus sabores? Não era tão distante do patamar em que Dazai se encontrava... Mas... Era mais fácil fingir. E tolo... Ele mal sabia... Poetas também eram belos atores.

Belos... Até demais.

"Eu... Não sei fazer rimas.
Sinto que deveria ser assim?
As palavras parecem estar em perfeita sincronia.
Mas... Vivemos para solidões e revoluções.
Amores... Nem sempre nos tiram dessa sensação.
Eu apenas queria que entendestes isso..."

E chorando, tendo a carta em mãos... Leve cheiro de uísque e cigarro fizera um ruivo pegar uma pena e responder com o que manda o coração:

"Se sou teu amante...
Me deixe te mostrar minhas luxúrias.
Se Solidão for melhor do que eu...
Não tocarei mais no assunto.
Mas enquanto posso...
Me deixe mostrar o...
Amor... E... Revolução.

Se vivemos no inferno...
Me deixe te mostrar o demônio que manda
Em meu coração..."

𝐌𝐞 𝐏𝐞𝐫𝐝𝐨𝐚, 𝐂𝐡𝐮𝐮𝐲𝐚?Onde histórias criam vida. Descubra agora