Enlaçada pelo Desejo

Cap. 16

Quando eu cheguei ao hospital, acredito que quem precisava de atendimento seria eu. Não parecia alguém ali que iria visitar um parente, eu estava pra lá do que pode ser considerado "estado de choque". A moça que veio conosco no carro, que eu já havia me esquecido do nome novamente, me contou que nessa madrugada meu tio estava muito agitado, e desejava me ver incondionalmente, porém informou que estaria lá no dia de visita. Logicamente que eu indaguei mil vezes o motivo dela não ter nos procurado imediatamente, sei bem que fui muito grossa com a moça que estava sendo até bem gentil, mas como ela iria nos comunicar já que estávamos nos divertindo em uma festa de casamento, enquanto meu tio estava quase morrendo. Ela continuou dizendo que quando a noite foi se adentrando aconteceu dele ter uma parada cardíaca, mas pela graça de Deus e a ajuda dos médicos que conseguiram reanimá-lo ele ainda esta com vida. Mas o seu caso é gravíssimo. E como tio Pietro era muito conhecido na região, ela decidiu ir até a fazenda avisar do estado grave. Nessa hora eu deixei meu orgulho de lado e me desculpei, afinal ela poderia muito bem ir pra casa depois de um plantão cansativo.

Ainda me lembrava do percurso até o seu quarto, e sem me importar com qualquer tipo de identificação corri para o seu encontro. Ao abrir a porta do seu quarto o avistei. Lá estava ele, mas magro, mas pálido e pelo que me lembrava com muito mais aparelhos em sua volta.

Me aproximei lentamente até a maca ao qual ele estava deitado. Casa passo meu coração batia mais forte. Parei de respirar por alguns momentos. O silencio do quarto só era quebrado pelos sons dos aparelhos. Olho para o que Monitor Cardíaco, e vejo que o coração do meu tio bate lento e fraco.

- Tio, - disse choramingando, mas tentando disfarças – demorei mais cheguei!

Segundos intermináveis. Movimentos quase imperceptíveis. Meu tio parece que fazia uma força surreal para poder responder as minhas suplicas. Meus dedos percorriam suavemente sua testa e seus cabelos grisalhos. Sussurrava que eu estava ali como ele tinha me pedido. Via suas pálpebras tremulares. Ele esta me ouvindo. Graças a Deus. – Estou aqui, tio! – digo tão baixinho que não seu se ele é capaz de ouvir.

Ele abriu os olhos com dificuldade, sua respiração era curta. Levou a mão para poder tirar o mascara de oxigênio e eu tentei impedir. Mas ele queria me falar algo e disse que  retiraria rapidamente para não prejudicar sua saúde

- Escute-me... – e eu estava escutando atentamente – quero que me perdoe pelo que fiz... - sua voz era cada vez, mas baixa.

- Tio, por favor, isso não é hora. Ainda teremos muito que conversar – as lagrimas não cessaram – Que tal descansar um pouco? – disse voltando a colocar a mascara em seu rosto, mas ele me impediu com uma das mãos

- O Bradley...

- Sim pai, estou aqui. – Não tinha percebido a presença dele atrás de mim. Mas quando me virei notei que ele estava assustando com a situação.

- Eu preciso contar algo a você querida, antes que eu morra. – engolia seco, e dessa vez não questionei para que ele silenciasse, pois percebia que poderíamos não ter mais nenhuma conversa. Engoli o meu orgulho e me calei, esperando para ouvir. – Você Patrícia, é meu anjinho – os dedos de sua mão tocaram meu rosto, e me emocionava mais com o afeto que meu tio me dava – mas eu quero pedir para que você não se envolva com ele – o olhar do meu tio desviou para Bradley, e essa já era a segunda vez que ele demonstrava que não aprovava, mesmo sem saber de qualquer coisa. Assim eu deduzia.

- Tudo bem tio, eu prometo ao senhor. Agora já pode descansar. - Eu não queria dar pano pra manga e ficar questionando meu tio quanto a isso.

- Você não esta me entendendo minha querida – Tio Pietro tossia e era nítida a sua falta de ar. – vocês não podem ter qualquer tipo...