Enlaçada pelo Desejo

Parte 08

Sábado

Hoje não consegui pregar o olho, pensando em mil coisas, tudo ao mesmo tempo. Já tem uma semana que estou aqui, e não me sinto nada a vontade. Ainda mais depois das coisas que o Bradley falou pra mim. Ando evitando encontrar com ele pela casa nesses dias. Só levanto da cama depois que vejo pela brecha da janela ele saindo bem cedo. Sei lá pra onde. Almoço correndo e dou um jeito de sair da casa, ou me trancar no quarto. Mas muita das vezes ele não vem pra almoçar.

Jack me recusa a me levar no hospital, mas sempre está me dando notícias positivas. Se não fosse por ele estaria completamente perdida nessa casa. Mas ele tem sido um amor desde sempre.

 Joseph já está de partida novamente parra a França daqui alguns dias, o que eu por um lado acho muito bom. Ele passa o tempo todo atrás de mim, conversando. Esse não é o lado ruim, é que eu não me sinto nada a vontade com ele fazendo isso, já que não é como Jack. Ele parece querer tirar proveito sei lá do que. Ah é uma situação estranha. Todo final de frase ele tem que dar uma piscadinha pra mim, finjo não entender.

Matthew ainda é um menino encantador, tenho absoluta certeza de quando crescer será igual Jack, um amor. Sempre que pode está perguntando se eu estou bem, se preciso de alguma coisa. Tão lindo. Acho que se eu pedir um pedacinho da lua ele daria um jeito de ir buscar. Detalhe: Pessoalmente. Está querendo sempre me agradar.

 Agora Bradley.

Só de pensar em seu nome me causa calafrios.

Esse está perturbando o meu juízo. Senhor! se não fosse pelo meu tio juro que já teria ido embora, pois é muita tentação ver ele andando de um lado pro outro da casa. Sem contar as vezes que ele está sem camisa, e eu tenho a visão do corpo mais escultural minha mente se recorda. Aqueles músculos perfeitamente definidos. Quando ele chega sei lá de onde todo suado, com as botas sujas de lama. Toda vez que passa por mim e me olha eu sinto meu estômago roncar, minhas pernas estremecer, minhas mãos suarem. E tudo que eu sei fazer é mordo o lábio em sinal de nervosismo. Ontem estava no quintal jogando basebol com Matt, e ele chegou em um horário que não costumava aparecer. Lá estava ele da janela me observando, sinto meu rosto queimar e sei que estou vermelha. Acho que ele sorriu pra mim, não tenho certeza, mas eu mesmo assim sorri de volta e acenei com a mão. Seu rosto ficou sério. Ele me cumprimentou daquela forma de ajeitar o chapéu e logo foi pra dentro de casa.

Quem diria que eu ficaria de queixo caído por um homem que tem lamas nos sapatos.

Bem diferente de Rafael, que sempre está andando de terno e gravata, impecavelmente passados, de gel no cabelo e tudo mais. Por falar em Rafael tentei conversar mais umas duas vezes com ele, mas sinceramente não vou ligar mais, a Patrícia boazinha que ele conheceu irá desaparecer pro resto da vida dele. Claro que eu não terminei nada pelo telefone, isso não é nada agradável. Não gostaria que fizessem isso comigo.  Mas realmente não dá mais pra conviver com alguém que está me deixando na flor da pele vinte e quatro horas.

Todas essas lembranças me vêem a mente enquanto eu fito o teto de madeira. Está tão quente hoje. Desci até a cozinha para tomar um copo de água. Desço as escadas ainda na escuridão da madrugada. Ao passar pela sala, vi de relance a penumbra de um homem deitado no sofá. Lá estava Bradley dormindo. Parei por um instante e fiquei pensando o porquê ele estava ali dormindo, mas sigo em frente até a cozinha sem fazer nenhum barulho. Assim que abri a geladeira e peguei uma garrafa de água, sem querer acabei fazendo o maior barulho pegando um copo no escorredor da pia. Enchi o copo, guardei a garrafa e fechei a geladeira, assim que me virei, Bradley estava em pé na minha frente. Chegou que eu não tinha percebido. Parado ali feito uma assombração. Levei um susto e me engasguei com a água que estava tomando.