Gato apaixonado, humano bobo

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Mais seis dias se passaram exatos trinta e quatro dias com ele...

Taehyung ficou diferente desde que o Jeon foi embora, Hoseok pode reparar que alguma coisa tinha acontecido, mas ele não saberia explicar o que era. Na realidade ele tinha curiosidade sim de saber o que o pantera negra tinha dito a ponto de aniquilar toda e qualquer alegria que estivessem enraizada dentro do ser do Kim até o presente momento. era como se todo o progresso que ele tinha feito com o mais novo caísse por terra e agora eles tinham voltado do começo, um triste e tenso começo que deixava Hoseok desesperado.

E ele não gostou nada daquilo.  Era como se estivesse lhe agredindo por dentro.

Teria uma conversa séria com Jeon JungKook depois. Com certeza teria.

O híbrido pareceu ter perdido o seu apetite, aquela fome linda que ele tinha e que deixava o humano muito feliz foi embora. Ele não queria sair do seu quarto para nada, mal tocava no que lhe era servido quando comia ainda deixava um pouco no prato. Se desculpava pelo desperdício e até pedia que o humano guardasse as sobras, que ele comeria depois e não precisava fazer uma nova refeição para ele. Aquilo deixava o ruivo em pânico, isso porque o que o Kim comia e uma refeição, agora ele começava a dividir para três.

A barriguinha saliente que Hoseok adorava sumiu. Ele estava emagrecendo como antes e nem parecia mais o mesmo Taehyung de dias atrás.

Ele também não dava muita atenção aos seus doces prediletos, nem as balinhas de ursinho que tanto adorava. O Jung comprou em vão vários tipos de guloseimas diferentes e até mesmo arriscou a fazer um tipo de doce que não era acostumado a preparar, mas não deu certo – nada animava o Kim –, aliás, ele havia feito em vão já que a geladeira continuava cheia de coisas gostosas e a barriguinha do seu híbrido continuava vazia. O Kim andava pelos cantos da casa, cauda balançando sem vida, orelhinhas baixas. Não elogiava mais o cheiro da comida, não queria mais ficar na sala vendo desenho. Não aceitava doses grandes de suas bebidas prediletas e parecia ainda mais deprimido quando a noite chegava. Ele olhava para o tempo lá fora e seus olhos se perdiam em um local a esmo. Parecia estar adentrando um mundo apenas seu, um de pensamentos estranhos e longes demais.

Antes eles trocavam mais do que simples palavras ou frases quase monossílabas, agora eles mal conversavam e o Jung percebia os olhinhos do Kim brilhar – como quem queria chorar – toda vez que lhe olhava no final do dia, quando ele lhe trazia uma guloseima nova ou quando ele lhe trouxe o Tata de volta – este que estava na lavanderia – ou até mesmo quando lhe comprou mais estrelinhas para o teto e um abaju de pandinha. Gentilezas e mais gentilezas que deixavam o ruivo feliz por fazê-las, mas que causavam ainda mais tristeza no híbrido. Era doloroso demais e Hoseok não estava aguentando.

Ele queria saber o que estava acontecendo, queria entender como ajudar, mas Taehyung não parecia ser daqueles que lhe daria uma abertura. Voltou a se fechar naquele seu mundo onde ninguém podia mais entrar e isso era ruim demais. Ele não queria ter retrocedido, não queria ter precisado sofrer de novo, e de novo... Taehyung e ele estavam tão bem, mas tão bem e agora eram como se fossem dois estranhos dentro de uma casa. E nem a necessidade de solidão que assolava o Jung estava lhe suprindo.

Antes ele se comportava assim com o Kim por não ter costume, agora ele era acostumado até demais com ele e queria a alegria da sua presença em sua vida, queria suas risadas que sempre ecoavam pelo local quando ele via um programa divertido, queria de novo o tom grave da sua voz em meio ao apartamento quando ele queria lhe contar uma coisa boba ou narrar o que tinha ou não gostado na ultima série que viu. Ele queria o jeito doce de sorrir ao brincar com caixas que só o Kim tinha.

Agora ele nem ligava mais para elas, como se as caixas perdessem o total interesse.

Ele queria de novo o jeito lindo como ele comia como se a comida fosse sumir da mesa, a forma dedicada com que lavava a louça ou aspirava a casa como se fosse uma dona do lar. Adorava ver ele lhe ajudando a lavar roupa e até mesmo escolhendo um pijaminha para dormir. Sorrisos e mais sorrisos ao acordar, dengos e mais dengos ao pedir carinho. Tudo isso lhe enchia a alma e lhe aquecia o peito, mas agora não tinha mais nada ali. Somente um vazio intenso e uma sensação de impunidade. Hoseok não sabia como ajudar, mas diferente de antes, ele não ficaria mais parado.

Sobre miados, carinhos, arranhões e um amor de frigideiraOnde histórias criam vida. Descubra agora