Enfrentando todos os demônios

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Blay fez sua mágica e marcou uma hora para mim com um psiquiatra muito bem conceituado para o dia seguinte.

Voltei da consulta sentindo-me melhor do que há muito tempo. O buraco em meu coração ainda estava ali, e ainda doía, mas só a liberdade de falar com alguém me fazia bem.

Entrei no hall, com os olhos evitando o banco estofado — havia algumas coisas para as quais eu ainda não estava preparada. Embora eu me sentisse melhor, sabia que havia muito a fazer no que dizia respeito a meus atos com relação a Mi.

Joguei minhas chaves na bancada da cozinha. Hannah estava sentada à mesa, falando ao telefone.

— Tenho reserva para um voo depois de amanhã — disse ela. Ela devia estar falando com Christine.

Ela levantou a cabeça quando entrei e piscou para mim. Fui até a geladeira e peguei uma garrafa de água. Não bebia uma gota de álcool havia quase 24 horas e, embora minha cabeça ainda doesse tremendamente, minha visão e mente estavam mais afiadas.

Hannah devia querer privacidade, pensei, então fiz menção de sair da cozinha, mas ela acenou para que eu ficasse.

— Quando chegar em casa, ficarei com o turno da noite e a troca de fraldas por uma semana? — perguntou ela.

Mas que droga. Detestava que meu comportamento tivesse afastado Hannah de seu filho.

— É claro, amor — assentiu ela, rindo. — Assim que souber como produzir leite.

O tom íntimo de sua voz me deixou pouco à vontade. Pensei em sair e esperar por ela na sala, mas sabia que a conversa estava quase encerrada.

— Dê um beijo da mamãe no meu garotão. — Seus lábios se curvaram num sorriso.  — Eu também te amo — falou ela, e desligou com um suspiro.

— Desculpe — murmurei, recostando-me na bancada. — Christine deve me odiar.

— Ela disse para temer por minha própria vida se eu não voltar para casa logo.

Sentei-me à mesa.

— Isso não é esquisito?

— Esquisito?

Pensei na questão óbvia.

— Que sua submissa fale com você desse jeito.

— Ela não é minha submissa 24 horas por dia, sete dias na semana.

Dei de ombros.

— Só pensei que pareceu estranho.

— Porque você ainda não fez isso.

— Talvez.

Ela ergueu uma sobrancelha.

— Está pronta para isso? Podemos ter esta conversa, se você achar que dá.

— Que conversa?

— Sou uma eterna otimista e meu pensamento é sempre positivo. Mesmo que você e Mi nunca fiquem juntas, talvez um dia você vá encontrar outra pessoa.

— Mas que merda, Hannah. — Passei os dedos pelo cabelo. — Nem consigo pensar nisso agora.

— Talvez não. Mas se você estivesse preparada, podia ter feito as coisas de um jeito diferente com Mi.

— Não imagino ficar com outra além de Mi e não acho que ela vá me aceitar de volta.

— Você disse que ela amava você. Se for verdade, talvez ela lhe dê uma segunda chance.

Doía demais ter esperanças. Permitir a mim mesma pensar que um dia seria possível acertar as coisas com Mi. Que seria possível ela conversar comigo. Ora, a essa altura, eu ficaria feliz se um dia ela só olhasse para mim. É claro que teríamos de estar no mesmo ambiente para que isto acontecesse e isso não me pareceu provável.

A Dominatrix - Pansmione | Parte 2/3Onde histórias criam vida. Descubra agora