Dois

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Andando pelos corredores do hospital, Marília respondia algumas mensagens de alguns amigos de Nova York. A loira estava tão concentrada que só olhou para frente quando um corpo se chocou contra o seu, e ali, bem a sua frente estava os olhos castanhos. A mulher que tem roubado seus pensamentos nos últimos dias.

- Me desculpe - Pediu Maraísa. A morena se abaixou recolhendo o celular e a bateria que caiu ao chão.

- Imagina, Maraísa. A culpa foi minha, eu que deveria estar olhando para frente em vez de para a tela do celular

Maraísa se levantou, a mesma entregou o celular agora montado para a loira que agradeceu.

- Era a namorada? - Marília sem entender franziu o cenho - No celular

- Oh! não, eu não tenho namorada - Maraísa sorriu internamente ao ouvir aquilo. Era ótimo saber disso - Eu sou viúva

- Sinto muito. Não deveria ter entrado nesse assunto - colocou uma mecha de cabelo para trás da orelha.

- Tudo bem. Com o tempo a gente se acostuma. - A loira deu um sorriso forçado.

Por mais que estivesse tentando seguir com a vida, era difícil quando pensava em Tony. Logo tratou mudar de assunto.

- Estava indo para a cantina. Me acompanha?

- Claro. - A morena colocou as mãos no bolso do jaleco. As duas caminharam lado a lado até a cantina, conversavam amenidades, e até arrancavam risadas uma da outra.

Enquanto pegavam alguma coisa para comer, viram Maiara e Luísa acenando de longe, e logo foram se juntar ao casal na mesa. Fazia-se apenas alguns dias que Mendonça estava em NY, e já se sentia em casa, a equipe toda era muito unida, e sempre estavam se ajudando, e o carinho entre eles era notável de longe.

- Ainda está em pé o nosso jantar certo? - Perguntou Maiara enquanto fazia um carinho na mão da esposa encima da mesa.

- Certo! Noemy está viajando, mais eu consigo preparar uma comida decente - A morena deu um meio sorriso a amiga.

Cozinhar não era um de seus talentos, mas não desmarcaria com as amigas. O jantar acontecia uma vez por mês, onde elas sentavam e relaxavam. Colocavam o papo em dia. Sem procedimentos médicos, sem pacientes e sem internos buzinando em seus ouvidos.

- Se prepara amor, nós iremos comer macarronada ao molho de tomate - Disse Luíza em um tom divertido

- Não seja boba. Eu sei fazer outros pratos também - Se defendeu Pereira. Marília estava totalmente alheia a conversa das três.

- Ovos mexidos? - Foi a vez de Maiara provocar, arrancando uma gargalhada da esposa. - Desculpa, eu não resisti

Maraísa apenas revirou os olhos em falso tédio. O casal adorava pegar no seu pé por não ser uma boa cozinheira.

- Marília, você é a nossa convidada. Ficarei feliz em te receber em minha casa. - A morena se virou para a loira que estava ao seu lado.

Maiara e Luíza ficaram em silêncio, as duas trocavam olhares sorrindo, pois agora sabiam o do porque daquele brilho nos olhos da amiga.

- Se eu puder levar a minha filha, eu ficarei feliz em ir.

- E eu ficarei feliz em receber vocês duas - E sem pensar, Maraísa tocou na mão de Marília. Marília olhou para as suas mãos e depois para os olhos da outra. Era como se fosse só as duas naquela mesa.

Sentindo as bochechas esquentarem, Maraísa retirou sua mão de cima das de Mendonça. Se sentia no colegial, como se acabasse de tocar a garota que esta afim. E isso não deixava de ser verdade, estava afim de Marília e não tinha porque negar.

E como se nada tivesse acontecido, voltaram a comer em silêncio.

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