Em New Empty, uma pacata cidade no interior dos Estados Unidos, a paz e a calmaria que sempre foram características marcantes na região são colocadas em cheque quando uma série de assassinatos semelhantemente brutais começa a acontecer. A sequência...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
CAPÍTULO 03
Missy saiu da delegacia às 22h45min e chegou em casa por volta das 23h. Nada era longe demais na pequena New Empty, era fácil cortar a cidade de ponta a ponta em aproximadamente trinta minutos, o que tornava todo o caso ainda mais emblemático: como era possível ter um psicopata à solta em uma cidade tão minúscula, onde todos se conheciam, e ninguém nunca ter pista alguma sobre os acontecimentos? Por que é que nunca havia rastros, pegadas, armas, digitais, provas que levassem ao indivíduo? Será que finalmente haviam encontrado a fórmula para o crime perfeito?
Missy era relativamente nova na cidade, mas esses seus anos de polícia haviam lhe ensinado uma coisa que era elementar e inquestionável: não existe crime perfeito. Sempre há alguma prova, sempre há algum "rabo", algum descuido que acaba levando a polícia até o criminoso. Sempre! Ao menos, sempre foi assim — até agora.
Essa situação vinha tirando a paz da investigadora que não conseguia mais relaxar, mesmo se esforçando muito para isso. Quando tentava assistir a um filme, pegava-se pensando no caso. Quando saia para se divertir com as amigas, percebia que não estava prestando atenção alguma no que elas diziam, pois sua mente insistia em sobrevoar o caso. Quando dormia, sonhava com as meninas e com o assassino sem rosto. Sua vida estava saindo dos trilhos e Missy temia por sua sanidade mental.
Respostas, precisava de respostas e precisava logo. A raiva que sentia de si mesma por não conseguir sair do lugar na investigação a corroía por dentro, ela sentia-se responsável, quase que culpada pelos assassinatos. Sentia que estava falhando com as famílias e, principalmente, com as moças brutalmente assassinadas e expostas como troféu por um maníaco sanguinário qualquer. Isso não podia ficar assim.
Em meio a tantos devaneios, Missy entrou em casa, trancou a porta e foi para o banho. O cansaço era tanto que sequer cogitou comer alguma coisa. Só queria tomar seu banho quente e tentar dormir. Enquanto a água molhava seu rosto e escorria pelo corpo nu, Missy arregalou os olhos e exclamou:
— JASON! AH, MEU DEUS! ESQUECI DE MENCIONAR JASON AO SARGENTO!
A epifania recém-recebida, proveniente de algum oráculo misterioso do universo, fez com que Missy saísse do banho mais do que depressa. Ela se enrolou na toalha e pegou seu celular para ligar para Gnatsum, mas o telefone apenas chamou até cair por três vezes. Missy já estava se vestindo para voltar correndo à delegacia quando o Sargento finalmente atendeu:
— Alô. Missy?
— Olá, Sargento. Boa noite, desculpe o incômodo a essa hora, mas...
— Imagina, querida... Não é... incômodo algum... Mas... o que foi? Do que... você precisa?
As frases do Sargento estavam entrecortadas e ele parecia um pouco sem fôlego, o que Missy estranhou no início. Mas logo que ambos ficaram em silêncio, ela ouviu o som de uma voz feminina seguida de alguns gemidos e deduziu que sim, ela estava claramente atrapalhando um momento extremamente íntimo do Sargento. Sentiu seu rosto ruborizar quando se deu conta disso e quase desligou o telefone, mas aí lembrou que o assunto era urgentemente sério.
— Aah... Desculpe, Sargento... Eu me lembrei de que a senhora Cecilia, mãe de Eleanor, mencionou que a filha tinha um namorado do qual ela não gostava, disse que era má influência para Eleanor. Ele foi o último a vê-la com vida e eu gostaria de saber se o senhor me permite interrogá-lo e investigar a casa dele, caso seja necessário.
— Missy, querida. Você não... precisa nem me pedir esse tipo de coisa. Confio em você e... no seu potencial. Sei que fará o melhor pela investigação. Quando quiser... interrogar alguém, fique à vontade. Quanto a revistar a casa do garoto... vamos precisar de um mandado, mas eu consigo isso... para você amanhã... Ok?!
Novamente, as frases entrecortadas do Sargento fizeram Missy corar e se sentir uma tola.
— Ah... Sim... Quero dizer... Ok Sargento. Muito obrigada pela atenção e me desculpe pelo incômodo, mais uma vez. Boa noite, Sargento. — finalizou Missy e desligou o celular como se estivesse fugindo do diabo, sem esperar resposta.
— Missy, Missy! Onde você está com a cabeça para ligar a essa hora para Gnatsum como se ele não tivesse vida pessoal? Sem noção! — esbravejou consigo mesma.
Foi só depois de todo esse transtorno e inconveniência que ela se deu conta de um fator importante: Missy ligou para o Sargento pedindo autorização para interrogar Jason, mas não possuía nenhuma informação sobre ele ou sobre sua localização. Na madrugada em que Cecilia identificou o corpo da filha, a investigadora acabou ficando tão sobrecarregada pela situação que acabou se esquecendo de coletar os dados de Jason e, por razões óbvias, Cecilia estava ocupada demais para ter se lembrado disso quando saiu pela manhã.
— É, Missy. Você definitivamente não está bem. Eu sou sua consciência e vou logo avisando que vou explodir em pouco tempo se você não desacelerar. — ironizou consigo mesma antes de tirar a toalha e se deitar para tentar descansar a cabeça. Estava tão cansada que, em questão de segundos, apagou.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.