O Reino de Newles

PRÓLOGO

Era o fim de tudo. Estava preso no chão de areia perante dezenas de corpos no campo de batalha, poças de sangue inundavam o local com cheiro de carne podre e liquido avermelhado, formando uma cena de guerra que nunca esqueceria em sua mente. Pessoas empaladas em estacas, armas de ferro jogadas ao chão e centenas ou talvez milhares de seres sem vislumbre algum de vida. Corpos gelados e imóveis. A noite estava fria e trazia o ar da melancolia e da desgraça consigo. Um vento forte na praia separava dois polos, dois distritos, duas raças.

A imensa colina que separava humanos de Newles emanava uma postura ereta e desafiadora, sua altitude fazia qualquer mortal tremer de medo por conta da altura. Em cima, neve se prolongava nas extremidades, mostrando toda sua beleza natural.

O céu estava negro, a lua emitia uma iluminação tímida no campo de batalha. Somente as redondezas onde ocorreu a mutilação podiam ser vistas com facilidade, ao longe, projetava-se escuridão. O som do mar e das ondas se quebrando era tudo que ouvia naquele momento.

– Por quê? Por que tudo tinha que acabar dessa maneira! – Sua voz falhava. Pegou um pedaço de couro e amarrou no braço ensanguentado. Mancava tremendamente por conta da perna quebrada, tropeçando em alguns corpos de Humanos e algumas vezes de Newles.

Andou alguns metros e tropeçou nos próprios pés caindo de cara na areia molhada. Alguns lutavam ainda entre si, cambaleando e bufando de raiva como autênticos animais selvagens, sem demonstrar nenhum senso de empatia, somente espumavam pela boca e desferiam golpes devastadores uns nos outros. Humanos atirando, Newles usando magia.

Três figuras se aproximaram dos humanos rapidamente, eram velozes e enormes, exalando uma maestria no combate sem iguais, matando todos aqueles que se atreviam a atacar. O mais próximo do combate tinha um corpo robusto e uma faca em uma das mãos, seu corpo era coberto por pelos de tons marrons, um cabelo levemente cortado e alinhado. Vestia uma armadura de ferro e calças de couro. Locomovia-se como um raio e esfaqueava os inimigos pulando neles de um lado para o outro, perfurando suas gargantas. Seus olhos negros se camuflavam na escuridão da noite e sua cicatriz em um deles ficava visível quando sua expressão mantinha seu sentimento de fúria.

Outro grupo de humanos moribundos tentou disparar contra o Homem peludo, mas foram surpreendidos pelo outro homem que estava perto deles. Ergueu a mão e as armas dos outros congelaram, em seguida pôs as mãos no chão e espinhos de gelo começaram a aparecer, pouco a pouco perfurando-os como se fossem de papel. Um dos humanos tentou fugir, porem o inimigo abriu suas asas e voou pegando o fugitivo e o levando para cima em uma velocidade imensa.

Mais humanos começaram a aparecer ao redor, com espadas e pistolas feitos de um material que não conseguiu identificar qual era. As lâminas brilhavam perante a fraca luz existente. O metal usado tinha uma coloração escura.

Enquanto que os outros dois homens estavam ocupados lutando, o último grupo de humanos foi para cima do ser que ficou parado e observando os outros dois lutarem. Tentou ver de quem se tratava e quase soltou um grito ao ver quem era.

Oito humanos cercaram o Newles que faltava, os outros dois tentaram voltar para ajuda-lo, mas ele fez um sinal para que não interferissem. Estava com os braços cruzados e quando viu que não dava para escapar, descansou os membros e fecho os olhos dizendo:

– Se vocês insistirem em me enfrentar, morreram. Voltem, se prezam por suas vidas!

Tinha um pelo magnífico e deslumbrante em seu corpo. Seus fios acinzentados moviam-se conforme o vento batia neles. Mantinha a postura ereta, mesmo quando os inimigos o cercaram, não havia nenhuma gota de sangue ou sujeira em sua armadura de couro, sua capa presa ao pescoço balançava conforme se preparava para atacar.