sessenta e um.

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Maraisa POV

[alguns dias depois]

Maria: acordem, por favor - falou baixo ao nosso ouvido

Marília: Estás bem? O que se passa?

Maria: Desculpem acordar-vos - a voz dela era preocupada - a Manu mandou-me uma mensagem a dizer que os pais descobriram tudo, e desde aí não me responde, estou preocupada

Maraisa: Já tentaste ligar-lhe?

Maria: Não atende - ela estava visivelmente nervosa - eu tenho medo que eles lhe façam alguma coisa

Marília: Tem calma, filha - abraçou-a - o que podemos fazer para te ajudar?

Maria: Podias vir comigo a casa dela? - pediu a Marília

Marília: Posso, eu vou só vestir alguma coisa, não demoro

Saiu da cama e eu fiquei com a nossa filha, abracei-a e tentei acalmá-la.

Maria: Desculpa, tu precisas de descansar por causa do bebé - falou no meu abraço - mas eu estava nervosa

Maraisa: Nós estamos sempre aqui para ti - sorri - anda, vamos beber água, enquanto ela troca de roupa

Desci com a menina até ao andar debaixo e dei-lhe água para tentar acalmá-la. Pouco depois, Marília desceu já com as chaves do carro na mão.

Marília: Vamos? - falou para a mais nova - tenta descansar, amor

Maraisa: Vou ficar à vossa espera - beijei-a - tem cuidado, por favor - deixei um beijo na testa da mais nova

Depois de elas saírem, liguei a televisão e fiquei no sofá, estava nervosa por causa daquela situação.

Marília POV

Sai com Maria no carro em direção a casa da Manu. Apesar do avançar dos tempos, havia muita gente que ainda era homofóbico, e não era raras as crianças/adolescentes, que tinham medo ou enfrentavam grandes problemas, quando assumiam que não era heterossexuais.

Marília: Tenta ligar-lhe outra vez, filha - sorri e ela assim fez

Mas assim que chegamos à porta, vimos a mais nova com algumas malas.

Maria saiu do carro com ele ainda em andamento, e eu depois de o parar, sai também.

X: És uma desilusão, Manuela - ouvi a mais velha falar na porta - quem são estas?

Marília: Acho melhor a senhora acalmar-se - falei séria

X: Eu conheço-a, é aquela empresária, a casada com a escritorazinha - senti o meu sangue ferver na hora em que ela falou assim da minha mulher - esta é a adotada? - nessa hora só me apeteceu mandar um murro no meio da cara dela - claro que tinha de ser a filha de alguém assim a levar a minha por esse mau caminho

Manu: Mãe... - a mais nova tinha os olhos cheios de lágrimas

X: Já te disse, Manuela, tu não és mais minha filha, sais hoje desta casa e não voltas nunca mais

Marília:  Que género de pessoa é a senhora para deixar a sua filha na rua?

X: Filha minha não anda metida nessas coisas - cuspiu na minha direção - eu dei-lhe uma escolha, ou ela sai desta casa hoje e nunca mais nos procura ou vai para um colégio interno

Manu: Eu não quero ir para um colégio

X: Então sais hoje desta casa - gritou na direção dela - e podes levar essa aí contigo - falou na direção da minha filha

Intenção 2.0Onde histórias criam vida. Descubra agora