Oficina

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S. MILLER-STARK

Pisco lentamente enquanto solto um longo bocejo, uma risada leve faz com que eu preste atenção a minha frente, duas pessoas estão me encarando de cima.

— Veja como ela é linda! – Diz a mulher, foco meus olhos nela.

E esperta! Ela é atenta a tudo. – Responde o homem, pegando minha atenção para si. Ele se inclina para mais perto, sorrindo largamente. — Oi, meu amor.

Um carinho em mim me faz voltar a olhar para a mulher, um arrepio então me faz estremecer e vários flashes invadem minha mente de uma vez. E então, sei tudo sobre ela.
  Outro toque, vários flashes, e então, sei tudo sobre o homem também.

Universo. Joias. Planeta. Pessoas. Amor. Familia. Morte.

Engasgo, soltando o berro mais alto que posso e entre as lágrimas consigo ver o rosto franzido em preocupação dos dois. Sou pega e aconchegada contra um corpo quente que me embala.

Shii, tudo bem, meu amor, você está bem. Papai está aqui, papai não vai deixar nada de mal acontecer contigo, papai promete.

O embalo e a voz calma me fazem relaxar e paro de chorar aos poucos, soltando pequenos soluços enquanto observo os dois, me sinto calma no meio dos dois, que me embalam juntos. A mulher sorri com o homem para mim, testa com testa, lágrimas nos olhos.

— Suzane...– Murmura baixinho e passa o nariz sobre meu rosto, fazendo cócegas, solto uma risada baixa. — Nossa Suzane.

— Nossa garotinha.

Engasgo e me levanto no automático, puxando o ar entre os dentes com dificuldade. A memória ainda martelando minha cabeça. Solto um gemido cansado e massageio minha testa que está pulsando com dor.

— Que horas são? – Pergunto para Estrela em um resmungo, a dor de cabeça começa a sumir enquanto vou acordando.

— São 2:30 da manhã, senhora. – Responde outro alguém que não é Estrela, Jarvis. Resmungo e me viro, ficando sentada na lateral da cama, os pés gelados encostados no tapete felpudo, as cortinas foram abertas pela IA e a madrugada do lado de fora agora era visível para mim.

Estrela? – Chamo, sem respostas. Nessa correria eu não tive tempo de verificar como ela estava, deve ter quebrado. Suspiro longamente e levo as mãos as orelhas, onde procuro o micro-dispositivo que implantei em mim mesma a alguns anos atrás, quando os encontro não demora muito e logo tenho os dois em mãos, os deixo de lado e então começo a passar os dedos sobre a nuca, achando sem muita demora a pequena caixa de ligação que também implantei em mim, a tiro e sibilo com a dor de ter ela desconectada. Pelo menos não doi mais do que implantar, isso é literalmente conectado com o meu cérebro, eu poderia ter morrido quando implantei tudo isso em mim, mas sou inteligente demais para isso, e além de uma dor desgraçada, não tive qualquer outro dano na hora de implantar eles. Ponto pra mim.

— Jarvis, posso usar a oficina do Stark? – Pergunto quando tenho os três dispositivos apertados na minha mão direita.

— O senhor Stark não deu ordens de não usá-la.  – É o suficiente. Saio da cama com os objetos em mãos, não troco de roupa, ficando com a minha camisa social larga e o short curto de academia que comecei a usar como pijama.  Saio pelo corredor, soltando um bocejo leve, mas andando rapidamente, desço as escadas e meus olhos se fixam no piano que o Stark tem na sala, meus dedos chega coçam para que eu vá e toque alguma coisa, mas passo pela obra de arte que é o instrumento e sigo para a escada que leva para a oficina. Franzo a testa quando dos degraus consigo ver a luz vindo debaixo, estralo a língua e termino de descer, não me surpreendendo ao ver o Stark trabalhando em mais um de seus brinquedinhos.

A Garota de Cabelo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora