Coletiva de imprensa

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SUZANE R. MILLER-STARK

Esse com certeza foi o tempo mais longo que eu fiquei sem fazer nada, percebi que a senhorita Potts é muito rigorosa quando se trata de regras, então ela também me fez seguir junto rigorosamente o que o médico disse, resultado? Uma semana na cama, foi um horror, só levantava para ir ao banheiro e voltar, e com ajuda dela ainda por cima!

Sinceramente, tive que respirar fundo fundo várias vezes para que não perdesse a paciência, tive que me lembrar que ela só queria ajudar, oras, ela não sabe o que você passou Suzane, como saberia que você andou durante uma semana, com um bebê no colo, tudo isso mesmo com cinco costelas quebradas, uma concusao na cabeça e uma faca enfiada nas costas ?

- Suzane, querida, está tudo bem aí? - Resmungo e faço uma careta para o espelho ao escutar sua voz do outro lado da porta.

- Sim. - Respondo simplesmente alto o suficiente para que ela ouvisse. Meus olhos enquadilham o rosto refletido no espelho, estou pálida e com olheiras, os poucos hematomas que consegui na luta ja quase não apareciam, meu cabelo azul está uma bagunça e minha confusão mental está mais bagunçado ainda. Suspiro e me apoio na pia, encostando minha testa na cerâmica fria. Como foi que eu me meti nessa confusão?

- Tudo bem, olhe, vou ver sua irmã ja se arrumou, mas eu deixei uma roupa em cima da cama para você, caso queira. - Minha resposta não passa de um resmungo e logo ouço a mulher sair do quarto, finalmente. Volto a me espertigar, lançando os ombros para trás e esticando a coluna, foco, Suzane, foco.

Você precisa de um banho, um pouco de maquiagem pra esconder essa cara de peixe morto e uma roupa linda. Então você desce as escadas e vai para essa bendita coletiva, não precisa dizer nada, apenas fique la quieta, não vai demorar.

Sim, uma coletiva de imprensa, porque parece que eu não posso simplesmente quase morrer e ser adotada por um completo estranho sem ter paz logo em seguida, não, as pessoas que são fãs do Stark tinham que descobrir que ele adotou alguém e fazer mil e uma especulações, enchendo o saco deles até o momento que a srt. Potts teve de anunciar que teriamos de fazer uma coletiva para que fossemos apresentadas como as novas Starks, que beleza. Percebem minha ironia?

Ingrid, é claro, adorou, começou a pular de um canto pro outro e virou um pequeno papagaio de cabelos rosas que não parava de fazer perguntas.

" Isso significa que não precisamos mais nos esconder, não é, Suzane? "

" Oh, oh! Agora eu vou poder ir para uma escola? Uma de verdade?!"

" E amigos? Vou poder ter quantos amigos eu quiser, não é Suze? E vou poder sair e ir ao parque de diversões e comer um monte de algodão doce!"

E ela falou, falou e falou. E eu? Bem, eu entrei em parafuso.

Encosto minha testa nos ladrilhos do banheiro enquanto a água gelada cai sobre meu corpo, me fazendo me arrepiar inteira, preciso do gelado da parede e da água para acalmar minha cabeça que começa a doer, uma característica minha, que com certeza está na lista de "Coisas que odeio em mim" é que eu tenho dores de cabeça horrenda as vezes, enxaquecas que me deixam fora de ar por um bom tempo. E hoje realmente não é um bom dia para ficar fora da cachola.

Sabe quando alguém te faz uma pergunta que você sabe que a resposta não vai agradar ela nem um pouco e então você começa a procurar uma resposta que vai amenizar aquilo, mas não encontra nada bom? É isso o que acontece quando eu entro em parafuso, é uma confusão só e a única coisa que me resta é ficar la, parada, deixando com que a pessoa, no caso minha irmã, faça todas as perguntas, para que no fim eu possa dar um sorriso amarelo e nada convincente e diga " Vamos ver isso mais tarde, sim?" E é isso, grande irmã...

A Garota de Cabelo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora