Vinte e seis

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                              Maraísa

Evitar Marília, era o melhor a se fazer. Isso doía, e muito dentro de mim. Mas eu não a traria para perto de mim como se nada tivesse acontecido. Eu a amo, disso não tenho dúvidas, mas eu tenho que me amar primeiramente.

Olho para a escada e vejo Theo e Allison descendo as escadas. Ontem tínhamos feito uma maratona de séries e ficamos até tarde acordadas.

- Bom dia, mamãe - Theo beija minha bochecha e Allison faz o mesmo

Tomamos café, e eu deixo as regras claras antes de sair de casa para ir pro hospital. Deixo o dinheiro para Theodora ir até o consultório da Doutora Mc Gowan mais tarde, e depois eu passaria para busca-la.

Visto uma roupa quente, e pego minhas coisas. Durante o meu caminho músicas aleatórias tocam no rádio. Olho para o meu celular jogando no banco, o aparelho toca sem parar com o nome de Marília piscando na tela. Depois de sua mensagem essa manhã, já era a terceira vez que ela me ligava.

Bufo irritada, pois fico preocupada que tenha acontecido alguma coisa com ela. Diminuo a velocidade do carro, e atendo a chamada no viva-voz.

- Oi

- Oi, Máh. Está podendo falar agora? - Sua voz parece abafada

- Estou dirigindo. Mas pode falar - Mantenho os meus olhos na estrada

- Entendi. Bom, não queria falar isso por telefone. - Ela suspira - Por favor vamos nos ver hoje.

Eu fico em silêncio. Uma parte de mim quer vê-la, e ouvir o que ela tem a dizer. Mas a outra, a parte sensata, diz que não é uma boa idéia. E que eu preciso pensar em mim.

- Máh?! Você está aí?

- Sim. Marília, olha só, não vai dá. Eu preciso desligar agora. Tchau

- Entendi. Tchau, eu ainda te amo - E a ligação é encerrada.

Sinto um gosto de sangue, e aí que percebo que estava mordendo fortemente o meu lábio inferior. Eu não queria ser tão afetada assim por, Marília Mendonça, mas é algo inevitável e inexplicável.

                                 [...]

                  Alguns dias depois

Saio do quarto de uma de minhas pacientes, e sinto um corpo bater de encontro ao meu.

- Me desculpa - Peço e quando olho para a pessoa, ali está a dona dos olhos verdes que ando evitando nos últimos dias

- A culpa foi minha. Eu que não olho por onde ando - Dá um sorriso amarelo

Ficamos nos olhando. Percebo que debaixo de seus olhos tem grandes olheiras evidentes. Seu corpo mais magro, coisa que já tinha notado à alguns dias atrás

- Tudo bem, Mendonça. Aqui estão suas coisas - Entrego os pertences que tinham caído de seus braços

- Obrigado - Dá um sorriso de lado - Milly me falou que Theo a convidou para a noite do pijama. Está tudo bem pra você?

Coloco as mãos no bolso de trás do meu jeans e caminho ao lado da loira. Ambas estávamos indo para a cantina.

- Claro. Eu fico feliz que as meninas ainda mantenham o contato, mesmo depois de tudo

Mendonça coloca a franja para trás da orelha, e morde o canto da bochecha. Eu respiro fundo, desvio os meus olhos dos da loira. Um simples gesto seu, fazia o meu corpo se arrepiar. Desde que rompi com a loira não tenho estado com ninguém sexualmente. Tenho trocado algumas mensagens com uma pessoa, mas nada além disso.

Assim que chegamos a cantina, Marília vai se sentar com seus amigos do setor de dermatológia, e eu me sento com Maiara que está em uma chamada de vídeo com a esposa.

"Olha se não é o estado mais quente" - Brincou enquanto aceno para minha amiga/comadre

"Ei! Comadre. Está de olho em minha latina por mim, né" - Suas covinhas ficam a mostra, fazendo a latina ao meu lado sorrir apaixonada

Ajeito um dos foninho branco no ouvido, e olho para a latina, depois para a loira na tela do celular

"Sempre. Ah! Checo se ela se alimentou, e tomou água de três em três horas" Brinco enquanto como minha salada

"Ótimo" - Olha para a esposa que revira os olhos sorrindo "E esse coraçãozinho, Pereira, está cuidando bem dele?"

E automaticamente, meus olhos vão de encontro com os de Mendonça, que me observam ao longe. Engulo em seco quando ela sorri para mim. E volto minha atenção para a loira que está na índia.

Às horas passam e finalmente chegou a minha hora de voltar pra casa. Hoje as crianças iriam lá pra casa para a noite do pijama, que Theo preferia chamar de Noite dos jogos. Segundo minha cria, noite do pijama era menininha demais.

Sorrio para a tela do meu celular, enquanto digito uma mensagem. E quando bloqueio a tela ouço uma voz muito bem conhecida por mim me chamar

- Está sem carro? - Pergunta Mendonça assim que me alcança

- Sim. O meu carro me deixou na mão hoje de manhã, e está no concerto

- Se quiser carona. Será um prazer te deixar em casa

Eu cruzo os braços para amenizar o frio. A garoa de Seattle atinge o meu rosto, fazendo o meu corpo tremer de frio. E quando penso em responder o carro do outro lado da rua buzina para mim

- Obrigado, mas a minha carona acabou de chegar - Digo apontando para o carro branco

Vejo os ombros de Marília caírem quando olha para a mulher no banco do motorista.

- Tudo bem.

- Tchau. E uma boa tarde pra você - Digo me distanciando

Sinto o olhar de Mendonça sobre mim enquanto caminho até o carro. Assim que entro no veículo sou recebida com um beijo na bochecha

- Boa tarde! Srta Pereira

- Boa tarde! Srta Mc Gowan - Sorrio para a italiana que se ofereceu para vir me buscar.

Marcela sai com o carro, e pelo retrovisor observo Mendonça parada aonde tinha a deixado.

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