Maraísa
Evitar Marília, era o melhor a se fazer. Isso doía, e muito dentro de mim. Mas eu não a traria para perto de mim como se nada tivesse acontecido. Eu a amo, disso não tenho dúvidas, mas eu tenho que me amar primeiramente.
Olho para a escada e vejo Theo e Allison descendo as escadas. Ontem tínhamos feito uma maratona de séries e ficamos até tarde acordadas.
- Bom dia, mamãe - Theo beija minha bochecha e Allison faz o mesmo
Tomamos café, e eu deixo as regras claras antes de sair de casa para ir pro hospital. Deixo o dinheiro para Theodora ir até o consultório da Doutora Mc Gowan mais tarde, e depois eu passaria para busca-la.
Visto uma roupa quente, e pego minhas coisas. Durante o meu caminho músicas aleatórias tocam no rádio. Olho para o meu celular jogando no banco, o aparelho toca sem parar com o nome de Marília piscando na tela. Depois de sua mensagem essa manhã, já era a terceira vez que ela me ligava.
Bufo irritada, pois fico preocupada que tenha acontecido alguma coisa com ela. Diminuo a velocidade do carro, e atendo a chamada no viva-voz.
- Oi
- Oi, Máh. Está podendo falar agora? - Sua voz parece abafada
- Estou dirigindo. Mas pode falar - Mantenho os meus olhos na estrada
- Entendi. Bom, não queria falar isso por telefone. - Ela suspira - Por favor vamos nos ver hoje.
Eu fico em silêncio. Uma parte de mim quer vê-la, e ouvir o que ela tem a dizer. Mas a outra, a parte sensata, diz que não é uma boa idéia. E que eu preciso pensar em mim.
- Máh?! Você está aí?
- Sim. Marília, olha só, não vai dá. Eu preciso desligar agora. Tchau
- Entendi. Tchau, eu ainda te amo - E a ligação é encerrada.
Sinto um gosto de sangue, e aí que percebo que estava mordendo fortemente o meu lábio inferior. Eu não queria ser tão afetada assim por, Marília Mendonça, mas é algo inevitável e inexplicável.
[...]
Alguns dias depois
Saio do quarto de uma de minhas pacientes, e sinto um corpo bater de encontro ao meu.
- Me desculpa - Peço e quando olho para a pessoa, ali está a dona dos olhos verdes que ando evitando nos últimos dias
- A culpa foi minha. Eu que não olho por onde ando - Dá um sorriso amarelo
Ficamos nos olhando. Percebo que debaixo de seus olhos tem grandes olheiras evidentes. Seu corpo mais magro, coisa que já tinha notado à alguns dias atrás
- Tudo bem, Mendonça. Aqui estão suas coisas - Entrego os pertences que tinham caído de seus braços
- Obrigado - Dá um sorriso de lado - Milly me falou que Theo a convidou para a noite do pijama. Está tudo bem pra você?
Coloco as mãos no bolso de trás do meu jeans e caminho ao lado da loira. Ambas estávamos indo para a cantina.
- Claro. Eu fico feliz que as meninas ainda mantenham o contato, mesmo depois de tudo
Mendonça coloca a franja para trás da orelha, e morde o canto da bochecha. Eu respiro fundo, desvio os meus olhos dos da loira. Um simples gesto seu, fazia o meu corpo se arrepiar. Desde que rompi com a loira não tenho estado com ninguém sexualmente. Tenho trocado algumas mensagens com uma pessoa, mas nada além disso.
Assim que chegamos a cantina, Marília vai se sentar com seus amigos do setor de dermatológia, e eu me sento com Maiara que está em uma chamada de vídeo com a esposa.
"Olha se não é o estado mais quente" - Brincou enquanto aceno para minha amiga/comadre
"Ei! Comadre. Está de olho em minha latina por mim, né" - Suas covinhas ficam a mostra, fazendo a latina ao meu lado sorrir apaixonada
Ajeito um dos foninho branco no ouvido, e olho para a latina, depois para a loira na tela do celular
"Sempre. Ah! Checo se ela se alimentou, e tomou água de três em três horas" Brinco enquanto como minha salada
"Ótimo" - Olha para a esposa que revira os olhos sorrindo "E esse coraçãozinho, Pereira, está cuidando bem dele?"
E automaticamente, meus olhos vão de encontro com os de Mendonça, que me observam ao longe. Engulo em seco quando ela sorri para mim. E volto minha atenção para a loira que está na índia.
Às horas passam e finalmente chegou a minha hora de voltar pra casa. Hoje as crianças iriam lá pra casa para a noite do pijama, que Theo preferia chamar de Noite dos jogos. Segundo minha cria, noite do pijama era menininha demais.
Sorrio para a tela do meu celular, enquanto digito uma mensagem. E quando bloqueio a tela ouço uma voz muito bem conhecida por mim me chamar
- Está sem carro? - Pergunta Mendonça assim que me alcança
- Sim. O meu carro me deixou na mão hoje de manhã, e está no concerto
- Se quiser carona. Será um prazer te deixar em casa
Eu cruzo os braços para amenizar o frio. A garoa de Seattle atinge o meu rosto, fazendo o meu corpo tremer de frio. E quando penso em responder o carro do outro lado da rua buzina para mim
- Obrigado, mas a minha carona acabou de chegar - Digo apontando para o carro branco
Vejo os ombros de Marília caírem quando olha para a mulher no banco do motorista.
- Tudo bem.
- Tchau. E uma boa tarde pra você - Digo me distanciando
Sinto o olhar de Mendonça sobre mim enquanto caminho até o carro. Assim que entro no veículo sou recebida com um beijo na bochecha
- Boa tarde! Srta Pereira
- Boa tarde! Srta Mc Gowan - Sorrio para a italiana que se ofereceu para vir me buscar.
Marcela sai com o carro, e pelo retrovisor observo Mendonça parada aonde tinha a deixado.
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Recomeço
FanfictionMarília perdeu a esposa a dois anos atrás, desde então passou a dedicar o seu tempo a filha e ao trabalho. Mas a vida estava lhe planejando coisas boas, depois de tanto caos. Maraísa, mãe solteira, por escolhas próprias. Decidiu ter um bebê através...