Vinte e um

537 80 6
                                    

                          Maraísa

Trinta e um dias. Quatro semanas. Esse foi o tempo que Theo ficou internada no hospital depois de ter acordado. Os dias de repouso em casa foram pouco exaustivos. Theodora é uma adolescente que odeia ficar parada, e mantê-la em repouso absoluto foi um tanto complicado. Desde o acidente na escola, tem tido consultas com uma psicóloga do hospital. Nayara Azevedo é uma ótima profissional e tem ajudado muito na recuperação de minha menina.

Semana passada fez cinco meses desde o acidente. E estamos tentando levar as nossas vidas normalmente

Lila, e eu andávamos um pouco distantes. Não era proposital, ela estava na correria fazendo palestras, e atendendo pacientes em hospitais das cidades vizinhas. Mal nos víamos, ou trocavamos mensagens. E por ser férias de junho, Milena estava na casa de seus avós Vicent's. Mendonça tinha voltado hoje de manhã de Boston, e eu soube disso apenas através de SMS dizendo

"Acabei de chegar em casa. Mais tarde te ligo. Beijos" E agora era quase seis da tarde, e nada de notícias suas.

Maiara e eu tomávamos uma xícara de café quente em frente a lareira acessa da casa.

- Ansiosa para a volta de sua esposa? - Perguntei assoprando a xícara quente entre os meus dedos

- Muito. - A latina suspirou - Quatro meses fora parece que foram anos. Mais Infelizmente ela ficará apenas duas semanas

- Apenas foque no agora amiga. Aproveite que terá sua esposa nesses quatorze dias - Dei uma piscadela com um sorriso malicioso nos lábios - Se quiser eu fico de babá do pequeno Max - Apontei para o garotinho dormindo no sofá

Bom, o motivo de minha amiga/comadre Luísa andar estranha com a esposa, era que a mesma tinha ganhado uma proposta do Apolo hospital na índia.
Era uma oportunidade e tanta, além de trabalhar lá por um ano, ganharia uma bolsa para aprimorar seus estudos sobre cirurgia fetal e o salário era o dobro que estava ganhando aqui em Seattle. A loira passou semanas escondendo isso da esposa com a sua indecisão sobre tudo aquilo. Mas por fim ela e Maiara sentaram e conversaram, o alívio que Maiara sentiu por ser "apenas" aquilo e não a traição como imaginava. Claro que aquela suposição de Maiara deixou a loira chateada, mas logo se resolveram. E a latina acabou apoiando a esposa dizendo que um ano passaria rápido, e elas conseguiriam reconciliar tudo mesmo de longe.

Eu sabia o quanto estava sendo complicado para elas, mas elas estavam tentando.

Max se mexeu no sofá, e seus olhos escuros como a noite, se abriram devagar.

- Olha só quem acordou da soneca - Disse a latina indo até o bebê

A morena deixou a xícara de café na mesa de centro e pegou Maxwell nos braços.
Voltamos a conversar amenidades. Minha atenção logo se voltou para o meu celular vibrando perdido entre as almofadas no sofá.

- Vou pegar mais café. Vai querer? - Maiara negou com um aceno de cabeça enquanto brincava com o filho

Assim que cheguei na cozinha me servi com mais uma xícara de café, e atendi a ligação de minha namorada

- Oii, amor

- Oi - Seu oi seco me atingiu, mas tentei não demonstrar isso em minha voz. Ela está apenas cansada

- Acordou agora? - Me encostei na bancada

- Sim, mais ou menos. Faz uma meia hora. Tomei um banho e comi alguma coisa antes de te ligar

- Há. Vai fazer alguma coisa hoje? - Perguntei de um silêncio chato

Sua resposta demorou um pouco para vir

- Não.

- Quer vir aqui pra casa? Nós podemos pedir uma comida enquanto assistíamos alguma coisa

Silêncio

- Theo, está na casa de uma amiga, e só volta segunda. E Noemy está de folga - Emendei como se precisasse de atenção. Me sentia uma estúpida por isso.

Eu nunca fui disso, exigir atenção de alguém. Ter essa necessidade de ter a pessoa por perto. Lila, era diferente para mim, ela era o meu primeiro relacionamento que eu realmente levava a sério, e queria subir de patamar. E um "pode ser" veio dela e logo encerramos a ligação.

                             [...]

Marília tinha chegado em casa a meia noite, e o único carinho trocado entre nós foi um rápido selinho na porta.

Enquanto esperávamos a comida japonesa chegar, Lila escolhia um filme na netflix. Eu a observava sentada no braço do sofá, sem saber o que dizer, parecíamos duas estranhas, e não aquele casal em sintonia.

A campainha tocou. Paguei com o cartão tudo, e voltei para a sala. Organizei tudo em cima da mesinha de centro, e demos play no filme.

- Uma ótima escolha - Falei ao perceber que ela tinha escolhido A órfã.

Ela apenas sorriu enquanto começava a comer. Eu tentava puxar assunto o filme todo, e aos poucos Lila parecia estar voltando ao normal. Agora estávamos deitadas no sofá-cama abraçadas. Deslizei minha mão para o meio de suas pernas, e subi a mesma aos poucos até tocar em sua intimidade. Ela soltou um gemido baixo, e mesmo pela pouca iluminação que vinha da tv pude ver ela morder os lábios.

E antes que eu pudesse enfiar minhas mãos dentro de seu short de dormir, ela segurou meu braço me impedindo de fazer tal ato. Eu não estava entendendo. Ela não queria fazer sexo comigo é isso? E como se lesse meus pensamentos a loira segurou em meu queixo. Seus dentes prenderam meu lábio inferior entre os dentes e puxou. Minhas mãos automaticamente foram para a sua bunda colando mais os nossos corpos.

Sua língua contornou os meus lábios, e logo pediu passagem. Nossas línguas se moviam em sincronia. Meu corpo estava em chamas. Eu necessitava de seus toques, de seus beijos. E quando o ar se faltou ela se afastou dando uma sequência de selinhos.

- Eu estou cansada. Desculpa, amor - Murmurou fazendo um carinho em meu rosto

- Tudo bem. Apenas descanse - Sorri amarelo. Beijei sua testa e a puxei para os meus braços

Eu fiquei olhando para a televisão, mas não estava prestando atenção em nada que estava acontecendo em cena. Aos poucos o corpo de minha namorada se relaxou em cima do meu, e percebi que ela havia adormecido. Desliguei a tv e ali no sofá mesmo dormimos.

RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora