Boa leitura
[...]
Seis dias se passaram.
Taehyung acordou muito bem, seus olhos mirando o teto coberto de estrelinhas que o Jung havia colocado ali no dia anterior, elas brilhavam no escuro e faziam com que seu medo do mesmo ficasse um pouco menos, uma consequência dos dias em que passava trancado e sozinho em um cubículo que não lhe permitia nem esticar suas pernas ou se deitar. Naquela época o Kim sentia que estava dentro de uma caixa de sapato como um animal realmente ficaria quando quer brincar, mas no seu caso ele não queria brincar e muito menos aquilo era uma brincadeira. Seus antigos donos eram assim. Cruéis por natureza, uma humana muito pior do que tudo.
Hoseok era diferente deles, era diferente de tudo.
Claro que o Kim quis dizer que não era uma criança de seis anos, mas decidiu permanecer em silêncio enquanto assistia o dono fazer com que seu quarto parecesse um pouco mais agradável do que já era. Tão adorável que lhe deixava um tanto nervoso. O Jung comprou mais roupas para o híbrido, as que ele tinha eram bem gastas e umas rasgadas que não aguentariam passar pelo frio do inverno. Ele também comprou gorros próprios para híbridos, bem como calças, já que as que o Kim usava não lhe permitiam liberdade de movimento. Ele adquiriu sapatos para o rapaz e até mesmo meias bem quentinhas de bichinhos coloridos.
Taehyung não diria, mas sua predileta era uma de patinho.
O dono do Kim também comprou vitaminas por achar que o rapaz estava bem desnutrido, o que não era mentira, seus ossos eram visíveis e isso foi algo que preocupou o Jung. Ele viu brevemente quando o outro estava tirando a roupa – foi por acaso, ele nunca faria isso com o Kim, não invadiria sua privacidade –, aconteceu dele estar na hora errado e no momento errado. Mas isso lhe alarmou demais, Taehyung estava magro ao extremo e precisava se alimentar.
Por isso ele fez de tudo que podia para que ele se alimentasse bem e lhe colocava sempre os maiores pratos de comida em sua mesa. Taehyung ainda se sentia um peru de Natal prestes a ser comido no fim do ano, mas a comida do outro era deliciosa e quando mais ele comia, mais queria. O seu dono não se importava o quanto ele comece e ficava feliz com as mínimas coisas.
Contudo o Kim só lhe presenteava com silêncio.
Esses seis dias que passaram juntos se resumia a isso, Hoseok lia, trabalhava em casa por ser um designer de moda recém formado. Não era bem aquilo que ele queria, mas achou uma área bem legal, ainda mais quando conseguiu soltar um pouco de si mesmo no decorrer dos momentos de vida. HoSeok era um dos que faz os protótipos das roupas. Ele recebe o desenho e faz o primeiro molde da peça no papel, que logo é cortado no tecido e mandado pra plotagem. O resultado desse processo é a primeira peça, que pode servir de modelo pras outras ou ser rasgado e jogado fora, se ficar horroroso. Mas ele também com vitrine, comunicação visual da loja, coordenação de cores e disposição das araras.
Passava muito tempo com seu notebook em mãos, várias revistas e um mundo para navegar.
Enquanto ele trabalhava Taehyung era livre para fazer apenas três coisas simples, comer, dormir e ler. O Jung só saia daquele notebook para se alongar, ler um pouco e cozinhar para o Kim. O mais engraçado – aos olhos de TaeHyung – era que ele não lhe exigia nada, nenhuma palavra. Servia o que o outro precisava e voltava ao trabalho.
Realmente ele era como disse a sua irmã por ligação, sozinho. E mesmo tendo alguém ao seu lado era como se não houvesse ninguém. E isso incomodava e não incomodava o Kim. As vezes ele queria conversar, mas não sabia o que dizer, desde o dia em que chegou tratou de cortar as frases de HoSeok, este que parou de tagarelar e usar apenas frases simples, quase monossílabas para se referir ao Kim. O híbrido se sentia mal, queria pedir desculpas as vezes, mas não conseguia. Dentro de si havia uma barreira enorme que lhe impedia de tentar um pouco mais.
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Sobre miados, carinhos, arranhões e um amor de frigideira
FanfictionOnde Hoseok adotou um hibrido de gato achando que sua vida seria tranquila, mas descobriu que ela seria sim, só que com uma pitadinha de Taezices e de uma frigideira voadora a cada crise de ciúmes do seu menino crescido. E a solidão não vai mais lh...