11. Dois corações feridos.

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~Haylet Dohan~

Como eu pude? Como eu pude baixar a guarda dessa forma? Esse sentimento... Eu odeio! Eu não quero sentir isso de novo. Eu quero ter repulsa, ódio de seu toque, mas meu corpo apenas quer mais e mais. Eu tenho medo, medo de aumentar minhas cicatrizes. Promessas são apenas palavras, coisa do momento. Ele diz querer me curar, mas é o que todos dizem. "Eu vou cuidar de você", "Eu não vou te deixar" blasfêmia! É tudo mentira e papo furado. Mas porquê? Porque infernos eu não consigo me desprender do abraço de Matt? Porque depois desses cinco minutos dos nossos corpos colados num só eu não consigo impedir que as lágrimas rolem pelo meu rosto? Porque eu estou me mostrando indefensa? Porque eu estou me revelando? Merda!

— Por favor não faz nenhuma promessa. — digo baixo com a voz travada. Nisso o mesmo me abraça mais forte.

Continuamos ali, sem dizer nada apenas abraçados. Eu não sei o que está acontecendo comigo, eu simplesmente necessitava disto. Meu coração está a mil, eu não quero sair de seus braços. Mas a realidade é dura, eu sei que ele irá embora.

— Me leva de volta. Por favor. — digo baixo me afastando aos poucos dele sentido falta de seu calor.

— Vamos a cachoeira primeiro. Pela primeira vez você não está me mandando a merda e eu quero aproveitar isso. — da um pequeno sorriso, logo, limpando minhas lágrimas com os dedos.

— Tá. — digo ficando cabisbaixa sentido minhas bochechas corarem. Mas que porra está acontecendo comigo?

Saímos da cabana e caminhamos por alguns minutos até encontrar a cachoeira. Sentamos em uma das enormes pedras apenas ouvindo o som da água caindo. O silêncio era desconfortável e a minha mente não conseguia raciocinar sobre como quebrá-lo. Fico brincando com os dedos observando a maravilhosa vista.

— Eu costumava vir para cá com a minha mãe quando era mais novo. — Matt começa a falar e torno meu olhar para si. — No inverno costumávamos vir para a cabana e passar o tempo tomando chocolate quente e brincando. No verão vínhamos nadar nesta mesma cachoeira. Era incrível. — o mesmo olha para mim. — Nunca tinha vindo para aqui antes sem ser com Daph ou mesmo sozinho. Você é a primeira pessoa que eu trago para aqui. — seus lábios formam um sorriso adorável.

— Engraçado que eu me perdi procurando por esta cachoeira. — soltei uma pequena risada. — Você conhece o penhasco aqui perto?

— Sim. Fui lá algumas vezes, mas venho mais para cá. Porquê?

— Eu passo maior parte do meu tempo lá. Aquele penhasco é o meu lugar preferido. Bom, tirando o meu quarto e meu estúdio. — suspirei lembrando do meu "castigo" de não poder usar meu estúdio...

— Estúdio? — pergunta arqueando uma sobrancelha.

— Bom... — coço a nuca. — Eu pinto e desenho, então tenho um quarto especial onde faço meus trabalhos. — desvio meu olhar voltando a encarar a água. Do nada Matt começa a rir me fazendo voltar a minha atenção para si. — Qual é a graça?

— Com esse seu jeito, eu pensei que seus hobbies fossem andar com más influências, ir para lugares perigosos e ir para discotecas mas vejamos, você pinta. Algo normal demais para você.

— O que quis dizer com isso? — arqueio uma sobrancelha séria.

— Bom é que... — o corto.

— Para começo de conversa, eu não tenho nem más influências para chamar de amigos. — levanto da pedra indo em qualquer direção só para sair de perto dele.

Como é que ele pode pensar o mesmo que todo mundo? Só porque não sou uma garota "normal" como as outras que amam rosa e glitter não quer dizer que eu seja uma anormal! Sinto minha respiração acelerar e meu rosto ferver pelas lágrimas e pela raiva. Porra Haylet! Porque você está sendo sensível até esse ponto? Sinto minha visão embaçar pelas lágrimas grossas que escorem pelo meu rosto. Eu não deveria ter me soltado com ele. Do nada sinto uma mão segurar meu pulso.

— Haylet me... — o corto.

— Não! Me deixa ir. Cansei desse jogo, eu vou sozinha e você nunca mais ouse me dirigir uma única palavra! — grito apontando o dedo no seu rosto. Viro as costas para ir embora mas o mesmo me puxa para si me abraçando. Tento me debater para o mesmo me solte, mas ele é mais forte que eu.

— Eu não queria te machucar. Desculpa se falei besteira, eu não queria mesmo, juro! Eu sei que palavras de força, e não quero quebrar a promessa de te ajudar. — paro de me debater a medida que o mesmo me abraça mais forte. — Me desculpa ser um merda. Eu sou um imbecil mesmo. — o mesmo me solta e me surpreendo ao ver seu rosto com lágrimas. — Eu vou te levar de volta.

— Espera. — eu já não tinha controlo sobre mim. Eu simplesmente me entreguei a ele, um dos meus piores erros a cometer, mas quem liga né? — Porque você está chorando? — me aproximo dele olhando profundamente em seus olhos.

— Culpa. Me senti mal por ter te feito chorar. — fica cabisbaixo evitando nosso contacto visual. — Desculpa.

— Não é isso. Porque você teria tanta empatia por mim? Você nem me conhece. — Meio relutante mas levo minha mão até seu rosto limpando suas lágrimas e fazendo-o olhar para mim. — Que escuridão é essa por trás dos seus olhos?

Sem mais nem menos, Matt desabou. Eu o abracei instantemente, nos sentamos na mata enquanto ele chorava e chorava. Ouvir seus soluços está dando cabo de mim. Eu o abracei forte, muito forte, como nunca tinha feito com ninguém. Apenas ficamos ali, chorando juntos, como se por telepatia tentássemos ajudar um ao outro. Não sei porque diabos eu estou aqui sentada na mata com Matt, nós tirando todas as nossas mágoas para fora com uma intimidade surreal. Não sei porque estou me abrindo para ele mesmo tendo medo de me machucar, não sei o porquê da nossa aproximação repentina. Mas de uma coisa eu tinha total certeza. Eu não ia deixar ele no chão. Ouvir seus soluços me corta o coração. Seja o que for, eu não vou deixar ele para trás.

Continua...

O que acharam da aproximação deles? Comentem o que acharam do capítulo. Até a próxima <3.

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⏰ Última atualização: Mar 14, 2022 ⏰

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