A noite fria

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  A noite estava fria o que fazia a maioria das pessoas se refugiarem em suas casas, a maioria...mas não a pequena figura que andava nas calçadas da cidade, cabeça baixa, mãos no bolso e capuz sobre a cabeça, uma criança que não aparentava ter mais que 6 anos de idade e andava pela rua sem medo algum, ela não temia ninguém e sabia que quem deveria temer quem, era os que entrassem em sua frente.

Chegando perto de seu destino, ela para e levanta a cabeça, uma mecha de cabelo azul escapa do capuz, mas a figura ignora e olha para o céu que, mesmo com todas as luzes da cidade grande tentando atrapalhar a visibilidade, estava estrelado, a imagem das estrelas faz um pequeno e raro sorriso nascer em seu rosto, um repuxar de canto, mas era mais que necessário para prender a atenção de quem o visse, isso, é claro, se seus longos cabelos azuis não fizessem o trabalho.

   A figura, agora se revelando uma garota, volta a andar a passos firmes e decididos, seus ouvidos atentos ouvindo qualquer som de diferente, os sons da cidade a irritava, buzinas, pneu arrastando no chão, fumaça, gritos de pessoas brigando, tudo a irritava.

Um estrondo alto a faz se encolher e instintivamente a criança se joga no chão, um tiro, dois tiros, e então todo o barulho da cidade some por alguns segundos, deixando um zumbido irritante no ouvido da garota que se levanta num salto, se pondo a correr o mais rápido possível. Casa, ela precisava chegar até a sua casa, encontrar seu pai e sua irmãzinha.

Ela não havia percebido que o som do tiro havia vindo da mesma direção para qual ela corria desesperadamente...

  Ela só percebe isso quando ja está de frente para a sua casa e vê duas figuras, uma no chão, morta, e a segunda em pé, mão no ouvido e falava alto com tom irritado e nervoso.

—Ele me atacou! Eu não tive escolha, céus Dix, eu matei ele, o que faço?! Você fala assim como se eu...PORRA! – O homem pula no lugar ao notar a pequena figura a alguns metros de distância que encarava o corpo imóvel no chão. Aquele era seu pai, ou a carcaça dele.

—Achei a garota...mande reforços! – A voz tensa do homem treme enquanto observa as duas esferas azuis que emcaram o corpo sangrento no chão.

—Pai...–Sussura a garota, começando a andar em sua direção, o agente pula, levantando a arma e apontando para ela.

—Não se mecha, não dê mais um passo ou eu...

—PAI!–Grita e se lança sobre o corpo, o cobrindo com o seu e o chacoalhando, deseperada. —Acorda, acorda, acorda! Por favor, pai, papai, por favor!–Seus olhos ardem e lágrimas rolam pelos olhos da criança que se agarra ao pai, soluçando alto.  Stvan, o agente, abaixa a arma, abismado, haviam lhe falado que a criança não tinha sentimentos, que era errada, perigosa, mas não era isso que parecia, estava longe disso, seus olhos estavam assustados, muito assustados, suas pequenas mãos, agora cobertas de sangue, tremiam compulsivamente, soluços rasgavam a garganta da garota de forma que fazia o coração do soldado apertar.

—Monstro...–Sussura, para depois encarar o homem, arreganhando os dentes para ele —VOCÊ É UM MOSNTRO, ELE ERA MEU PAPAI! ELE ERA BOM! ELE NÃO FEZ NADA DE ERRADO! – Grita histérica, seus olhos antes azuis agora estavam pretos e brilhavam com seu medo, puro medo, pela primeira vez de verdade ela sentia isso.

—O que eu fiz...?–Arfa negando com a cabeça. —Me perdoe, eu não queria. Minha primeira missão, ele atacou, eu so, eu, me desculpe por favor! – Arranca o ponto de sua orelha, o jogando longe em seguida, arfando alto em busca de ar, ele era um monstro, havia matado um pai de família amoroso, que fazia de tudo pelas crias, que as amava e cuidava, havia tirado isso daquele garotinha que olhava para ele como se ele fosse o próprio diabo, talvez nem o diabo fizesse isso...

—Fuja!–Manda e a menina o olha surpresa. –Você precisa fugir, eles estão vindo para te prender, fuja agora!– Fala rápido apontando para ela enquanto levava o cabo de sua arma em direção a sua boca, ele soluçava, se sentindo culpado.

