Quatorze

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Taehyung deixou um sorriso escapar dos lábios, logo após deixar um beijo demorado na testa fria de Hoseok. O loiro não estava mais ali, era apenas o seu corpo, sem alma e sem vida.

"— Eu iria atrás do meu garoto até mesmo no céu."

Hoseok havia transcendido, todavia Jesus não sabia se era algo bom ou mau.

O aloirado sentia-se como em uma viagem tiritante, por hora parecia estar flutuando por uma linda galáxia, por outra, estava caindo dela. Era como um buraco sem começo e sem fim, ele nunca parava de cair, contudo achava-se prestes a estourar no chão, uma sensação tão assustadora que o ar lhe faltava, seu peito latejava em pavor.

Quando então sua estrutura tocou uma superfície plana, com uma sutileza inaceitável, igual na época que sua mãe colocava-lhe no berço, com todo aquele cuidado materno ou semelhante a cair em fardos de algodão.

Sua visão parecia ter vertigem seu corpo não correspondia aos seus comandos e tudo passou a girar, com pequenos pontos de luz, que acendiam e apagavam.

No instante em que a sensação lunatica chegou ao fim, uma dor sucumbiu-lhe com violência, a tontura não parou de existir; por este motivo continuou ali, jogado sobre o chão, dando-se conta de que não estava em lugar nenhum.

Existia uma luz fraca sobre si, conquanto tudo ao seu redor era escuridão, não havia sequer uma parede para delimitar território.

Levantou o pescoço, com dificuldade, notando suas vestes cobertas de sangue, seus machucados e cortes estavam ainda mais vividos e dolorosos. Passou a palma pela testa, sentindo algo cravado ali, algo que queimou-lhe a ponta dos dedos, logo entendeu que não era para tocar aquela região.

Jung encontrava-se como antes e isso significava algo importante: permanecia longe de Taehyung.

Para chegar até o bestial, ele teria que desprender-se de si mesmo; uma evolução do velho para o novo.

— Levante-se, loirinho. Preciso que venha até mim. - a voz doce do Kim ressoou por todos os lados, repetidamente, em um eco sem fim.

Hoseok assustou-se, olhando envolta, buscando pelo Kim, entretanto ele não estava lá, não havia nada e nem ninguém.

— Sinto muita dor, estou com medo. - sussurrou, voltando a deitar, encolhendo-se. — Eu estou com medo, com medo, com medo. - repetia choroso, mais para si do que para qualquer outra coisa imaginável.

Um farol de luz branca, afetou seus olhos negros e em seguida um veículo passou à todo vapor, bem ao seu lado, quase raspando, o vento forte balançou os fios aloirados e lhe fez engolir poeira.

Oscilou a cabeça, de um lado para o outro, piscando forte para limpar a vista. Rapidamente atinou que não estava mais no breu, mas sim dentro de uma igreja, encolhido e tremendo no final da última fileira de cadeiras do enorme auditório.

Lentamente levantou-se, apoiando a mão sobre o topo da cabeça, focando a vista.

Fitou o palco escuro, apenas uma fraca luz iluminava o centro. Encima dele existia Éric e ele estava acompanhado de mamãe.

O pastor a beijou nos lábios, com vontade, tocando as madeixas e tudo parecia muito intenso.

Fechou os olhos sem entender oque estava acontecendo, ao ouvir o estrondo de um tiro, Jung sentiu o corpo tremer, abriu os olhos assustado, seus olhos escondiam um mar de lágrimas dentro de si. Quando olhou para o palco novamente, Éric tinha um sorriso horripilante moldado nos lábios. A mulher que antes estava de pé, beijando-o e sorrindo, agora estava morta.

Mamãe havia levado um tiro.

Naquele momento Hoseok sentiu o estômago revirar, uma gastura percorreu sua garganta e o desejo de vomitar fôra forte. Virou-se e então não pode suportar tamanha queimação e ansiedade, colocou tudo para fora, vendo mais de seu sangue ser jogado para fora de seu corpo, formando uma poça. Involuntariamente emitiu um terrível som de tosse, este que atraia a atenção do pastor.

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