Primeiro uma frigideira e chocolate, depois uma conversa

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Começando mais uma. Essa já está terminada.

Aviso: gatilhos relacionados a violência doméstica. Pessoas sensíveis não leia.

[...]

Medo era o que lhe definia naquele momento, na realidade ele estava nervoso, muito ansioso e diria até que sua barriguinha estava lhe mandando ir embora. Ele também estava com vontade de voltar para sua cama e passar mais um sábado enfiado entre os lençóis quentinhos, em meio a muita série e comidinhas nada saudáveis feitas especialmente por seu vizinho babão que dizia que ele precisava engordar e nada melhor do que comer uma porcaria aqui e ali. Mas em vez disso ele estava ali, diante de uma casa de adoção esperando pelo momento em que seria dono de um híbrido.

Aquela não foi uma iniciativa sua e sim de sua irmã mais velha que acreditou que ele precisava sim ter alguém para viver ao seu lado depois de passar tantos anos morando só. Isso porque o Jung era sozinho desde que os pais se separaram e ele decidiu não ficar junto de nenhum dos dois. Naquela época ele já tinha os seus dezenove anos e podia se virar muito bem sem ajuda de ninguém. Sua irmã era casada e tinha sua família, um bebê recém nascido e um marido muito chato. Somando isso junto a ideia de não querer incomodar nenhuma alma viva ele decidiu alugar um apartamento no centro da cidade, fazer faculdade por ali mesmo e arrumar um emprego de meio período. Seus pais também queriam ajudar, eles podiam, aliás, por isso mandavam uma quantia para o mais novo. Por mais que o Jung dissesse que não queria, mensalmente, seu pai e sua mãe mandavam um valor.

Hoje o ruivinho tinha seus exatos vinte e quatro anos, mas, ainda assim, recebia essa ajuda. Não adiantou de nada insistir, muito menos mostrar que tinha como se manter sem aquela quantia. Por mais que ele quisesse devolver o dinheiro, dizer que estava tudo bem, seus pais não lhe ouviam. Tudo isso resultou em uma conta gorda que só se acumulava mês a mês. Foram cinco anos juntando dinheiro e por isso finalmente ele conseguiu comprar um apartamento onde queria. Era grato aos pais e por isso tentava orgulhar os dois da forma como podia. Contudo, o que os deixava mais preocupado era aquela sua mania de ser sozinho. Ninguém nunca viu o Jung com uma namorada ou namorado.

Seus pais eram bem abertos a novas ideias e por isso entendia que, se seu filho fosse homossexual, eles o apoiariam. Não importava se ele namorasse um homem, mulher ou o que quer que fosse, só não queriam mais ele tão sozinho assim. Mediante esse fato, após quilos de insistência, a filha mais velha do casal conseguiu convencer seu irmãozinho a adotar um híbrido. Ao menos teria uma companhia por mais que não houvesse alcunho sentimento de início. Isso porque, Jiwoon, defendia a ideia de que seu irmão acabaria se apaixonando pela beleza do rapaz que ela tinha escolhido para ser seu novo companheiro.

Hoseok não era adepto a ideia de tratar um ser humano como um animal, muito menos de adotar um para os fins que muitos tinham interesse em ter. Naquela sociedade, ter um híbrido, era sinônimo de ter um parceiro sexual ativo – o que era lamentável – ou até mesmo de um ser que era usado como namorado ou namorada. Também eram usados como filhos de casais que não podiam conceber, bem como eram companhia para idosos. Não era isso que o ruivo pensava, queria ou pregava. Quando sua irmã veio com essa ideia ele relutou até o fim. Mas a Jung jogava baixo e só precisou de um chorinho aqui, uma lamentadinha ali para ele ceder e aceitar ir buscar o rapaz na famigerada data que ela tinha dito que ele precisava ir. Ela era bem esperta e já tinha resolvido tudo.

Até tinha jogado na face do irmão que ele se apaixonaria pela beleza do rapaz que ela tinha escolhido e que, mais cedo ou mais tarde, pediria aquele ser digno de ser chamado de outro mundo, em namoro. Claro que o Jung não acreditava nisso, não era seu interesse desde o começo, afinal. A seu ver, era como adotar um companheiro de apartamento um pouco diferente. E como já estava ganhando até bem e ainda tinha ajuda dos pais achava que não seria uma despesa ter o outro em sua vida.

Sobre miados, carinhos, arranhões e um amor de frigideiraOnde histórias criam vida. Descubra agora