A garota hesita por um segundo, até lembrar que não estava sozinha, sua irmã! Ela corre, pula os degraus da casa e empurra a porta com toda sua força, um pequeno choro se ouvia la de dentro o que fez ela correr em sua direção e o homem se encolher, chorando mais forte, eram duas, duas crianças que o homem morto havia defendido com sua vida, dando-a por elas.

Quando chega no quarto de sua irmã um estouro é ouvido do lado de fora, ela ignora, pega sua irmã chorosa nos braços, a tirando do berço que ficava em seu quarto, a arruma sobre um braço ja acostumada a fazer isso, corre e pega uma bolsa que estava debaixo da cama, ela não olha para trás quando corre, descendo os degraus, passando pela sala, saindo porta afora e pulando os dois cadávers no chão sujo, seus sapatos fazendo "splahs" quando ela pisa no sangue de ambos.

—Suzane...–Sussura agarrada em sua irmã que berrava ainda assustada pelos tiros, só ela ouvia seus gritos, ninguém mais, assim como ninguém as via ou escutava, estavam invisíveis. —Meu nome é Suzane Rochester e você é Ingrid Rochester, somos irmãs, sou a mais velha e você a caçula, e a partir de agora eu te protejo com minha vida, tudo bem?

Era a quarta vez que Suzane fazia aquela promessa, na primeira vez havia apenas ela e seus pais, na segunda foi quando sua mãe descobriu da gravidez de Ingrid, a terceira foi quando sua mãe se foi, agora era a quarta, quando seu pai também havia ido. Todos seus famíliares faziam ela, mas agora so tinha as duas, Suzane com seus oito anos e Ingrid com apenas alguns meses de vida.

—Suzane, eu sou Suzane...Suzane, Suzane, Suza...


—Suza! Suzane, acorda! –Mãos cutucam seu rosto o que a faz acordar assustada, pulando no lugar.

—Mas, o quê...? – Boceja e balança a cabeça, se reorientando.

—Estava falando dormindo de novo!–Ingrid fala e se joga do seu lado, observando o rosto da mais velha. —Foi algum pesadelo? – Pergunta a de onze anos. A de dezessete boceja de novo, a puxando para seus braços em um abraço desajeitado e concorda com a cabeça depois de dar um pequeno beijo na cabeleira rosa da irmã.

—Tipo isso, não foi nada demais. Está com fome? – Pergunta dando uma olhada no relógio sobre a mesinha do lado da cama que marcava 6:27 Am, o horário certo que elas acordavam quase sempre.

—Morrendo de fome! – Dramatiza colocando a mão sobre a testa e fingindo desfalecer, a de cabelos azuis ri, bagunçando o cabelo da menor e se levantando.

—Então vamos tomar um banho e escovar esses dentes, estou sentindo esse fedor!

—O fedor é da sua boca que você abriu!–Ri alto, mas logo esta gargalhando quando é pega no colo e rodada pelo quarto enquanto suas costelas são atacadas com cosquinhas.

—Repete sua baixinha, versão miniatura dos smurfs, sua anã de jardim rebaixada, repete vai, quero ver conseguir!–Gritava Suzane enquanto rodava pelo quarto, as risadas de sua irmã faziam seu peito aquecer e sua mente esquecer do pesadelo que lhe seguia desde os seu quase 6 anos de idade.

—Para, para, para Suzane, vou fazer xixi nas calças! Paraaaaa aaaah vou morrer, socorro, louca das casquinhas, irmã assasina, irmã assasina!– Gritava a menor, Suza so para quando a vê ficando extremamente vermelha, faz sua irmã enrolar as pernas em torno de sua cintura e a encara numa falsa expressão séria.

—Hálito!–Manda e Ingrid prontamente faz um "Ar" perto de seu nariz, que enruga. —Com certeza é você! Dentes mocinha, ou arranco todos eles e não lhe pago por nenhum!– Ri baixo enquanto andava para o banheiro ainda carregando a irmã que a olha com os olhos semicerrados.

—Meus dentes valem 5 pratas cada um, beleza?!– Aponta antes de saltar do colo da irmã.

—So se estiverem limpinhos, se não estarem, a fada do dente aqui não te paga nada,  smurfet rosa!

Ingrid, ja com a boca cheia de pasta e espuma, da a língua para a irmã, que ignorando o quão infantil ia parecer, bota a língua para fora e imita o gesto da irmã, que ri alto.


















Prólogo:1431 palavras.

Sem revisão
Sujeito a mudanças
Publicado dia 14/08/21

A Garota de Cabelo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora