Cartas de Amor

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Só queria dizer uma coisa: EU CHOREI FAZENDO ISSO!

Boa leitura...

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Dizem que as surpresas são sensações exuberantes, por mais que não sejam das melhores. O coração salta em emoção e falta sair pela boca dependendo da grandiosidade do ato e, naquela ocasião, não seria apenas ele que sairia do corpo, mas também a alma e todo o resto.

Eles estavam ali, um diante do outro, com suas famílias em admiração, pensando em como fugir do constrangimento que apenas eles sentiam. Era irrefutável todos os tipos de tensão que seus olhares transmitiam; as respirações mais do que descompassadas e a afeição que tinham um pelos lábios do outro.

- Pedro... – a voz da jovem saiu em forma de suspiro.

- Teresa... – nem ele sabia como ainda conseguira vociferar alguma coisa.

- Vocês... já se conhecem? – Dona Leopoldina não pôde conter sua ânsia, assim como todos os outros presentes que também se surpreenderam com a ligação do casal.

- Sí/Non! – era cientificamente comprovado que, naquele momento, Teresa desejou o breve falecimento de Pedro. Como ele pode estar afirmando?

- Vá bene! Nos conhecemos em um baile, mas solo nos cumprimentamos, non é vero?

- Humm? Ah sí! Não conheço a senhorita Bourbon tão bem assim! – Ela iria mata-lo, mas não sem antes dizer que ele era uma graça tentando mentir, algo que jamais conseguira.

- Que maravilha! Bem, acho que agora é a hora perfeita para ambos se conhecerem bem... – a última palavra na voz de Dona Maria Isabel saiu arrastada, fazendo menção à fala do herdeiro de Calábria. – Por que não dançam um pouco, an?

- Sí! Aproveitem e vejam se coisas em comum existem entre vocês! – as mães não poderiam ter sido mais provocativas, contudo não as culpariam, não faziam ideia do tanto que aqueles jovens tinham em comum.

Eles não desgrudaram os olhares durante aquela breve conversa na mesa dos nobres Zaragoza e, por insistência das matriarcas, dirigiram-se até o centro do grande salão de festas do restaurante, onde outros casais já faziam suas participações. Os indivíduos ao redor miravam os futuros duques, alguns até com ar de inveja por ambos serem ótimos pretendentes. O mais lindo nobre italiano, educado tal qual um lorde britânico, e a bela italiana de cabelos de ébano e sangue espanhol, que chamava a atenção dos cavalheiros por onde seu perfume impregnasse.

Logo se deram conta de que já estavam na pista e que a nova música iria começar. Viraram-se de frente, mas não conseguiram mirar suas orbes. Era a vergonha e o medo atacando novamente. Pedro pôs sua grande mão pela cintura curta de Teresa, que por sua vez levou a mão esquerda até o ombro do rapaz. Eles suspiraram com aqueles toques, sempre era estranhamente bom sentir a pele do outro sobre a sua, como se aquilo significasse um lar, tão aconchegante quanto um jardim de flores laranjas que passavam todo um ano retratando a amada primavera. A valsa foi iniciada e com ela, a movimentação dos corpos e a sensação quente que passavam um para o outro.

- Teresa, eu...

- Per favore, Pedro! É melhor que não haja explicações. – os olhos azuis do moço caíram sobre a figura da jovem a sua frente e ela sentiu isso. – Creio que seja prudente que deixemos este assun...

- Não! – a voz saiu um pouco elevada, mas nada que tivesse sido alarmante, e chamou a atenção da italiana para ele. – Desta vez, seremos os adultos e os nobres que fomos criados para ser, mas não estou falando deste maldito titulo a qual fomos fadados. Falo da nobreza de alma. – ele apertou mais a cintura da moça e a puxou para mais perto, tanto que as pernas de Teresa vacilaram. – Io tive meus motivos, e acredite, não foram porque não confiava em você. Ao contrário, cara Teresa... – ela se derretia quando ele a chamava daquele jeito. Pedro se aproximou do ouvido dela e prosseguiu. – ...você é a pessoa em quem mais confiou.

Camélias de Amélia - PEDRESAOnde histórias criam vida. Descubra agora