Kuma Higuma, aquele que seria um dos mais fortes Newles do Reino, aquele que trabalhou duro para chegar em sua posição atual.
Renomado e tratado com muito respeito pelos nobres, Kuma era um urso pardo de grande estatura. Era o braço esquerdo do Rei e um dos três mais poderosos daquele reino. Era o mais jovem e menos visto. Sua vida inteira foi dedicada ao reino e á luta contra os humanos. Kuma queria proteger sua espécie, não achava de certo modo correto ter que matar os humanos para ganhar, mas era o necessário para que pudessem sobreviver.
O urso nasceu sem conhecer sua família e vivia uma vida selvagem na floresta, pregando peças nos outros Newles.Alimentava-se de frutas e mel e suas roupas eram feitas com folhas e tiras de cipó. Tudo em sua vida era simples, procurava comida de dia e a noite dormia nas copas das árvores, observando o clarão das chamas da cidade no horizonte. Nunca gostou muito da civilização e de amontoados de pessoas ao seu redor. Gostava de ficar na natureza e aproveitar o que lá havia de melhor. Banhos em lagos, frutas frescas e nenhum comprometimento ou responsabilidade. Porém, sua vida mudou completamente em um dia ensolarado no centro da floresta.
As invasões dentre as duas raças começaram a ficar cada vez mais frequentes e na época que ainda era uma criança, humanos invadiram o Reino. Os alarmes foram tocados e a população foi posta no castelo para que fossem protegidas pelos nobres e generais do reino. Naquele momento, os humanos conseguiram adentrar no interior do reino e estavam destruindo tudo o que tocavam. Homens, mulheres, crianças, tudo. Parte dos Newles estavam sendo perseguidos pelos inimigos. Detinham uma espécie de arma de metal que lançava pequenos projeteis em alta velocidade que perfuravam a carne. Se continuassem daquele jeito, o Reino seria totalmente destruído.
Alguns cidadãos correram para a floresta e os humanos os perseguiram. Kuma sentia algo novo emanar dentro dele naquele momento. Sentia que deveria ajudar sua espécie, deveria fazer alguma coisa, caso contrário, iriam morrer pelas mãos daqueles horrorosos monstros. Não haviam feito nada para eles. Não tinha ninguém melhor para ajudar além dele, conhecia a floresta como a palma da pata, viveu sua vida inteira lá e sabia exatamente onde cada pedra com musgo se encontrava. Por ter se escondido a vida inteira, aprendeu a se camuflar e a despistar seu rastro. Sentia a natureza, ouvia o que ela tinha a lhe mostrar. As árvores sussurravam a localização dos inimigos, o vento soprava o cheiro da carne deles, as folhas denunciavam onde seus corpos esbarravam.
Os passos se tornavam lentos conforme caminhavam no barro. O pequeno urso detinha tudo ao seu favor. Precisava fazer alguma coisa. Viu um grupo de quatro humanos se aproximarem de onde estava. Rapidamente cobriu o corpo com lama e rolou no chão. Seu pelo marrom junto com a lama colou algumas folhas em seu corpo, estava camuflado. Não iriam vê-lo se ficasse próximo aos densos arbustos. Subiu em um galho fazendo um pouco de barulho. Quase o encontraram. Estava com medo. Não era um general e muito menos recebeu treinamento para enfrentar inimigos. Com as mãos trêmulas, se esgueirou entre os galhos das árvores com cuidado. Um dos humanos estava perto de uma árvore, afastado do grupo. Kuma respirou fundo, fechou os olhos e pulou no inimigo. O humano caiu de cabeça no chão com Kuma em suas costas. Tentou levantar e gritar, mas o urso rapidamente pegou uma pedra grande e acertou na cabeça dele, fazendo-o ficar inerte no chão. O barulho chamou a atenção dos outros que estavam tendo dificuldade para se locomover no mato verdejante e amplo.
Tinha pouco tempo. Usaria aquele desmaiado como isca. Começou a pegar alguns cipós e folhas. Os outros começaram a chegar perto, usou a audição e o faro para calcular mais ou menos o tempo que teria até chegarem lá.
Quando terminou, subiu em outro galho e ficou aguardando. Outros dois surgiram e viram um de seus companheiros desmaiado e amarrado em um tronco. Ambos saíram em disparada para ver como o outro estava e caíram direto na armadilha de Kuma. O cipó que armou no chão grudou no tornozelo dos dois e os fez ficarem pendurados nos galhos de cabeça para baixo. O susto foi tão grande que largaram as armas e começaram a gritar. O jovem urso desceu e começou a dar várias gargalhadas do grupo.
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O Reino de Newles
FantasíaA guerra separou o mundo em dois lados, Leste e Oeste. De um lado perduram os humanos e do outro os Newles, uma raça de animais com características humanas. Ambos guerreiam há séculos, no entanto, o jovem príncipe dos Newles chamado Neko está determ...