Chapter 4 - novo detetive.

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20h34

Yeosang estava estático. Não sabia o que pensar ou o que dizer. As informações frescas em sua mente o deixavam confuso.

- O que pretende fazer, senhor? - um dos policiais ousou quebrar o silêncio.

Kang temia dar uma resposta imediata e se arrepender.

Olhou para Wooyoung em busca de alguma confirmação, no entanto, recebeu apenas uma feição preocupada. Entendeu que deveriam conversar antes de qualquer decisão.

- Eu preciso de um tempo, me dê até amanhã de manhã - por fim, se levantou e saiu acompanhado do amigo.

Recebeu a triste notícia que um de seus melhores policiais havia desistido do caso, contudo, foi encontrado morto há poucas horas, depois de sua ligação à delegacia.

Yeosang sabia que teria que assumir a responsabilidade no lugar dele, afinal, era o braço direito de seu chefe e marido. Estava com medo de se sobrecarregar mais que o necessário e que fosse perseguido pela máfia. Já tinha em mente que, possivelmente, estaria na mira dos assassinos, mas se atacaram aquele policial em específico depois de uma carta de demissão era por algum motivo desconhecido por si. Talvez até estivesse envolvido no caso.

Quando fechou a porta atrás de si, suspirou frustrado. Wooyoung se manteve calado o tempo todo até que Yeosang se sentisse confortável para iniciar uma conversa.

- O que você faria no meu lugar? - indagou o loiro, levantando seu olhar para o garoto a sua frente - Perdemos um de nossos melhores membros, perdemos muitos passos que ele possa ter encontrado antes de nos relatar.

- Não é o fim do mundo, Yeosang - se sentou de frente para o amigo - Pense com calma, converse com Seonghwa e a equipe. Se necessário, eu assumo o lugar dele.

- Wooyoung, por que escolheram logo ele? - sua voz falhou por um momento - Pai de família, com filhos pequenos, nunca fez nada a ninguém...

- O que quer dizer?

- Ele deve ter escondido algo importante que comprometeu quem o assassinou, ou você acredita que foi suicídio como disseram?

O silêncio comandou a sala.

O que chegou nas mãos de Yeosang naquela conversa foi que o policial cometeu suicídio na tarde, logo após ligar e enviar sua carta de demissão para a delegacia. A equipe ficou em choque.

O ex delegado sempre foi uma pessoa de coração muito bom e aberto a todos. Acolheu Yeosang durante todo o início de sua carreira de detetive, o ensinou a confiar no próprio pontecial e segurou sua mão quando quase caiu. Kang tinha um carinho enorme pelo homem, o admirava como se fosse seu pai.

Agora teria que seguir com o caso sem seus conhecimentos, sabia que seria mais difícil sem a presença do rapaz. Não sabia o que fazer. Talvez precisasse aumentar a patrulha, mas com quem? Em quem confiaria fora seus amigos, que inclusive já estavam mais que focados nas próprias responsabilidades? Estava sem chão.

Wooyoung o abraçou fortemente, deixou que o amigo chorasse o quanto fosse necessário em seus braços. O odiava ver assim. Sentia seu peito doer como se estivesse preso em milhões de cordas.

Sang poucas vezes demonstrava seus sentimentos, principalmente em público. Tinha medo. Sempre foi uma criança reservada na infância. Quando conheceu Wooyoung, por volta de seus 12 anos, foi como se as cores chegassem ao seu mundo. Jung o libertou. Foi o único que o entendeu sem julgamentos. Sua amizade era uma pedra preciosa para si.

Naquele momento vulnerável, ambos precisavam do apoio um do outro. Tanto Yeosang quanto Wooyoung sabiam que, a partir dali, voltariam muitos passos no caso, levaria mais tempo para recuperar. E estavam dispostos a seguirem juntos.

Mais tarde, os últimos relatos foram adicionados na pasta. Incluindo a morte misteriosa do policial. Yeosang sabia, e queria, uma resposta final antes de acreditar no possível suicídio.

E então, a última sirene foi tocada.

[...]

12h30. Dois dias depois.

Como uma luz no caminho de Jongho, recebeu a ligação da delegacia que havia tentado a vaga de emprego. Lhe chamaram para um pequeno teste prático junto a outro concorrente para, finalmente, conseguir entrar para a equipe de investigadores.

Estava animado e esperançoso, confiava fielmente em seu potencial após muitos anos estudando para a área. Tinha que comparecer às 13h para dar início na "prova".

Como bom pontual que era, Choi saiu mais cedo de casa para que conseguisse chegar com calma no local informado. Nunca havia pisado naquela delegacia, pouco conhecia sobre. Apenas tinha em mente que era muito disputada e, praticamente, uma chance de ouro conseguir entrar lá.

Assim que estacionou na rua oposta do endereço, pôde notar que, de fato, era um ambiente "esnobe". A calçada muito bem cuidada, as paredes com a pintura impecável, junto aos vidros sem um mísero arranhão lhe passavam um ar de superioridade. A construção não era simples, havia inúmeros andares até onde a luz do sol tocava. A logo muito bem colocada exatamente no centro do edifício, brilhando em dourado a ponto de refletir nas casas da frente. Extremamente esnobe.

Ajeitou o terno muito bem contornado em seu corpo, atravessou calmamente a rua e, por fim, empurrou a enorme porta adentrando o lugar, sentindo a brisa fresca do ar condicionado lhe atingir a pele. Se identificou para a recepcionista e se sentou até ser chamado. Notou alguns poucos funcionários naquele andar, julgou que a maioria estivesse em missão no momento.

Enquanto aguardava, recebeu mensagens do irmão perguntando se estava bem e lhe mandando apoio, dizendo que estaria orgulhoso se passasse ou não. Sorriu fraco ao ler e desligou o celular em seguida. Mentiria se dissesse que não estava nervoso, ouviu diversas pessoas falarem o quanto era considerado impossível passar no teste. Diziam que o chefe era extremamente rígido, que muitos se demitiram em menos de um dia quando passaram devido a pressão sofrida, mas San o confortou alegando que era apenas exagero. Acabou confiando em si, porém, ainda estava receoso.

Não conhecia também a equipe de policiais e muito menos os detetives envolvidos no caso "789", todos mantinham tudo em sigilo. Divulgando apenas nomes, mas poucas mídias. O único nome que ouviu falar foi "Yeosang", diziam que era um dos melhores, se não o melhor, detetives da cidade. Guardou muito bem este na cabeça.

13h em ponto, foi chamado por um rapaz de cabelo vermelho e preto, pouco mais alto que si, por volta de 1.80, até sua sala. Observou alguns quadros pelo corredor no trajeto até onde faria seu teste, eram todos conhecidos por si. Viu também certificados, notícias de jornal sobre a delegacia, entre outros. Foi deixado em uma sala maior, de frente para um homem de cabelos pretos. Este que lançou um breve olhar para o rapaz mais alto se retirar da sala.

- Choi Jongho, certo? - confirmou - Vamos começar.

[...]

15h45

Finalmente estava em casa, não demorou muito para retirar toda a roupa pesada que vestia depois de trancar a porta atrás de si. Suspirou aliviado enquanto subia as escadas em busca de San. Sabia que o mesmo estava em casa, apesar de ser sexta-feira.

Adentrou o único cômodo de luz acesa, avistando o outro saindo do banho, trajando seu roupão branco como de costume.

- Choi San, nossa vida acaba de mudar para melhor.

CASO 789 • JONGSANGOnde histórias criam vida. Descubra agora